CIDADE

Alunos ficam sem ir à escola por falta de transporte público estadual, no ES.

Empresas de ônibus pararam de oferecer serviço em 22 municípios.

Em 25/07/2015 Referência JCC

Alunos de uma escola estadual em Regência, interior de Linhares, região Norte do estado, estão deixando de frequentar a escola por falta de transporte escolar. A cidade só possui uma escola de nível médio, por isso muitos alunos frequentam aulas em outros municípios.

A rotina dos estudantes em Regência começa cedo. Às 5h20 da manhã, eles precisam estar prontos no ponto de ônibus. “Tem que estar porque o ônibus passa 5h30. Se não, a gente fica para trás”, disse um aluno.

Além disso, o percurso para chegar ao colégio é longo. “Mais ou menos uma hora, a gente sai 5h30 e chega às 6h40. Às vezes 6h50, bem próximo do horário da aula mesmo”, contou outra aluna.

Mesmo assim, chegar à escola é bem melhor que ter que retornar para a casa. “A gente perde conteúdo, trabalho, explicação, que não tem como ter retorno depois, porque as coisas são explicadas para todos os alunos, aí é difícil”, disse uma estudante.

Para os estudantes, não há outra forma de chegar à escola, o que torna revoltante a situação. “É uma vergonha para o governo não oferecer um ônibus para nós que somos de longe. Nós acordamos todos os dias cedo, aí no outro dia a gente tenta ir para a escola e não têm ônibus de novo. A semana de provas está chegando e aí fica mais complicado”, disse a estudante Mariana Ruas.

Já fazem três dias que alguns do estudantes de Regência não vão à escola. A média de alunos que precisa do transporte na localidade é de 40 alunos, mas muitos deles já perderam a esperança e nem comparecem mais à pracinha onde se pega o transporte.

É dever do poder público oferecer o transporte para alunos que moram longe da escola. Sem ônibus, moradores estão preocupados com a educação dos filhos.

“A gente está sendo esquecido e o estadual não quer saber. As matérias continuam na escola, e os alunos daqui estão ficam para trás”, disse a presidente da associação dos moradores de Regência, Helenita Teixeira.

“Nós estamos querendo uma resposta, porque a gente liga pra todos os recursos e ninguém dá uma resposta para: o que foi que aconteceu?”, completou o pai de aluno Wilian Oliveira.

O problema não acontece só em Linhares, mas também em outras 21 cidades. Em Itaguaçu, que fica na região Noroeste do estado, mais de 500 estudantes estão há um mês sem ir à escola. Os ônibus não estão circulando, por um impasse entre as empresas e o governo. As empresas querem aumentar o valor pago pelo serviço.

O secretário estadual de educação, Haroldo Rocha, se encontrou com 22 prefeitos das duas regiões para discutir o problema. A reunião ocorreu nesta sexta-feira (24) em Colatina, região Noroeste do estado.

Governo
O secretário estadual de educação, Haroldo Rocha, disse que o impasse se dá devido à crise. “Nós estamos em um ano de crise, de crise grave, de perda de receita, de redução de verba, e não dá para pagar preço acima do normal. Se 56 municípios praticam o preço básico estabelecido, por que 22 querem estar com preço acima?”, questionou Rocha.

Segundo o secretário, existem empresas querendo receber três vezes mais que o valor que é pago atualmente. O estado diz que não tem como pagar essa diferença.

No encontro dessa sexta-feira (24), apesar das discussões, não ficou resolvido quando os alunos terão transporte escolar novamente, e logo, até quando ficarão sem aulas.

“Estamos trabalhando para o mais rápido possível retornar o transporte onde está paralisado, e não deixar outros lugares paralisarem”, disse Rocha.

O prefeito de Itaguaçu, Darly Dettmann, pede que as aulas sejam paralisadas até que o transporte retorne. No município, mais de 500 alunos estão sem ir à escola.

“Existem alunos que estão na fase do Enem e estão perdendo o conteúdo. Enquanto uma turma está em casa, o calendário continua correndo normal para os alunos que moram perto da escola, ou seja, os alunos da zona urbana”, desabafou Dettman.

O secretário de Educação garantiu que as escolas vão repor as aulas para os alunos que dependem do tranporte escolar.

Fonte: G1-ES