POLÍTICA INTERNACIONAL

Com oposição dividida, Bolívia escolhe presidente.

Total de 6,2 milhões de eleitores foram convocados a votar neste domingo.

Em 12/10/2014 Referência JCC

Um total de 6,2 milhões de eleitores bolivianos estão convocados a comparecer às urnas neste domingo (12) para escolher seus novos governantes - um presidente e um vice, 130 deputados e 36 senadores. O presidente Evo Morales é amplamente favorito.

As urnas na Bolívia abrem às 8h e fecham às 16h locais. A votação será acompanhada por cerca de 200 observadores internacionais. Esta será a primeira vez que bolivianos poderão votar de 33 países - antes só moradores de EUA, Brasil, Argentina e Espanha votavam.

As pesquisas apontam que Morales se reelegerá com 59% dos votos. Pela primeira vez, pode vencer nas nove regiões do país. O presidente diz que espera superar os 64% dos votos que conseguiu em 2009. Se ele ganhar o direito de governar pelo terceiro mandato seguido, será o presidente que mais tempo terá governado o país.

Mas o governador opositor Rubén Costas desafiou o presidente a vencer em Santa cruz, a região mais rica e extensa e um bastião da oposição. Em 2008, Santa Cruz liderou uma rebelião pela autonomia de cinco regiões contra Morales, que denunciou na época que a ação era um plano para o tirar do poder e separar essa região do país.

Em segundo lugar nas pesquisas está o empresário do cimento Samuel Doria Medina, escolhido da aliança de centro-direita Unidad Demócrata. As pesquisas o colocam como 18% dos votos.

Santa Cruz representa 25% do eleitorado nacional e é uma região emblemática por sua força econômica e política. Nos últimos anos, o presidente fez alianças políticas com poderosas associações empresariais dessa região e financiou obras para mudar a cara da cidade - o que lhe deu amplo apoio.

Com menores chances nas pesquisas estão o ex-presidente Jorge Quiroga, do direitista Partido Democrata (PD), o ex-prefeito de La Paz Juan del Granado, do esquerdista Movimento Sem Medo (MSM), e o líder indígena Fernando Vargas, do Partido Verde (PV).

A oposição está "fragmentada" e sem um "discurso único" frente ao oficialismo, o que terminou favorecendo Morales, disse à agência de notícias Associated Press o professor de ciência política da universidade de La Paz Marcelo Silva.

Estabilidade econômica
No governo desde 2006, Morales foi favorecido por um extraordinário clima econômico, com bons preços das matérias-primas e substanciais incrementos nos investimentos que lhe permitiram empreender em grandes obras.

Essa estabilidade econômica aliada a uma vasta propaganda e a uma retórica anti-imperialista são as bases de sua popularidade, segundo analistas, que dizem que na prática Morales é menos radical do que alguns de seus aliados, como o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e seu sucessor, Nicolás Maduro.

Retórica à parte, Morales administra a economia com critérios modernos "similares aos de muitos países considerados neoliberais", segundo disse em entrevista à Associated Press Eduardo Gamarra, professor da Universidade Internacional da Florida, nos Estados Unidos.

"O modelo econômico não foi modificado na medida em que o governo quer fazer crer com sua retórica antineoliberal, anticapitalista", disse. "O que o governo fez foi dar autonomia ao ministro da Economia para que a administre seguindo regras modernas, ainda que tenha um discurso político do século XX. A Bolívia não é uma economía socialista mais além dessa retórica."

Por G1