POLICIA

Cartel deu as cartas para a construção da sede da Petrobras no ES.

O cartel foi descoberto através da Lava Jato, o que motivou a deflagração da 31ª etapa.

Em 05/07/2016 Referência JCC

A construção da sede da Petrobras, em Vitória, deu-se graças a um cartel de empreiteiras, que repartiram entre elas, além do prédio na Reta da Penha, mais duas obras da estatal: o Centro Integrado de Processamento de Dados (CIPD) e o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), ambos no Rio de Janeiro.

O cartel foi descoberto através da Lava Jato, e inclusive foi o que motivou a deflagração da 31ª etapa da operação, nesta segunda-feira (4). Nesta fase, a força-tarefa mirou apenas as fraudes no Cenpes.

As investigações foram corroboradas por acordo de leniência da empresa Carioca Engenharia e por delações premiadas de seus dirigentes.

"As afirmações dos executivos da Carioca são plenamente corroboradas quando confrontadas com os dados dos procedimentos licitatórios das três obras envolvidas, confirmando que todas tiveram início entre os anos de 2006 e 2007, que tiveram lista de convidadas bastante semelhante, quando não idêntica, e, sobretudo, que os resultados correspondem exatamente aos acordados pelo cartel", diz a representação do Ministério Público Federal do Paraná.

A obra da sede em Vitória foi vencida pelo consórcio formado por Odebrecht, Camargo Corrêa e Hochtief. A do CIPD por Andrade Gutierrez, Mendes Junior e Queiroz Galvão. A licitação do Cenpes foi vencida pelo grupo formado por OAS, Schahin, Construbase e Carioca.

Propina

Não é a primeira vez que o consórcio que fez o prédio da Petrobras em Vitória aparece na Lava Jato. Em junho do ano passado, foi apontado pagamento de propina por parte das empresas para que o consórcio obtivesse aditivos contratuais.

Essa acusação, aliás, reforçou a decisão que prendeu a cúpula da Odebrecht, empresa líder do consórcio da obra em Vitória.

O edifício tinha custo estimado em R$ 90 milhões. Na licitação, subiu para R$ 436,6 milhões, mas a obra foi contratada por R$ 486,1 milhões. Após diversos aditivos, o preço final foi R$ 567,4 milhões. Ou seja, 6,3 vezes mais que o inicial.

Por Vinicius Valfré/g1-ES (Foto: A Gazeta)