POLÍTICA INTERNACIONAL

Coreia do Sul quer nova tentativa de diálogo com Coreia do Norte.

No sábado (12), reunião entre líderes dos países terminou sem resultados.

Em 14/12/2015 Referência JCC

O governo da Coreia do Sul pediu nesta segunda-feira (14) ao regime norte-coreano para retornar à mesa de diálogo, após autoridades de ambos os países não conseguiram chegar a um acordo no sábado (12) para recuperar projetos em comum e melhorar as relações bilaterais, de acordo com a agência de notícias EFE.

"Queremos que a Coreia do Norte estude de maneira cuidadosa formas para melhorar as relações entre Norte e Sul e que se mostre a favor de realizar novas conversas", disse à imprensa local um porta-voz do Ministério da Unificação de Seul.

No dia 25 de agosto as duas partes se comprometeram a realizar novos encontros de alto nível para abrir uma etapa de paz duradoura. Desde então, ambos os países organizaram em outubro uma reunião de famílias separadas pela Guerra da Coreia, além do encontro em nível de vice-presidentes que aconteceu entre sexta-feira passada e sábado.

No entanto, esta última reunião no sábado (12) terminou sem um acordo entre os representantes de alto nível de Seul e Pyongyang, que nem sequer conseguiram decidir uma data para o próximo encontro.

Neste fim de semana, a Coreia do Sul propôs a realização de um novo encontro de famílias separadas, enquanto o Norte exigiu em troca a retomada das viagens turísticas de sul-coreanos ao monte Kumgang, suspensas em 2008 depois que um soldado norte-coreano matou a tiros uma visitante.

Seul não aceitou o trato, já que considera que o assunto das viagens para Kumgang deve ser tratado de forma independente, algo que provocou a rejeição da Coreia do Norte e bloqueou as conversas, segundo a versão de Seul.

As relações entre as duas Coreias, que permanecem tecnicamente em guerra há seis décadas, foram marcadas nos últimos anos por contínuos ciclos de conflito e distensão.

O acordo de agosto passado gerou esperanças de acabar com esta situação e abrir uma etapa estável de entendimento.

Diálogo
O diálogo de alto nível iniciado na quinta-feira (10) entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul para reduzir as tensões, que quase levaram em agosto a um conflito armado, terminou neste sábado (12) sem resultado aparente, de acordo com jornalistas.

"Demos um passo decisivo para abrir o caminho à reunificação. Espero que vários temas pendentes sejam solucionados um a um", chegou a declarar, na véspera, o chefe da delegação da Coreia do Sul, Hwang Boo-Gi, a seu colega norte-coreano Jon Jong-Su.

O diálogo entre vice-ministros ocorreu na zona industrial intercoreana de Kaesong, situada na Coreia do Norte, muito próxima da fronteira, e durou cerca de 30 minutos, com ambas as delegações lendo textos preparados de antemão.

O último encontro deste tipo, com o mandato de abordar uma série de problemas intercoreanos, remonta a 2013.

Qualquer encontro entre os dois campos é saudado como um passo na direção certa, mas os precedentes incitam a evitar otimismo excessivo.

Esforços anteriores para estabelecer um diálogo regular falharam rapidamente após a primeira reunião, um sinal da profunda desconfiança que prevalece entre os dois países que permanecem tecnicamente em guerra após a assinatura de um cessar-fogo em 1953.

Em junho de 2013, os dois vizinhos concordaram em uma reunião semelhante sobre a organização de discussões no mais alto nível, que foi a primeira desse tipo em seis anos. Mas Pyongyang mudou de ideia de última hora e cancelou o encontro por questões de protocolo.

Os dois países têm prioridades claras, mas distintas.

A Coreia do Norte, que sofre uma escassez de dinheiro, quer que seu vizinho do sul retome as visitas lucrativas organizadas no monte Kumgang até 2008, quando suspendeu após a morte de uma turista por um disparo de um guarda norte-coreano.

O retorno de turistas sul-coreanos ao monte Kumgang seria uma vitória para a propaganda do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e traria a seu país algum dinheiro de que precisa.

"Kim precisa dar presentes para o partido e aos líderes políticos e se gabar da riqueza nacional ante seu povo", afirma Nam Sung-Wook, professor de Estudos Norte-Coreanos na Universidade da Coreia.

"Também precisa de dinheiro para completar uma série de obras recentes".

Seul quer, por sua vez, que o Norte permita que as famílias separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953) possam se encontrar regularmente.

Estas reuniões são realizadas menos de uma vez por ano e com um número muito limitado de participantes, apesar da longa lista de espera, composta principalmente de idosos sul-coreanos desesperados em ver a sua família antes de morrer.

Para a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, que chegou ao poder prometendo se aproximar de Pyongyang, um sucesso neste ponto seria como receber uma medalha.

Park já falou várias vezes da perspectiva de reunificação da Coreia, mas não tem dado passos políticos significativos para reduzir as tensões com o Norte e seu líder belicoso.

A questão espinhosa a ser evitada no diálogo intercoreano é o programa nuclear de Pyongyang. Embora Seul possa falar sobre desnuclearização, os especialistas acreditam que ambos os lados tendem a se concentrar em objetivos mais atingíveis.

Fonte: France Presse