MOTOR

Picape Ram Classic supera veteranas em espaço e conforto

A 4º geração da Ram 1500 ainda é mais equipada, confortável, rápida e luxuosa.

Em 04/02/2023 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Divulgação/Ram

Modelo de porte grande, mexicana oferece mais motor, espaço e equipamentos sem cobrar muito mais do que S10, Hilux e Amarok.

Mesmo chegando ao mercado nacional 14 depois de ser lançada nos Estados Unidos, a quarta geração da Ram 1500 ainda é mais equipada, confortável, rápida e luxuosa do que as picapes médias que dominam o topo da cadeia do segmento no Brasil.

E mesmo custando R$ 349.990, a 1500 Classic (o sobrenome foi adotado para a distinguir da 1500 Rebel, uma geração à frente) é imbatível na relação custo-benefício diante de uma Toyota Hilux GR-Sport vendida por R$ 352.290 e com uma lista de equipamentos que não inclui porta-objetos sob o assoalho da segunda fileira de bancos, janela traseira com comando elétrico ou aquecimento dos assentos traseiros.

Ou lado a lado com a Volkswagen Amarok Extreme, vendida por R$ 335.500. Embora seja a mais potente das médias com 258 cavalos extraídos do seu 3.0 V6, ainda deve 142 cv para o 5.7 V8 da Classic.

A Chevrolet S10 High Country entrega certa pompa por R$ 325.170, mas não é possível estabelecer um paralelo entre os materiais de acabamento usados nela e os aplicados na Ram Classic, cujos painéis das portas abrigam porta-copos em espuma.

Portanto, foi para atrair clientes que ficavam com as versões de topo das picapes médias simplesmente por não terem opções mais generosas em termos de espaço, conforto e desempenho que a Ram, uma das marcas do grupo Stellantis, lançou a Classic por aqui. De brinde levam dose extra de status.

Malabarismo e força bruta

Forbes Motors rodou quase 1.200 quilômetros com uma Ram Classic Night Edition, que cobra mais R$ 10 mil pelos para-choques na cor do carro e pela pintura preta na grade, nas rodas e nos logotipos.

Primeira quebra de parâmetros em relação às médias vem do espaço interno. Os 2,01 metros de largura permitiram um console central tão largo que o principal porta-objetos (sim, há mais de um) mais parece um armário infantil. Apenas uma manifestação de carinho leva os ocupantes a se encostarem. Na segunda fileira, graças aos 3,57 m de entre-eixos, nem o passageiro do meio pode reclamar que viaja com as pernas apertadas.

A ergonomia tinha tudo para ser perfeita. Além do banco acolhedor e ajustável eletricamente, um raríssimo recurso aproxima ou afasta os pedais do freio e do acelerador, amparando tantos os altos quanto os baixinhos. Mas não é, pois o ajuste de profundidade do volante faz falta e o assento poderia chegar mais perto do assoalho. O seletor de marcha ser um botão giratório tal como e do lado do volume do rádio e dos comandos do ar-condicionado também não é intuitivo.

Mas de modo geral o tratamento dado ao condutor satisfaz. À frente do motorista um painel analógico denuncia a idade da Ram Classic ao mesmo tempo em que confirma que certas coisas funcionam melhor à moda antiga, com mostradores físicos e visor em TFT de 7 polegadas convivendo harmoniosamente. Nenhum computador de bordo de picape média fornece o número de informações – desde horas de funcionamento da marcha lenta a validade do óleo – da Classic.

O que dá medo de espiar ali é o consumo, que não passou de 5,2 km/l. Nada que surpreenda, contudo, pois ninguém sobe numa Ram Classic desavisado sobre os efeitos devastadores do 5.7 V8 de 400 cv e 56,7 kgfm de torque, que cobra alto para empurrar com bastante ânimo um carro de 5,81 m de comprimento e 2,5 toneladas.

Cada acelerada é um cuspe de virilidade – e é isso o que procuram seus proprietários. Desembolsar R$ 480 para encher o tanque de 98 litros (com base no preço médio de R$ 4,90 o litro divulgado pela Petrobras para SP) é a inevitável contrapartida.

