MOTOR

2ª geração do Audi R8 ganha motor mais potente e faróis a laser.

Preço de R$ 1,17 milhão equivale a 1,2 mil salários mínimos.

Em 14/06/2017 Referência JCC

Dirigir uma dupla de esportivos de 605 cavalos em um autódromo e achar que estes são carros normais. Isso pode acontecer caso o motorista não seja apaixonado por carros ou seja simplesmente um insensível. Uma outra explicação, a verdadeira neste caso, é a de ter dirigido o Audi R8 minutos antes.

Para citar nomes, os dois personagens de 605 cv desta história são os novos Audi RS 7 e RS 6. É óbvio que os dois RS mais potentes à venda no Brasil não são veículos comuns e encantam ao volante. O problema é que o R8 encanta muito mais.

A “magia” começa ao dar a partida no motor. O alemão faz parte do seletíssimo grupo de automóveis que ainda carregam um motor V10. No Brasil, o único outro representante deste clube é o Lamborghini Huracán, que também divide a plataforma com o R8.

No R8, não há qualquer auxílio de turbo ou compressores. O motor de aspiração natural fica em posição central-traseira, ou seja, entre o banco do motorista e as rodas traseiras.

Ele desenvolve 610 cv e 57,1 kgfm, despejados nas quatro rodas. A tração quattro chega com uma novidade. Agora, ela é capaz de enviar toda a força para um eixo específico.

A Audi afirma que o R8 de segunda geração foi desenvolvido “do zero”. Seu chassi mistura materiais leves, como alumínio e fibra de carbono. Isso contribui para que o peso final fique em 1.580 kg (pouco mais que um Jeep Compass), ou 50 kg menos do que a geração anterior. Por outro lado, há 40% mais rigidez torcional.

  (Foto: Arte/G1)

Pequena fortuna

O R8 à venda no Brasil é da versão mais cara, potente e completa: V10 plus (com letras minúsculas mesmo). É o único modelo da Audi no mercado brasileiro com preço na casa dos 7 dígitos. Sem considerar opcionais, ele custa R$ 1.170.990.

A conta pode ficar um pouco mais alta ao adicionar bancos estilo concha por R$ 16 mil, costuras de outra cor por mais R$ 7 mil e a cor especial “Azul Arara” por R$ 13 mil.

Com todos os itens opcionais, a etiqueta do preço chega a R$ 1.206.990, ou o equivalente a 1.288 salários mínimos.

De laser a som ‘turbinado’

Por esta bagatela, os itens de série são abundantes, entre eles ar-condicionado digital, acesso e partida sem a necessidade de chave nas mãos, 6 airbags e bancos com aquecimento.

Além dos itens básicos, há outros que mostram o outro patamar do R8: acabamento do teto em tecido Alcantara, freios de cerâmica, suspensão com ajustes magnéticos e faróis com facho alto a laser.

O sistema de som é de alta definição, fornecido pela dinamarquesa Bang & Olufsen. Mas a melhor pedida é nem ligar o rádio, e se deixar levar pelo som do motor.

Som do motor

Falando na “sinfonia”, a posição do motor é favorável para quem curte o ronco do V10. Apesar do bom isolamento acústico da cabine, não dá para deixar de ouvir os “estouros” secos do motor nas reduções de marcha, principalmente no modo mais esportivo.

Foi nesta condição que o G1 deu algumas voltas com o R8 em um autódromo no interior de São Paulo. E não é exagero dizer que RS 6 e RS 7 parecem carros comuns depois de dirigir o superesportivo.

'Pack' corrida

Tudo no R8 está um passo adiante em esportividade. A posição de dirigir é praticamente grudada no chão – você quase sente qualquer pedrinha no asfalto. A direção é extremamente precisa, e joga o carro exatamente para onde o motorista aponta.

O volante também vale uma menção. A peça tem a base plana, e além da ótima "pegada", tem um visual atraente.

Completando o “pacote” de carro de corrida, os pedais respondem de forma mais sensível do que em outros carros da Audi.

E claro, se um carro tem grande potencial para acelerar, deve ter a mesma capacidade para frear. E é isso que os freios de cerâmica entregam – uma enorme sensação de segurança.

A impressão foi reforçada no comportamento do carro em curvas. Mesmo abusando um pouco no acelerador, e com a pista molhada, o R8 não “cansa” o motorista, fazendo com que ele tenha que corrigir a trajetória a todo momento. No modo avaliado, os controles eletrônicos são permissivos.

Vale a pena?

Até aqui, ficou mais do que provado que o R8 é um excelente esportivo. Mas ele não é o único supercarro nesta faixa de preço no mercado brasileiro. O Audi possui dois grandes rivais: o Porsche 911 e o Nissan GT-R.

O concorrente alemão fica mais próximo em tecnologia e traz uma série de aparatos para chegar a 100 km/h em apenas 3 segundos. Além disso, o 911 é tão conectado quanto o R8. A diferença de preço é considerável. Por R$ 997 mil, o Porsche é R$ 174 mil "mais em conta".

O rival japonês é ainda "mais barato": R$ 900 mil. Com a diferença de R$ 271 mil, é quase possível comprar um Audi TT Roadster (R$ 278 mil). Por outro lado, o GT-R fica devendo em itens de conforto e tecnologia.

Conclusão

O R8 é capaz de fazer com que um motorista comum se sinta um piloto a bordo de um carro de corridas. Mais do que ser o veículo mais caro e potente da Audi, seu papel principal é mostrar do que a fabricante alemã é capaz.

Aqui no Brasil, seu preço elevado na comparação com o Porsche 911 Turbo deve dificultar a escolha dos poucos clientes milionários dispostos a comprar um superesportivo. Até por isso, ver um R8 nas ruas será algo bem raro. Sorte de quem puder.

(Foto: Marcelo Brandt/G1)