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Esgoto jogado no rio será tratado em 2017

Segundo prefeito de Colatina, o projeto pode levar de dois a três anos.

Em 13/11/2014 Referência JCC

O esgoto despejado no Rio Doce em Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo, deve começar a ser tratado em 2017, de acordo com o prefeito Leonardo Deptulski. Durante a expedição científica, realizada no lado capixaba do rio para levantar as principais causas e características da seca, foi constatado um alto grau de poluição nas águas que cortam a cidade. Em um dos córregos do município, o córrego São Silvano, o nível de oxigênio da água chegou a zero. Nenhum ser vivo que necessita de ôxigênio para sobreviver conseguiria habitar no córrego.

Esta é a quarta matéria da série de reportagens sobre a expedição cientifíca realizada para explorar o maior rio do Espírito Santo. O objetivo é levantar informações que vão ajudar na elaboração de um diagnóstico a respeito da atual situação do rio. Em sete dias de expedição, especialistas viajaram 160 km pelos municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares. Em uma primeira análise, a equipe constatou que serão muitos os desafios para a recuperação do rio.

Uma água escura, sem vida, com um forte odor. É assim que os pesquisadores da Expedição Rio Doce encontraram o córrego São Silvano, um afluente do rio. No local, é desepejado sem nenhum tratamento todo o esgoto produzido em São Silvano, o maior bairro de Colatina. A coleta feita durante a expedição mostrou que, em uma escala de 0 a 9, sendo 9 o maior número do nível de oxigênio da água, o córrego foi o único que apresentou zero.

De acordo com a professora do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Josiana Laporti, o tratamento de esgoto deveria respeitar a legislação. "O tratamento de esgoto é básico, a gente tem a legislação que fala que quem realmente capta a água do rio, tem que devolver ela tratada dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação brasileira. Então, tratar e tratar com qualidade é a forma de captar e captar com qualidade", explicou.

 

Em outros pontos da cidade, também se vê o esgoto sendo lançado sem nenhum tratamento. O esgoto volta para o mesmo rio, onde a água é captada para abastecer a cidade. Devido à seca, é possível andar pelo meio do Rio Doce, em Colatina, sem nem mesmo molhar os pés. Os bancos de areia dificultam a captação para a cidade, já que toda a água utilizada não vem de nenhum afluente. "Se continuar, a dificuldade vai aumentar cada vez mais", afirmou Abrahão Elesbon, professor do Ifes.

Tratamento de esgoto
Segundo o prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski, o projeto para iniciar o tratamento de esgoto na cidade, deve levar de dois a três anos para ser concluído. "A estação já está bem adiantada e a solução para a situação para que nós encontramos é essa. Menos de 20% dos municípios da bacia do Doce tem o tratamento de esgoto. Fruto de anos sem investimento em saneamento, porque não tinha recursos próprios para fazer", disse.

O prefeito disse ainda que os recursos foram buscados em parceria com o governo federal.
"Agora nós estamos conseguindo executar as obras, para tratar o nosso esgoto. Então, no final de 2017, nós teremos todo o sistema implantado e coletando 100% do esgoto urbano", completou.

Esperança
Próximo ao rio, em meio ao cenário de seca  e destruição, o terreno do agricultor Antônio Fachetti chama a atenção pela qualidade e quantidade de hortaliças. Junto ao filho, ele rega a plantação com a água que vem de um lençol freático.

Segundo o agricultor, neste ponto da cidade, nenhuma folhosa sobreviveria à irrigação, caso fosse usada a água do Rio Doce. "É uma poluição aí não dá para explicar. E qualquer coisinha, a hortaliça não vai nos alimentar", disse Antônio.

 

Ao longo da expedição, a equipe se deparou com bancos de areia. Nesses momentos, foi preciso descer dos barcos e empurra-los pelo meio do rio. Para o pescador amador João Guimarães, o rio Doce significa vida. "Significa vida, muita abundância. A vida se não tomar conta acaba", afirmou.

Fonte: G1-Espírito Santo