ESPORTE NACIONAL

Esta terra tem dono! Inter atropela o Juventude e é hexacampeão gaúcho.

Colorado aplica 3 a 0 ao natural no Beira-Rio, com gols de Sasha, Paulão e Gustavo Ferrareis.

Em 08/05/2016 Referência JCC

O Inter sequer precisava de uma atuação de gala no Beira-Rio neste domingo. Um empate encardido e amarrado já bastava para inflamar os mais de 40 mil colorados nas arquibancadas com o 20º título do século. Mas tente dizer isso aos comandados de Argel. A Eduardo Sasha, Paulão e Gustavo Ferrareis, responsáveis pelo 3 a 0 sobre o Juventude, na grande decisão do Gauchão. Responsáveis por um luxo nada mais justo a um clube que se acostumou a presentear a torcida com extravagâncias. Com taça. A sexta seguida no Rio Grande do Sul. O Inter não só atropelou o Juventude, como vem atropelando todo e qualquer rival em solo natal. O Inter é soberano. É hexacampeão do Campeonato Gaúcho após 40 anos. Infle os pulmões e grite, torcedor colorado: esta terra tem dono! É hexa!

É hexa e com justiça. Há quem não goste. Há quem critique e com um quê de razão. Argel, diga-se, penou nas primeiras rodadas. Custou a atribuir uma cara à equipe sem D'Alessandro. Mas mostrou que há vida sem o ídolo para soterrar as críticas. Conviveu e ainda convive sob pressão, agora amainada pela conquista e pela fase excelente. O capitão Alisson ergue a taça em meio a 14 jogos de invencibilidade, após uma campanha com 11 vitórias, seis empates e apenas uma derrota – aproveitamento de 72,2%. 

O time de Argel pode não ser lendário como o Rolo Compressor dos anos 40. Tampouco reluz como o Inter de Falcão e de ouro nos anos 70. Mas também escreve seu nome na história do clube. O Colorado é hexa do Gauchão pela terceira vez, assim como as equipes emblemáticas do clube. Volta a encarreirar seis títulos seguidos pela primeira vez em mais de 40 anos, desde 1974 - na ocasião, foi além e conquistou até o octa, em 1976. O último hexa do estadual havia sido conquistado pelo Grêmio, entre 1985 e 1990.

O sonho do Juventude em surpreender o Inter durou apenas 14 minutos. De volta à equipe após o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) conceder efeito suspensivo, o lateral-direito cobrou falta na cabeça de Eduardo Sasha, que, livre, mandou para o gol de Elias.

Com a vantagem em mãos, o Inter voltou ao segundo tempo para esperar o adversário. Argel recuou a equipe em um 4-4-2 em linha, com Anderson e Aylon mais adiantados. O Juventude pressionava, mas a ousadia saiu pela culatra. Aos 24, novamente William cobrou falta do lado da área, e Paulão subiu para marcar de cabeça. O goleiro Elias errou na saída do gol.

 A torcida vermelha passou a gritar "olé" no Beira-Rio. Após boa troca de passes, nasceu o terceiro gol. Aos 36, Artur tabelou com Sasha e cruzou da linha de fundo. Posicionado na segunda trave, Gustavo Ferrareis marcou seu primeiro gol como profissional.

O 0 a 0 já dava a taça ao Inter, mas Eduardo Sasha fez questão de transformar seu tento em muito mais do que um detalhe do hexa. Aos 15, William cobrou falta da direita e levantou na cabeça do camisa 9, que escorou no contrapé de Elias para inaugurar o placar. A cabeçada foi perfeita, mas tem seu tamanho reduzido, perante a comemoração, com corneta – nem tão – velada ao rival. O atacante arrancou a bandeira de escanteio e dançou valsa no gramado do Beira-Rio, numa alusão aos 15 anos sem títulos nacionais do maior rival, Grêmio.

Na sexta-feira, o departamento jurídico do Inter conseguiu liberar William do gancho de seis jogos de suspensão pela cotovelada em Miller Bolaños, no Gre-Nal 409. Sem atuar há quase 40 dias, o lateral virou novidade de última hora na escalação de Argel e coroou a opção de Argel com protagonismo. Ou melhor, como garçom. Em duas cobranças de falta pela direita, o garoto colocou a bola nas cabeças de Eduardo Sasha e de Paulão. Sem provocações ao rival, o zagueiro decretou a vitória num testaço de cabeça, já na segunda etapa.

A torcida já vibrava sob gritos de "olé" nas arquibancadas, quando Gustavo Ferrareis completou a festa ao anotar o terceiro gol do Inter. Veja bem: o terceiro de cabeça, após boa jogada de Artur pela esquerda. A bola entrou entre as pernas de Elias. 

A tarde no Beira-Rio foi de festa, de hexa histórico e de homenagens a Larry Pinto de Faria, "O Cerebral", ex-atacante e ídolo do Inter, morto na sexta-feira. Antes da partida, os colorados aqueceram no gramado com a camisa reserva, semelhante à vestida por Larry nos anos 50, com o número 9 e o nome do craque às costas. Houve ainda minuto de aplausos antes do apito inicial, pelos torcedores.

Fonte:GE