Nossa convivência com a picape importada do México se deu predominantemente na cidade, onde uma de suas principais qualidades – o tamanho – em certos momentos vira infortúnio. Dá trabalho encaixá-la em algumas vagas, em outras nem cabe e no shopping temos que lidar com o constrangimento de avançar sobre o território alheio. Mas, se a ideia é se impor no trânsito nada nessa faixa de preço é tão eficiente.

Depois da Classic vêm os modelos 1500 Rebel, 2500 (ambas a partir de R$ 456.990) e 3500, que tem versões de R$ 484.990 a R$ 529.990.

Bola da vez

Dissociada da Dodge e promovida a marca em 2009, a Ram desembarcou no mercado nacional há dez anos. Mas sua presença se tornou mais perceptível apenas no fim de 2020, quando lançou a 1500 Rebel (com certa razão classificada como a “primeira premium muscle truck” do Brasil). Resgatar um modelo relativamente antiquado para o papel de nova porta de entrada da marca foi um movimento ousado e ao mesmo tempo coerente da Ram, pois nunca houve tantos lançamentos em tão diversos subsegmentos embaralhando as clássicas divisões.

“Existe uma discussão muito grande quando se diz respeito a segmento. Como o mercado apresentou diversos novos lançamentos, aumentando as opções e dificultando a utilização de apenas três categorias (pequenas, médias e grandes), ocorreu naturalmente o surgimento de novas opções: médias-compactas e extra-grandes”, analisa Milad Kalume Neto, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da JATO do Brasil Informações Automotivas.

Boa parte dos lançamentos de 2023 corrobora a observação de Kalume Neto. Ford F-150 e Chevrolet Silverado pretendem incomodar o reinado da Ram; Ford Maverick, lançada há um ano, ganhará versão híbrida para se isolar como a mais sofisticada médio-compacta; líder absoluta no seu território, a Fiat Strada receberá motor turbo, o que não deve se repetir na veterana Volkswagen Saveiro, que mesmo após iminente discreta renovação seguirá como coadjuvante.

Até quem não tem tradição em certos segmentos vai se aventurar: imbatível entre as compactas, a Fiat vai peitar Chevrolet S10, Toyota Hilux e a nova Ford Ranger no campo das médias com sua própria versão da Peugeot Landtrek.

Isso porque o consumidor parece cada vez mais interessado em um veículo versátil, confortável, robusto e adornado com aura de jovialidade.

“Nos últimos 20 anos as picapes (todas) vieram aumentando a sua fatia no mercado. De 7,7% em 2003, passando pelo pico de 18,2% em 2021 até fechar 2022 com 16,7% (segundo maior índice). Isso prova que de fato as picapes caíram no gosto do consumidor brasileiro”, complementa Kalume Neto.

Não incomodam os SUVs, mas têm potencial para a vice-liderança do mercado?

“Analisando as curvas de vendas das picapes e dos hatches, existe a possibilidade desta situação acontecer no Brasil por volta de 2028. Entretanto, vejo apenas como uma tendência estatística. O Brasil é tipicamente um país de carros de entrada, que atualmente vendem um pouco menos pois a crise dos semicondutores direciona a produção para veículos com valor agregado maior”, conclui o analista. (Por Rodrigo Mora, Forbes Motors)

Leia também:

Ferrari tem lucro recorde de quase 1 bilhão de euros em 2022
Nova York vai passar a exigir carros elétricos na Uber em 2030
Audi mostra carro elétrico que vira picape ao toque de um botão
BMW bate 3º recorde consecutivo em vendas de moto no Brasil
Híbrido, Novo Chevrolet Corvette E-Ray tem 664 cavalos
Linha 2023 do Polo GTS tem faróis Matrix e couro até no painel
Rolls-Royce cresce em 2022 e bate novo recorde de vendas
Audi garante que abandonará carro a combustão a partir de 2033
Anfavea comenta após segundo pior mês de vendas em 2021
Chips: Renault deve produzir 300 mil veículos a menos em 2021
Reuso: Reciclar e consertar, os desafios do setor automotivo
 

TAGS:
RAM | GERAÇÃO 4 | 1500 | CONFORTO | LUXO