MEIO AMBIENTE

Brasil e EUA reiniciam relação bilateral, concentrados em ações ambientais.

Dilma garantiu a Obama os esforços de seu governo para reduzir a zero o desmatamento ilegal.

Em 30/06/2015 Referência JCC

oOs presidentes americano, Barack Obama, e brasileira, Dilma Rousseff, comemoraram nesta terça-feira (30) a retomada de suas relações bilaterais, concentradas em ações conjuntas para combater as mudanças climáticas.

"Dilma, quero agradecer por ter levado a aliança entre nossos países a um novo nível", afirmou Obama durante coletiva conjunta na Casa Branca, após uma reunião de duas horas no Salão Oval.

Durante a reunião, Dilma garantiu a Obama os esforços de seu governo para reduzir a zero o desmatamento ilegal em um prazo de 15 anos, uma meta que o Brasil deverá assumir formalmente no pacote de propostas que apresentará na COP21, a cúpula mundial sobre o clima, prevista para o fim do ano, em Paris.

"Não só reduzir o desmatamento, como temos feito. Nós queremos chegar, no Brasil, a desmatamento zero até 2030 - desmatamento ilegal zero até 2030", disse Dilma na mesma coletiva.

A reunião e o tom das declarações marcaram o fim das tensões entre Washington e Brasília e lançaram uma nova etapa entre os dois países, concentrada na cooperação e no esforço para multiplicar o intercâmbio comercial.

Os vínculos entre Brasília e Washington sofreram um verdadeiro abalo em 2013, após as revelações de que a Inteligência americana havia interceptado telefones pessoais de Rousseff. O escândalo motivou o adiamento de uma visita de Dilma aos Estados Unidos programada para outubro daquele mesmo ano.

Nesta terça, a presidente deixou claro que seu governo considera o caso uma página virada. Nesse sentido, Dilma disse acreditar nas garantias dadas por Obama sobre as mudanças em sua política de segurança.

"Algumas coisas mudaram. Eu acredito no presidente Obama", afirmou.

"Ele me disse que, quando precisar de alguma informação confidencial sobre o Brasil, vai telefonar para mim", concluiu Dilma.

Nesta renovada ênfase à cooperação na área ambiental, em particular em ações de combate ao aquecimento global, os dois governos emitiram uma Declaração, na qual pediram um acordo mundial "ambicioso" durante a conferência COP21 sobre o clima.

Os dois governos se propõem a "trabalhar conjuntamente e com outros sócios para resolver potenciais obstáculos para um acordo ambicioso e equilibrado em Pequim", segundo a declaração.

Obama, no entanto, disse que os dois países têm "objetivos ambiciosos" sobre o aumento do total do percentual de energia renovável em sua matriz - 20% até 2030 -, uma meta "que representa triplicar a capacidade dos Estados Unidos e dobrar a do Brasil".

Brasil e Estados Unidos terão que apresentar na COP21 suas metas internas de redução de emissões para tentar limitar o aumento da temperatura média do planeta a menos de 2º C e, desta forma, frear os efeitos mais extremos das mudanças climáticas.

O Brasil ainda não formalizou as propostas que apresentará para esta reunião, mas a declaração de Dilma e o texto da Declaração conjunta, divulgado nesta terça-feira, sugerem a dimensão das metas que o país assumirá.

Durante uma homenagem no Departamento de Estado, Dilma disse que a Declaração "é um sinal inequívoco do compromisso", alcançado pelo Brasil e pelos Estados Unidos, com o êxito da COP21.

"Acho que a meta de 20% das fontes renováveis na nossa matriz elétrica, excluindo a energia hídrica, é algo histórico", destacou.

Um comunicado conjunto de sete páginas marcou a mudança de tom nas relações entre os dois gigantes e destacou as quatro instâncias escolhidas para incrementar o diálogo nas áreas de aliança global, economia e finanças, estratégia energética e cooperação em Defesa.

O documento não menciona metas específicas, mas fontes das duas delegações anteciparam que a intenção é concentrar esforços para duplicar o comércio nos próximos dez anos, uma tarefa que demandará negociações, por exemplo, sobre barreiras ao comércio nos dois países.

O Departamento americano de Agricultura modificou suas normas para permitir a importação de carne bovina "in natura" de várias regiões do Brasil, suspendendo restrições que eram alvo de negociação há 15 anos.

Fontes oficiais brasileiras consideram que essa flexibilização nas normas americanas permitirá a venda de até 100.000 toneladas de carne brasileira nos próximos cinco anos.

"Nosso comércio bilateral é muito expressivo e baseado em produtos de maior valor agregado. Nós queremos ampliar e diversificar nossas trocas, e nosso desafio é dobrar a corrente de comércio em uma década. O objetivo é construir as condições para um relacionamento comercial ambicioso entre o Brasil e os Estados Unidos", disse a presidente Dilma.

Obama e Dilma também concordaram em seu compromisso com o sistema multilateral de comércio: "É hora de os membros da Organização Mundial de Comércio (OMC) encontrarem um caminho para finalizar a Agenda de Desenvolvimento de Doha". ahg/nn/tt/cc/mvv

AFP