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Escritor francês vence Nobel de Literatura 2014

Escritor francês também afirmou estar muito feliz, afirma seu editor.

Em 09/10/2014 Referência JCC

O escritor francês Patrick Mondiano, de 69 anos, afirmou estar muito feliz por ter recebido o Nobel de Literatura 2014, e disse que gostaria de saber as razões pelas quais recebeu o prêmio e o dedicou ao seu pequeno neto sueco.

"Parece-me um pouco irreal estar diante de gente que admirei", disse Modiano, em referência a outros grandes escritores franceses que receberam o prêmio, como Albert Camus.

"Foi como uma espécie de desdobramento com alguém que tinha o mesmo nome que eu... tudo isso foi um pouco abstrato", comentou o premiado, falando à imprensa com o estilo hesitante que o caracteriza na expressão oral. "Vi que estava (na lista de candidatos), mas não esperava", disse.

"Gostaria de saber como explicaram sua escolha, queria saber quais são as razões pelas quais me escolheram", comentou o escritor de 69 anos, autor de mais de trinta romances cheios de mistério e melancolia. "Meu neto é sueco, dedico a ele este prêmio porque é seu país", acrescentou após o anúncio do Nobel em Estocolmo.

Mais cedo, seu editor, Antoine Gallimard, disse que Modiano comentou que ganhar o prêmio era algo estranho. "Telefonei para Modiano. Eu o parabenizei e ele, com sua habitual modéstia, disse: 'é estranho'. Mas estava muito feliz", contou o presidente da editora Gallimard. "Para nós, é uma profunda surpresa e um dia maravilhoso", acrescentou.

O presidente francês François Hollande também felicitou Modiano através de sua conta oficial no Twitter. "Felicitações a Patrick Modiano, este prêmio Nobel consagra uma obra que explora as sutilezas da memória e a complexidade da identidade", afirmou o chefe de Estado.

Modiano, autor de romances que se concentram em temas como a culpa, a memória e o sofrimento de um país sob a ocupação nazista, venceu nesta quinta-feira (9) o Prêmio Nobel de Literatura.

O prêmio foi concedido a este autor "pela arte da memória com a qual evocou os destinos humanos mais inatingíveis e revelou o mundo da ocupação" nazista da França (1940-1944), anunciou a Academia Sueca em um comunicado.

Modiano, de 69 anos, situou toda a sua obra na Paris da Segunda Guerra Mundial, descrevendo os acontecimentos daquela época através de personagens comuns. Seu estilo sóbrio e claro fez dele um escritor acessível apreciado pelo grande público e também pelos círculos literários.

Ele é o 11º autor nascido na França a ser premiado. O mais recente foi Jean-Marie Gustave Le Clézio, em 2008. Antes do anúncio, eram apontados como favoritos nomes como o queniano Ngugi wa Thiong'o, o japonês Haruki Murakami e a bielorrussa Svetlana Aleksijevitj.

Peter Englund, secretário permanente da Academia sueca, afirmou que Modiano é um nome bem conhecido na França, mas não em todos os lugares. Disse que seu livro mais famoso é "Uma rua de Roma", que conta a história de um detetive que perde a memória. "Você pode ler facilmente um de seus livros à tarde, ir jantar, e ler outro livro à noite".

Biografia

Jean Patrick Modiano nasceu em 30 de julho de 1945 na comuna Boulogne-Billancourt, subúrbio de Paris. É filho de um homem de negócios judeu de Alexandria e da atriz belga Louisa Colpeyn.

Seu primeiro romance, "La place de l’étoile", foi publicado em 1968. Ao longo de sua carreira, também escreveu roteiros para o cinema. Foi um dos autores do filme "Lacombe Lucien" (1974), dirigido por Louis Malle. O longa ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1975. Em 2000, Modiano integrou o júri do Festival de Cannes.

Antes do Nobel, Modiano já havia recebido os principais prêmios da literatura francesa, como o Grand prix du Roman de l’Académie française em 1972, por "Les boulevards de ceinture", e o Goncourt em 1978, por "Uma rua de Roma". Pelo conjunto da obra, recebeu o Grande Prêmio Nacional das Letras, em 1996, e o Prêmio Marguerite Duras em 2011, na França.

Lançamento no Brasil
Modiano teve sete livros publicados no Brasil. Editados pela Rocco, seis deles estão esgotados. São eles "Ronda da noite" (1985), "Uma rua de Roma" (1986), "Vila triste" (1998), "Dora Bruder" (1998), "Do mais longe ao esquecimento" (2000), e "Meninos valentes" (2003). "Filomena firmeza", com ilustrações de Sempé, saiu pela Cosac Naify neste ano.

Fonte: G1