SAÚDE

Cardiologista alerta para os riscos de morte súbita no esporte

Procurar profissional de educação física e fazer exames regularmente.

Em 31/08/2018 Referência JCC - Nabil Ghorayeb

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Dias atrás, a meia maratona de Buenos Aires, com mais de 20.000 participantes, onde os brasileiros formaram o maior grupo participante estrangeiro, teve como manchete, infelizmente, duas paradas cardiorrespiratórias, uma delas a do corredor de 55 anos não foi recuperada e evoluiu para morte súbita. O outro esportista foi hospitalizado e ainda permanece internado.

Esse fato nos reporta há 10 anos, na maratona de Nova York de 2008, vencida pelo grande atleta Marilson dos Santos, onde ocorreram quatro mortes súbitas, sendo uma delas a de um brasileiro de 58 anos. As quatro tiveram como causa de morte o infarto agudo do miocárdio e o que chamou a atenção foi a de que esses esportistas amadores não eram novatos e tinham antecedentes de doenças cardiovasculares e fatores de risco, infelizmente, não controlados rigorosamente. Chamou a atenção o fato de que o clima seco e basicamente a temperatura ambiente no momento das corridas de Buenos Aires e Nova York, estar ao redor de 6 a 7 ºC o que para qualquer esportista novato ou veterano é uma situação de agressão fisiopatológica ao corpo humano.

Como médico cardiologista e do esporte não recomendo atividades físicas ou esportivas para quem não está totalmente adaptado a essas temperaturas e, principalmente, aos que tem alguma doença aguda como uma virose ou crônica mesmo em tratamento regular. Essa opinião dura para alguns se justifica nos quase 48 anos de Medicina e mais de 40 anos examinando atletas e esportistas e estudando e escrevendo sobre a pratica esportiva.

Insisto que não se deve diminuir a importância de se fazer periodicamente uma competente avaliação cardiológica e do esporte, principalmente para provas de moderada e alta intensidade e obrigatória para as populares modalidades das academias, compostas de exercícios vigorosos como Crossfit, HITT, Spinning e algumas lutas onde o risco, mesmo de pessoas aparentemente sadias, não é baixo, tanto o cardiovascular como o ortopédico.

Se tiver alguma doença em tratamento crônico, procure seu médico cada quatro e seis meses para saber da evolução da doença, e da necessidade de mudança dos medicamentos dependendo da modalidade esportiva e de possíveis riscos de piora num determinado esporte. Por exemplo, praticar alpinismo ou mergulho tendo hipertensão arterial ou um determinado sopro cardíaco de causa congênita, ter tido infarto ou angioplastia das coronárias e participar de corridas longas sem uma detalhada consulta são situações ariscadas e até contraindicadas.

Não conseguiremos atingir o risco zero de problemas médicos nos esportes, porém, com certeza muitas vidas são, e serão salvas com novos exames e novas interpretações dos velhos exames, como por exemplo, o simples eletrocardiograma de esportistas e atletas e como o teste ergométrico sempre feito por médico.

Por fim, a orientação do profissional de educação física é o ponto básico para a boa pratica de esportes, seja competitivo ou de treinos, para saúde ou lazer e ele irá orientar para que não se exceder ou errar a prática esportiva.