ESPORTE NACIONAL

Diretoria do São Paulo cobra coração do grupo: "Não estamos satisfeitos".

Gustavo Vieira de Oliveira revela descontentamento com resultados e conduta dos jogadores.

Em 08/03/2016 Referência JCC

A diretoria do São Paulo decidiu cobrar publicamente os jogadores por um melhor comportamento neste início de ano. O diretor executivo de futebol Gustavo Vieira de Oliveira deu uma entrevista depois do último treino da equipe antes de viajar para Buenos Aires, onde enfrentará o River Plate, na próxima quinta-feira, pela Libertadores. Ele deixou claro que o clube não está satisfeito nem com os resultados tampouco com a conduta dos atletas.

– Temos partidas importantes, haverá outras, e não é isso que pauta nosso pensamento porque no futebol se ganha e perde. Nossa análise é em relação a comportamento, conduta, coração e representar o que essa camisa representa para milhões de torcedores. Nesse assunto, não estamos satisfeitos – afirmou o diretor, que continuou:

– Estamos num processo de reorganização e não se faz isso sem percalços, mas agora somos colocados diante de um desafio importante que questiona a integridade, a vontade e o coração de todos os membros do departamento de futebol, especialmente dos atletas. Nós temos total responsabilidade de superar esse momento. Não há o resultado que se espera, ele tem que ser maior. Não basta fazer o regular, tem que fazer mais.

Na Libertadores, competição prioritária na temporada, depois de eliminar o César Vallejo, do Peru, na primeira etapa, o São Paulo foi derrotado pelo The Strongest, da Bolívia, no Pacaembu, na estreia da fase de grupos. O resultado comprometeu a classificação para as oitavas de final porque, historicamente, poucas equipes conseguem ganhar pontos em La Paz, onde o Tricolor fechará sua participação nessa fase contra o mesmo rival.

Por isso, conseguir pelo menos um empate contra o River Plate, atual campeão, nesta quinta-feira, na Argentina, tornou-se essencial.

No Paulistão, com atuações muito irregulares, o São Paulo tem os mesmos 13 pontos que a Ferroviária no Grupo C, mas perde a liderança no critério dos gols a favor.

Na avaliação da diretoria, os maus resultados são decorrentes de pouco empenho, problema que já havia sido detectado no ano passado. Depois da derrota por 6 a 1 para o Corinthians, o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva prometeu uma reformulação muito maior do que de fato aconteceu. Sem possibilidades financeiras e propostas por determinados jogadores, a base de 2015 acabou sendo mantida.

– Ninguém entra no futebol imaginando que a vida será fácil. É uma vida de cobranças, especialmente num time grande como o São Paulo. É preciso encarar o tamanho da torcida, a história do clube e suas conquistas. Estar aqui é estar sujeito a cobranças e prestar conta por elas. Estou aqui para assumir responsabilidades, espero isso de todos os atletas e de mim mesmo. É necessário que se conte ao torcedor que a coisa não está solta, que existe cobrança, comando. Isso é feito no dia a dia e, quando for necessário, como hoje é, faremos em público.

Gustavo também afirmou que os pagamentos estão em dia. O atraso nos direitos de imagem gerou insatisfação e um pacto de silêncio dos jogadores. Como o São Paulo havia perdido em sequência para Corinthians e The Strongest, o zagueiro Lugano sugeriu que todos dessem entrevistas para não passarem à torcida a impressão de que a falta de pagamento interferiu nos resultados. Denis, Alan Kardec e Calleri concordaram, e o quarteto se manifestou. Os demais se mantiveram calados. Na semana seguinte, os pagamentos foram acertados.

Perguntado sobre a situação do técnico Edgardo Bauza, o diretor executivo afirmou que isso nem está em questionamento. Não há nenhuma intenção de trocá-lo. O que o São Paulo quer mudar é o coração dos jogadores.

– Isso se atribui a todos, quem entra e quem não entra. Estamos num processo de revisão, questionamento, autocrítica, e somos bem receptivos às críticas externas. Uma vontade a mais é necessária porque estamos no São Paulo. Coração vibrante, desejo de conquistar e fazer história aqui é o que temos que exigir. E nós teremos – decretou.

Fonte: GE