SAÚDE

Crianças optam por alimentos saudáveis e dão exemplo em casa.

Cardápio regrado na escola é um dos motivos pelo gosto por salada e frutas.

Em 11/10/2015 Referência JCC

Alface, tomate, brócolis, farelo de trigo e linhaça. Pode parecer lista de feira ou recomedação alimentar de nutricionista, mas são esses os alimentos que não podem faltar no prato da estudante Gabriela Sangali Marçal, de nove anos, moradora de Vitória. “Meu prato preferido sempre foi sopa de legumes”, contou.

A disciplina da menina é tanta, que chama a atenção até da mãe, Sany Delana, que mantém hábitos saudáveis há bastante tempo.

“Um dia desses, saímos para almoçar, pedimos uma salada e ela me cobrou a cenoura, que não estava no meu prato”, contou.

Gabriela estuda em tempo integral e, por isso, almoça na escola. Antes de sair, toma café da manhã em casa e leva os lanches para comer no colégio.

“Ela toma leite com cacau em pó quando acorda. Não bebe achocolatado, porque tem uma quantidade muito grande de açúcar. Até quando vai para a casa do pai, que não tem hábitos tão saudáveis, ela quer manter a rotina”, disse a mãe.

A menina tem costume de levar frutas, barrinhas de castanhas e amêndoas, biscoito de polvilho ou palitinhos de linhaça para lanchar na escola. “Às vezes, quando eu lancho no colégio mesmo, eu tomo um iogurte ou como uma torradinha”, falou Gabriela.

E tem que comer bem mesmo, pois quando sai da aula, a rotina de Gabriela continua. "Ela faz violino às segundas e quartas-feiras, ginástica artística às terças e quintas, e inglês depois do violino, na quarta. A alimentação dela, com certeza, ajuda na realização de todas essas atividades", afirmou a mãe.

Refrigerante, nem pensar
O estudante Marcos Limonge Salemi, de oito anos, é outro que impressiona na composição do prato. “Para mim, o que não pode faltar é salada”, falou.

Ele, que também estuda em horário integral, toma o café da manhã e janta em casa, mas lancha e almoça no colégio. “Ele acorda, come uma torrada com queijo, toma um suco de frutas e vai para a escola. Lá, ele come fruta, gelatina, barrinha de cereal e sempre almoça muito bem”, contou a mãe, Marianne Salemi.

E ela está certa. Palmito, brócolis, alface, tomate, arroz, feijão e carne recheavam o prato de Marcos na hora do almoço, na escola. “Eu já gostei dessas coisas desde a primeira vez que experimentei. Nunca tive problema com verduras e legumes. Amo alface, como todo dia”, disse o menino.

Chocolate, só uma vez por semana, e olhe lá. “Eu como uma barrinha pequena no domingo, mas não é obrigatório. Às vezes, eu não como, porque não ligo muito”, destacou Marcos.

E refrigerante? “Não bebo, não gosto. Parei de tomar há um tempo”, contou o menino. Segundo a mãe, tudo vem dele, sem influência de casa. “Ele decidiu cortar o refrigerante da vida dele, porque percebeu que faz mal. Eu nunca falei nada, isso tudo vem dele mesmo. Até o pai diminuiu a quantidade de refrigerante que toma, porque o Marcos chama a atenção dele”, falou Marianne.

Para ela, os hábitos alimentares do filho são motivo de orgulho, porque acabam sendo reconhecidos por quem vê de fora. “Eu já ouvi duas mães de amiguinhos dele pedindo para ele almoçar na casa delas, porque aí os filhos se empolgam e comem verduras e legumes também”, disse.

Marianne contou que a escola, onde Marcos faz três refeições diárias, teve um papel muito importante na formação alimentar do menino. Segundo ela, assim ele que passou a estudar em horário integral, também começou a ter uma rotina mais saudável.

“Em casa, ele sempre comeu salada, mas os tipos de verduras e legumes são mais limitados. É alface, tomate, brócolis e outras coisas mais simples. Na escola, a variedade é muito grande. Ele conheceu outros alimentos e tomou gosto. Um dia, chegou em casa me pedindo para comprar beterraba”, lembrou a mãe.

Influência da escola
O coordenador das turmas de 2º ao 5º ano, do Centro Educacional Leonardo da Vinci, em Vitória, Evando Evangelista, falou que a escola tem um projeto de educação alimentar que ajuda as crianças a desenvolver gosto por hábitos saudáveis.

Sem cantina, a instituição possui cardápio planejado por uma nutricionista, com os lanches da manhã, da tarde e o almoço de todo o ano letivo.

“Não temos achocolatado, frituras, refrigerante e não permitimos que os alunos tragam para a escola, para não causar uma ruptura no projeto”, destacou Evando.

Segundo o coordenador, a escola oferece uma variedade muito grande de salada e frutas, familiarizando a criança. “São, pelo menos, 10 tipos de fruta na hora do lanche. É uma variedade muito grande. A criança só não come se estiver muito resistente, o que é muito difícil”, disse.

Além das frutas, o cardápio dos lanches é composto de iogurtes, milho, gelatina e, uma vez por semana, sanduíche natural. Já o almoço conta com verduras e legumes variados, além de arroz, feijão, carne e, volta e meia, uma massa.

A orientadora de educação infantil da instituição, Letícia Gomes, falou que a etapa de experimentação dos alimentos é realizada na sala de aula dos pequenos. “Teve um mês, por exemplo, em que a professora levou o tomate para experimentar em sala. As crianças cheiram o tomate, observam e, se quiserem, provam. Isso vai influenciar os alunos, porque, quando forem almoçar, vão ter curiosidade de comer”, falou.

Desde o ventre da mãe
A nutricionista Chistina Helal explicou que a formação dos hábitos alimentares da criança já começa no ventre de mãe. “Os sabores que a mãe absorve já passam pelo líquido amniótico e o bebê já tem esse contato iniciado, continuando na amamentação”, disse.

Segundo a profissional, é muito mais difícil fazer a criança gostar de alimentos saudáveis se a mãe não opta por eles. “Se a mulher não gosta de fruta e não comeu durante a gestação, vai ser mais difícil o filho gostar, porque não tem esse exemplo”, destacou.

Para desenvolver os hábitos nos pequenos, não se deve forçar, mas estimular neles curiosidade e vontade. “Cientificamente, a gente fala que se deve fazer nove tentativas de teste de alimentos. É importante apresentar legumes, verduras e frutas em formas e maneiras variadas, para atrair as crianças”, afirmou.

Fonte: G1-ES