CIDADE

Cinco gerações de uma família mineira têm 40 casas em Iriri, ES.

São quase 600 membros da família que passam férias no balneário.

Em 21/01/2017 Referência JCC

Cinco gerações de uma única família de mineiros têm 40 casas no balneário de Iriri, em Anchieta, no litoral Sul do Espírito Santo. A primeira casa foi comprada no início da década de 1940. Segundo a família, o amor pelo lugar é tão grande que vão adquirir mais residências.

A primeira casa foi comprada pelo comerciante Theodomiro de Oliveira Leal, falecido em 1982, aos 73 anos. Segundo a filha dele, a professora Vera Maria Leal Pádua Soares, Theodomiro ficou encantado com a beleza do lugar. E embora o balneário não tivesse rede de esgoto, água encanada e energia elétrica, decidiu investir.

“Foi amor à primeira vista. Meu pai, um cunhado dele e mais dois tios meus juntaram dinheiro para comprar a casa. Não me recordo quanto custou, mas o que chama a atenção é a união”, contou Vera.

A professora lembra que o primeiro verão no novo patrimônio da família foi uma festa, cerca de 40 pessoas se dividiram em três quartos, duas varandas, sala, cozinha e apenas um banheiro.

“A medida que nós fomos crescendo, começaram a convidar mais gente da família para passar o verão em Iriri. Éramos muito felizes. A casa foi apelidada de pensão da alegria”, relembrou.

Herança
Mais tarde, Theodomiro comprou a parte dos sócios. A moradia de verão já não comportava tanta gente. Atualmente, a residência pertence a Vera, foi dada a ela como uma herança.

Nascida em Castelo, Vera adotou Belo Horizonte como cidade do coração e volta todo verão ao balneário. “Meu pai gostou de Iriri porque o lugar é mágico, e nós amamos tanto essa beleza natural, essa calma. Fomos muito bem acolhidos pelos moradores daqui, e criou-se um laço muito grande, que permanece até hoje”, contou, emocionada.

Entre os integrantes da família Leal, não é difícil encontrar relatos de amor por Iriri, mas nem sempre foi assim. A aposentada Marilda Fassbender de 68 anos, casada com um primo de Vera, no início, não suportava a ideia de ter que passar o verão em Iriri e não em Guarapari.

“Meus pais passavam o verão em Guarapari e eu gostaria de ficar com eles. Mas o meu namorado, que pertence à segunda geração da família Leal, me trazia para Iriri. Com o passar dos anos fui aprendendo a amar o lugar e hoje não troco de forma alguma”, se diverte.

Convivência
A convivência em Iriri, não serve apenas para curtir os dias de verão, mas também para matar a saudade e colocar o papo em dia.

“Tem primos que só encontro em aqui. Aproveitamos para matar a saudade e conviver. Tenho primos da minha idade cujos filhos são amigos dos meus, e acabam convivendo somente aqui, pois moramos em cidades diferentes. O verão ficou sendo o point para nos encontrarmos”, afirmou o publicitário Paulo Henrique Leal Soares, de 44 anos.

São 40 casas, que abrigam cerca de 15 pessoas cada uma, o que dá um total de 600 pessoas. Uma família um tanto quanto grande. E apesar de todo amor, sempre tem desentendimentos. “A convivência é harmoniosa, mas como toda grande família, temos briguinhas de vez em quando”, entregou o publicitário.

Para além dos momentos de lazer, a família Leal, mostra que sabe se unir nas horas de dor. “Toda perda é a parte mais difícil. A família vai crescendo, as pessoas vão ficando mais velhas. Então o falecimento de tios, avós e primos é uma coisa muito triste para nós. Devido a essa convivência acabamos sentindo mais as perdas, mas também nos unimos na tristeza”, disse Paulo.

Amizade
Além de rever os familiares, Paulo aproveita a temporada em Iriri para rever os amigos, cultivados desde a infância.

“Acaba que além da família a gente tem os amigos. Hoje, há pessoas que eram amigas dos meus avós, de quem a minha mãe também é amiga. Acaba que eu criei amizade também. E os meus filhos são amigos dos filhos deles”, disse.

Brincadeiras
Enquanto os adultos matam a saudade e batem muito papo, a criançada se reúnem para as brincadeiras. As favoritas são pular corda, pique e futebol. Tudo na rua e até tarde da noite. “Gosto de vir em Iriri porque encontro os meus primos, me divirto e brinco muito. Quero vir até ficar velhinha”, contou Lila Piacenza Soares, de sete anos.

Por Tatiana Moura, de A Gazeta