SAÚDE

Com surto de H1N1, escolas de SP reforçam limpeza e alertam famílias.

Instituição na Zona Sul instrui alunos a pedir aos pais álcool gel na mochila.

Em 02/04/2016 Referência JCC

“Mãe, você conhece o H1N1?”. A pergunta foi feita pelo filho da arquiteta Juliana Martins, na tarde desta quinta (31), logo após voltar da escola. O questionamento não era sinal de dúvida, mas o início de uma “aula” sobre o subtipo do vírus da gripe A, que dominou o noticiário nacional e passou a ser tema obrigatório nas escolas paulistanas.

Até o dia 29 de março, 59 pessoas morreram vítimas de gripe grave em São Paulo. Destes casos, 55 têm relação com o vírus H1N1, segundo balanço da Secretaria Estadual de Saúde. O surto tem provocado uma corrida a clínicas de vacinação.

No caso da arquiteta, o comunicado com informações sobre a doença e medidas de prevenção não veio por e-mail tampouco na agenda escolar. Aos quatro anos, Diego, aluno de uma escola na Zona Sul de São Paulo, foi o porta-voz do alerta.

“Ele chegou falando isso. Perguntou se eu conhecia, e falou que era uma doença forte, que nas crianças era pior, por isso precisava tomar mais cuidado, e me pediu para colocar álcool gel na mochila dele”, conta Juliana.

“Eu achei bem legal. Não rolou um pânico, mas teve orientação. E ela foi direta para os alunos. Não veio nada na agenda. Eu nunca tinha falado disso com ele, e ele chegou perguntando, disse que o orientaram a tossir na dobra do braço, que não pode tossir com a mão na boca. Acho mais eficaz, porque ele chegou em casa super consciente”, analisa ela.

A forma pode divergir, mas o conteúdo é universal. Após o aumento de casos de H1H1 na capital paulista, escolas da rede privada investem em informação e prevenção.

A Escola Viva, também na Zona Sul da cidade, tenta desde fevereiro, quando começaram a aparecer casos da doença na mídia, antecipar a campanha de vacinação que realiza anualmente na instituição para funcionários, filhos e cônjuges. “Conseguimos essa semana e a vacinação será feita na próxima quarta-feira”, revela a assessora de comunicação da instituição.

Até agora, a escola registrou dois casos confirmados da doença, de alunos de diferentes turmas e idades. Além da campanha interna, há um trabalho de conscientização das crianças, que confeccionam cartazes com o passo-a-passo da profilaxia e uma orientação também é enviada aos pais.

Notícias
A advogada Marcella Costa conta que recebeu as informações sobre H1N1 na agenda escolar e por e-mail. Além das normas e dicas para reconhecer os sintomas, a escola onde o filho de 1 ano e 2 meses estuda, na Lapa, mandou aos pais um arquivo em PDF com reportagens sobre a gripe.

Na Zona Norte da cidade, uma instituição de ensino fundamental e berçário, que prefere não ter o nome divulgado, multiplicou o número de vezes que as salas de aula são higienizadas. A medida foi tomada há duas semanas, quando foi notificado o primeiro caso de aluno infectado. Hoje, já são seis estudantes com a doença.

“Estamos em contato toda semana com a vigilância sanitária, nos foi passado algumas informações dizendo que precisávamos intensificar a lavagem das salas. Antes limpávamos a duas vezes por dia. Hoje estamos fazendo cinco vezes”, revela uma funcionária.

Ela também afirma que orientações de profilaxia e demais cuidados foram enviados aos pais dos alunos através de um aplicativo para celular, que substitui a agenda escolar.

Dona da escola Mundo Melhor, em Perdizes, na Zona Oeste, Mari Costa afirma que o surto na cidade não alterou a rotina de sua instituição. Ela avalia o ambiente escolar como seguro, e diz investir na orientação às famílias dos alunos como medida de prevenção.

“Achamos que isso é muito mais de casa do que escola. Os pais não tomam as precauções como o álcool gel. Não é por uma questão do surto, a gente usa o álcool gel o ano inteiro, investe em limpeza, deixar o ambiente arejado. É uma coisa natural,” avalia.

Vacinação
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo antecipou de 30 de abril para esta segunda (4) a vacinação contra gripe deste ano para profissionais da saúde, idosos, gestantes e crianças. De acordo com a pasta, as doses já vão proteger contra o H1N1 e outros tipos do vírus (H3N2 e B/Brisbane).

A previsão é que cerca de 3,5 milhões de moradores da Grande São Paulo possam ser vacinados nesta primeira fase. Inicialmente receberão a vacina 532,4 mil profissionais de saúde de hospitais públicos e privados da capital e da Grande São Paulo. Até 8 de abril, todos os hospitais dos municípios receberão as doses.

Nas clínicas particulares da capital paulista, há filas de espera desde o dia 24 de março. Por conta da procura, o estoque da vacina quadrivalente/tetravalente na unidade Paulista do Centro de Imunização Santa Joana, na região Central da cidade, esgotou em dois dias.

A Clivan, clínica de vacinação na Pompéia, na Zona Oeste, alerta aos clientes desde o dia 31, em comunicados diários no Facebook, sobre a distribuição de senhas para a vacinação da gripe. O estoque esgotou às 18h desta sexta-feira (1°), mas um novo lote deve ser entregue nas próximas semanas.

Fonte: G1-SP