ESPORTE NACIONAL

Desequilíbrio entre mente e corpo mina Chapecoense na Libertadores.

Melhor tecnicamente, Verdão se perde na catimba do Nacional.

Em 19/04/2017 Referência JCC - Globo Esporte (Foto:Cristiano Andujar)

"Dominamos a parte mental da partida". A declaração de Martín Lasarte, técnico do Nacional, reforça uma teoria decorada de cor e salteado por quem participa na Libertadores, mas que os brasileiros seguem sofrendo para colocar em prática. Debutante na competição continental, a Chapecoense entrou em campo para jogar futebol e só. Neste tipo de competição, isso costuma não bastar. Recordista com 44 participações, os uruguaios uniram pés e cabeça para esfriar e irritar a Arena Condá - de jogadores a torcedores -, mudar o rumo da partida e levar para Montevidéu aquela que, muito provavelmente, será a decisão da segunda vaga do Grupo 7 nas oitavas.

Taticamente, há pouco para se reparar na atuação do time de Vagner Mancini. Intensa como virou hábito na série de oito vitórias consecutivas, a Chape se mandou para o ataque e abriu o placar antes dos 10 minutos. A vantagem não afetou a postura, e a pressão existia pelo segundo gol, com seus devidos cuidados defensivos. O Nacional tentava encaixar uma bola ou outra nas costas da zaga, mas pouco assustava Artur Moraes, até que precisou de somente cinco minutos para entrar no psicológico do Verdão e chegar ao empate.

Tudo parecia controlado até Rossi ficar na bronca com Espira após cutucada aos 35. Passaram-se mais três minutos para Romero entrar de sola na perna de Wellington Paulista. Lances suficientes para a Chape baixar o nível de concentração e ser castigada com o empate, aos 40. A Libertadores não dá espaço para ingenuidade. A partir daí, com o placar favorável, o que se viu foi quase uma hora de brasileiros divididos entre a necessidade do gol da vitória e a irritação por cada segundo perdido com cera ou uma chegada mais forte.  

Chutão de Kevín Ramirez com o jogo parado por impedimento, caminhada lentíssima do mesmo ao ser substituído, chute de Polenta na cabeça de Girotto, e segundos desperdiçados a cara tiro de meta cobrados por Conde formam parte do repertório utilizado pelo Nacional para minar a pressão no segundo tempo. A Chape até conseguiu chegar ao ataque, teve duas grandes chances com Túlio de Melo, mas, de modo geral, se rendeu a um cenário que será ainda mais incômodo daqui a uma semana, no Parque Central, no Uruguai.  

Com mais finalizações e escanteios, maior posse de bola, menos faltas cometidas, as estatísticas deixam evidente uma preocupação maior da Chapecoense em jogar futebol - até por ser mandante. Ficou a lição para o estreante, porém, que Libertadores é uma competição que vai além. E, mesmo sem concordar, Vagner Mancini admite que é preciso se adaptar para não ver a participação acabar na primeira fase:  

- Lógico que a catimba faz parte do futebol. Tentamos tirar isso do jogador. É uma coisa chata, que atrasa o jogo, irrita quem está no estádio. Jamais vou pedir que meu time faça cera, mas a partir do momento que você joga a Libertadores, faz parte. Tentamos jogar, e o árbitro botou a catimba no jogo. Vamos dançar conforme a música. Temos que entender o que é Libertadores. Prefiro jogar futebol do que me preocupar com outras coisas, mas, dentro do contexto, temos que avaliar.  

Com quatro pontos, a Chapecoense está na terceira colocação no Grupo 7 da Libertadores, empatada com o Nacional, mas atrás no saldo de gols. Quinta-feira, dia 27, as duas equipes medem forças, às 21h45 (de Brasília), no Parque Central, em Montevidéu. O Lanús, que tem seis pontos, lidera, enquanto o Zulia tem três.