MOTOR

BMW Série 1 tem motor competente, mas faltam itens.

Hatch ganhou novo visual, mais alinhado com o restante da marca.

Em 28/04/2016 Referência JCC

Quando a primeira geração do BMW Série 1 foi lançada, em 2004, pouca gente poderia imaginar que aquele hatch médio (ou qualquer outro BMW) poderia ser produzido no Brasil. Mas nosso país se mostrou um mercado promissor para as empresas premium, e dez anos depois, a empresa alemã iniciou a montagem de seus veículos em solo nacional.

Um dos modelos escolhidos para ganhar cidadania brasileira foi o Série 1, que passou a ser montado em Araquari (SC) em março de 2015, pouco depois de a reestilização do hatch ser mostrada na Europa.

A diferença entre o carro brasileiro e o europeu existiu até outubro, quando o Série 1 nacional também ganhou visual atualizado.

Tabela de concorrentes do BMW Série 1 (Foto: André Paixão/G1)

O Série 1 é o modelo de entrada da BMW no Brasil. Mas de forma alguma isso se traduz em preço acessível. Pelo contrário. A opção mais em conta (ou menos cara), 120i Sport, custa R$ 157.950. A versão 120i Sport GP, avaliada pelo G1, custa assustadores R$ 165.950. São R$ 30 mil a mais do que quando ele começou a ser feito em Araquari.

Por essa quantia, o hatch oferece ar-condicionado de duas zonas, sensores de luz e chuva, faróis em LED com luzes diurnas do mesmo tipo, start-stop, central multimídia com tela de 6,5 polegadas e navegação, piloto automático, controles de tração e estabilidade e bancos de couro.

É um pacote razoável, mas que fica devendo itens básicos presente em carros que custam 25% do preço, caso de sensor e câmera de ré. Também poderia haver regulagem elétrica dos bancos e teto solar.

BMW Série 1 antes de depois (Foto: Divulgação)

Corrigindo erros
A primeira reestilização desta geração do Série 1 “corrigiu” o visual do modelo, bastante criticado desde o lançamento. As mudanças foram discretas, mas são suficientes para devolver a identidade visual da BMW. Os faróis, por exemplo, ganharam um formato mais fino e elegante, parecido com o dos irmãos Série 2 e Série 3. Já as lanternas, que eram quadradas, ganharam disposição mais horizontal, e agora invadem a tampa do porta-malas.

Por dentro, pouco mudou. A cabine continua com um visual atraente, com os comandos voltados para o motorista e uma ótima posição de dirigir, com bancos envolventes. Apenas a qualidade do couro sintético poderia ser um pouco melhor.

Câmbio é precido, mas faltam aletas para trocas de marchas atrás do volante.  (Foto: André Paixão/G1)

De raiz
Debaixo do grande capô, nada de mudanças. Segue o bom motor 2.0 de 184 cavalos, com turbo, injeção direta, e que bebe tanto gasolina como etanol. A transmissão é automática, de 8 marchas.

Ao contrário dos novos BMW, o Série 1 é um modelo “de raiz”, e mantém a tradição da marca bávara da tração traseira. O conhecido conjunto vai muito bem no 120i, e mostram a característica esportividade dos carros da casa de Munique.

Há quatro modos de direção: Eco, voltado para a redução no consumo de combustível, Comfort, para o conforto dos ocupantes, Sport, para uma tocada mais dinâmica e Sport+, que desliga o controle de estabilidade.

Como a breve descrição de cada uma já mostra, elas dão ao carro comportamentos completamente diferentes. Na Eco, o acelerador não tem respostas tão instantâneas, o motor responde com maior morosidade e até a intensidade do ar-condicionado diminui.

A Comfort já deixa o carro mais esperto, enquanto a Sport deixa o motor mais “solto”, fazendo trocas de marchas em rotações mais altas e deixando o acelerador com respostas rápidas.

Além da mecânica bem acertada, uma direção precisa, controlada por um volante pequeno, e uma posição de dirigir próxima ao chão fazem do Série 1 um modelo bastante prazeroso. Só fazem falta as aletas para troca de marcha atrás do volante, essenciais em um veículo com qualquer pretensão esportiva.

O hatch também judia um pouco dos ocupantes com sua suspensão rígida, marca registrada da BMW. As muitas imperfeições das ruas são transmitidas quase que integralmente aos ocupantes. Mas aí, o problema são as vias repletas de buracos, marca registrada do Brasil, já que o carro compensa fazendo curvas muito bem.

Durante os cinco dias que o G1 avaliou o modelo, em percurso majoritariamente urbano e no modo Comfort, a média de consumo, com gasolina, foi de 7,2 km/l.

De acordo com as medições do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, as médias do 120i, com gasolina são de 9,2 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada. Com etanol, o consumo cai para 6,5 km/l na cidade e 9,3 km/l na estrada.

BMW Série 1 (Foto: André Paixão/G1)

Concorrência
No segmento de hatches premium, há pelo menos três grandes competidores para o Série 1. E pior para o BMW, porque ele é o mais caro. Nas tradicionais montadoras alemãs, a Audi tem o A3 Sportback. Na versão Ambition ele traz motor 1.8 de 180 cv. Custa R$ 152.990.

Já a Mercedes, maior rival da BMW, tem o Classe A na versão de entrada, A200. Ele tem motor menor e menos potente, 1.6 de 156 cv, mas custa muito menos, R$ 137,9 mil.

Por fim, o rival menos badalado é também o que traz melhor custo benefício. É possível comprar um Volvo V40 na versão topo de linha, R-Design, com motor de 245 cv e muitos mais itens, por R$ 158.950.

Conclusão
A BMW mexeu pontualmente em seu modelo de entrada, mais por uma necessidade de realinhar o Série 1 com os demais produtos do que pelo modelo estar defasado. Por isso, o hatch que já era gostoso de dirigir, ganhou visual mais atraente.

O problema dele é que a concorrência oferece mais equipamentos por um valor mais adequado. Mesmo assim, o Série 1 ainda é o mais esportivo. E isso pode fazer a diferença não apenas para fãs da marca, mas também para quem gosta de uma tocada mais agressiva.

BMW Série 1 (Foto: André Paixão/G1)
Fonte: Auto Esporte