POLÍTICA INTERNACIONAL

Defensores da UE abrem vantagem a um mês do referendo no Reino Unido.

Com 10 pontos sobre os defensores do Brexit, em uma campanha cada vez mais polarizada.

Em 22/05/2016 Referência JCC

Faltando um mês para o referendo de 23 de junho, os britânicos partidários de permanecer na União Europeia (UE) abrem vantagem nas pesquisas, com 10 pontos sobre os defensores do Brexit, em uma campanha cada vez mais polarizada.

Desde a comparação da UE com Hitler, feita pelo ex-prefeito de Londres Boris Johnson, até a advertência do seu colega de campanha Nigel Faragede de que pode haver violência nas ruas e o aviso do primeiro-ministro, David Cameron, de que a saída do bloco poderia levar a Europa de volta às guerras, a discussão adquiriu um tom dramático.

Na sexta-feira, o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, fez o aviso mais sério até agora aos britânicos quando afirmou que, se Londres abandona a UE, "os desertores não serão recebidos com os braços abertos" em Bruxelas.

O Partido Conservador está partido pelo referendo, enquanto o Partido Trabalhista e o seu líder, Jeremy Corbyn, contemplam o espetáculo esfregando as mãos, e os nacionalistas escoceses se preparam para reivindicar outro referendo de independência se vence o Brexit.

Se o Reino Unido decidisse sair do bloco, "haveria outro referendo de independência na Escócia (...) no prazo de dois anos", disse à AFP o político nacionalista escocês Alex Salmond.

Os partidários de permanecer na UE têm 10 pontos de vantagem na intenção de voto, com 55% contra 45% dos defensores do Brexit, segundo uma média de seis pesquisas, feita pelo instituto What UK Thinks.

Mas considerando os erros das pesquisas nas últimas eleições gerais, que não conseguiram prever a maioria absoluta conservadora, cabe recorrer às apostas, autêntico termômetro da sociedade britânica.

E, para as casas de apostas, a possibilidade de abandonar a UE é também remotíssima. Para cada cinco libras apostadas na permanência no bloco, as casas William Hill e Ladbrokes só pagam uma libra, o que situa em 83% a possibilidade de vitória desta opção.

 

Esta vantagem chega após uma ofensiva internacional a favor da permanência, que teve como protagonistas o presidente americano, Barack Obama, e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A mensagem foi clara: fora da UE, o Reino Unido vai encontrar irrelevância diplomática e vai passar "para o final da fila" nas negociações comerciais, alertou Obama, enquanto a diretora do FMI, Christine Lagarde, disse que os cenários em caso de saída do bloco vão de "ruins até muito, muito ruins".

A economia é agora a maior preocupação dos britânicos nesta campanha, superando a imigração, revelou nesta semana o instituto de opinião ComRes Mail.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e a chilena, Michelle Bachelet, também apoiaram a permanência britânica na UE durante suas visitas recentes a Londres.

O apoio internacional mais relevante ao Brexit é o do candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump. "A Europa está sendo destruída pela grande imigração, e isso é em grande parte culpa da UE", afirmou.

Na sexta-feira, 282 personalidades britânicas da arte e da cultura defenderam a permanência em uma carta à imprensa.

Entre elas estão os atores Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Bill Nighy, Chiwetel Ejiofor, Kristin Scott Thomas, Helena Bonham Carter e Derek Jacobi, a banda Franz Ferdinand e a cantora Paloma Faith, a estilista Vivienne Westwood e os escritores John Le Carré, Tom Stoppard e Hilary Mantel.

"O Reino Unido não é apenas mais forte na Europa, é mais imaginativo e criativo, e nosso sucesso artístico mundial se veria seriamente comprometido por uma saída" da UE, afirma o texto.

Do outro lado, a personalidade do campo das artes mais conhecida que se pronunciou a favor da saída da UE é o ator Michael Caine.

al/avl/db/mvv/AFP