ECONOMIA NACIONAL

Bovespa opera em queda após Petrobras adiar divulgação de balanço

Ações da Petrobras têm forte queda após adiamento do início dos negócios.

Em 14/11/2014 Referência JCC

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em queda nesta sexta-feira (14), com investidores avaliando a decisão da Petrobras, na véspera, de adiar a divulgação do balanço da companhia referente ao terceiro trimestre, que era esperado para a noite desta sexta.

Às 14h10, o Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, caía 1,35%, a 51.145 pontos.

Por volta do mesmo horário, as ações da Petrobras – que tiveram o início de seus negócios adiado em mais de uma hora – operavam em queda de 4,49% no mesmo horário. Mais cedo, as ações passaram a cair quase 5%. 

No mercado de câmbio, as incertezas sobre o futuro da política econômica no próximo mandato da presidente Dilma Rousseff faz o dólar operar em alta pelo quarto dia seguido, ultrapassando a barreira dos R$ 2,60.

Demonstrações adiadas
Na noite de quinta-feira, a Petrobras informou que não irá apresentar as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 com o relatório de revisão dos seus auditores externos, PricewaterhouseCoopers (PwC) no prazo previsto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em comunicado enviado à CVM, a estatal afirma que "a companhia não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data". A empresa informou que estima apresentar, no dia 12 de dezembro, informações contábeis relativas ao terceiro trimestre de 2014 ainda não revisadas pelos auditores externos, "refletindo a sua situação patrimonial à luz dos fatos conhecidos até essa data".

A decisão de adiar a divulgação do balanço é motivada pelas investigações da Operação Lava Jato. Segundo a empresa, se as denúncias de desvios de Paulo Roberto Costa forem consideradas "verdadeiras", "podem impactar potencialmente as demonstrações contábeis da companhia".

Também na quinta-feira, a Bovespa fechou em queda de 2,14%, a 51.846 pontos. Foi a maior queda diária desde o dia 29 de outubro, quando a bolsa despencou 2,45%.

Consequências
O relatório do banco UBS lembra que o adiamento da divulgação de resultado, cujo prazo regulamentar venceria nesta sexta-feira, ocorreu depois de notícias de que a auditora PriceWaterHouseCoppers questionou comunicados financeiros e controles internos de risco, após denúncias do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa.

Para o analista Leonardo Alves, da Votorantim Corretora, o adiamento da divulgação do resultado coloca a credibilidade da companhia em xeque.

"A perda de credibilidade pode ter um maior impacto nas percepções dos investidores estrangeiros (do que nos domésticos), tanto nos mercados de ações quanto nos de dívidas", afirmou ele à Reuters.

As consequências dos problemas da Petrobras podem ser uma mudança de rating pelas agências de classificação de risco. A Moody's, a propósito, afirmou nesta sexta-feira que o atraso na publicação do resultado trimestral auditado não tem implicação no rating da companhia no curto prazo.

Um segundo impacto para a companhia seria uma baixa contábil em ativos fixos, uma vez que há indicações das investigações da polícia de que os investimentos podem não ter sido contabilizados corretamente, disse Alves.

"Essa baixa contábil poderia impactar materialmente nos lucros, reduzir dividendos de ações ordinárias em 2014", afirmou o analista Alves, acrescentando que a política de dividendos garante aos acionistas das preferenciais o pagamento de um dividendo mínimo.

Segundo o Credit Suisse Securities, a Petrobras ainda poderia ser impedida de acessar mercados de bônus nos Estados Unidos, onde a companhia toma emprestada a maior parte do dinheiro para suas operações.

 

"Estimativas indicam que a Petrobras precisaria tomar até 20 bilhões de dólares de investidores de bônus para financiar seu capex no ano que vem", afirmou o relatório do Credit Suisse.

Fonte: G1