ECONOMIA CAPIXABA

Estratégia para o leite é manter preço este ano.

O valor do litro do leite pago aos produtores no ES está maior que a média nacional.

Em 04/03/2016 Referência JCC

A Scot Consultoria revelou dados referentes à quantia paga, em nível nacional, ao produtor de leite por litro produzido em janeiro de 2016. Segundo o estudo, houve um acréscimo de 0,7%, resultando em R$0,966, à quantia recebida pelo produtor. No Espírito Santo, a quantia paga pelo produto chega a R$1,10, valor acima da média, e deve ser mantida devido à diminuição da oferta.

É a expectativa do presidente da Fiore, Marcos Corteletti, que argumenta: “está tendo pouca oferta aqui no Estado, e a tendência para os próximos meses é de manutenção do valor, nem queda nem alta. Tradicionalmente essa época era momento de queda no preço, mas devido à escassez de leite, o preço está em manutenção. A produção estadual caiu bastante e está menor que o normal. O valor pago aos produtores está maior que a média nacional, alguns podem receber até RS1,10 pelo litro do leite”.

Corteletti afirmou também que as projeções de produção para o ano não são as melhores. “As perspectivas não são boas por conta da queda do volume de leite. Nós estamos entrando no 4º ano de seca e não temos previsão de chuva que favoreça o setor. Sabemos que vamos enfrentar mais um ano de restrição hídrica com queda na produção”, explica.

O comportamento do consumidor também é colocado como um fator de impacto no valor de produção. Conforme relatório da Scot Consultoria, houve a diminuição de vendas de leite e derivados em decorrência da situação atual da economia brasileira. Dessa forma, seguindo a lei de oferta e procura, a quantia angariada pelo setor não conseguia cobrir o custo de produção, o que fez com que o valor fosse transferido para o preço do litro produzido.

Produção

Ainda de acordo com o estudo, a expectativa é que os custos de produção permaneçam em alta. Isso porque a cotação do dólar se mantém valorizada, o que eleva os preços de insumos, por exemplo. Como consequência, a pecuária leiteira passa a requerer uma verba maior para ser desenvolvida.

Quando comparado à média nacional, a situação do produtor capixaba tem variado muito. Segundo o presidente da Comissão de Leite de Guaçuí (Colagua), Burton Moreira, as informações da Scot Consultoria não refletem o momento da produção estadual.

“As análises realizadas por esse instituto são feitas com dados baseados nos maiores produtores do Brasil, que são os estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás. Na minha avaliação, a nível do Estado, a pesquisa deveria ser feita com dados dos laticínios locais. Só assim seria possível chegar à realidade do local”, defende.

Moreira completa explicando que a produção capixaba foi muito afetada pela seca e pelo aumento do valor dos alimentos que são utilizados na composição da ração dos animais leiteiros. No entanto, o presidente da Colagua afirma que o custo pago pela produção já chega a valores maiores do que de anos anteriores. “É importante lembrar que o preço do litro do leite em 2016 já chega a patamares superiores ao pago em 2014. O Estado sofre com a seca e, nesse momento, é impactado pela alta do milho e da soja”.

A crise também é apontada como um dos fatores que tem atrapalhado o desenvolvimento da atividade no Espírito Santo. De acordo com o presidente da Comissão de Leite da Faes, Rodrigo Monteiro, os produtores leiteiros são os que mais têm sofrido no setor com o impacto causado pela atual situação econômica. “O valor do insumo, da ração, da energia elétrica e dos remédios tiveram aumento expressivo e o preço do litro do leite não acompanhou”.

Essa conjuntura tem sido responsável pela falta de ânimo dos produtores de leite em seus negócios. “O produtor tem ficado no vermelho e isso acaba refletido na diminuição da produção e também diminui o consumo. Os produtores são uns dos que mais têm sentido a crise, sentindo-se desestimulados, e alguns até tem largado a produção”, comenta Monteiro.

Fonte: FAES/SENAR