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Exploração contribui para seca do Rio Doce

Expedição científica explorou maior rio do estado para diagnóstico.

Em 12/11/2014 Referência JCC

A exploração econômica das últimas décadas é uma das causas da situação de seca do Rio Doce, no Espírito Santo, de acordo com o professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Thiago Saquetto. A economia do Norte e Noroeste do estado passam pelo maior rio do Espírito Santo. Uma expedição científica foi realizada no lado capixaba do rio para levantar as principais causas e características da seca.

Esta é a terceira matéria da série de reportagens sobre a Expedição Rio Doce. O objetivo é levantar informações que vão ajudar na elaboração de um diagnóstico a respeito da atual situação do rio. Em sete dias de expedição, especialistas viajaram 160 km pelos municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares. Em uma primeira análise, a equipe constatou que serão muitos os desafios para a recuperação do rio.

No pasto amarelado, o grupo encontrou um gado cada vez mais magro. Desde a enchente de dezembro de 2013, não choveu o suficiente no Noroeste do Espírito Santo."O produtor tem que rezar porque daqui a 30 dias não vai ter água para fazer irrigação mais. E o gado, a gente vai perder cerca de 70%", afirmou o gerente de fazenda Florêncio Mantai.

O pescador Luiz Rosa contou que no passado seu pai já previa a seca. "Finado meu pai e minha mãe sempre disseram que daqui a 20, 30 anos eu ia ver o rio morto. E é o que estamos enxergando hoje. O rio não está morrendo, está acabado. Ele não existe. O que eu vi há 50 anos não existe mais. Dava muito peixe e agora não consigo mais pescar. Dava tudo quanto é tipo de peixe", disse.

Das imponentes barragens das hidrelétricas, passando pelo rebanho bovino e por lavouras, como a do cacau, pode-se perceber que a economia do Norte e Noroeste do estado passa pelo Rio Doce.

"A exploração econômica ao longo das últimas décadas, de alguma forma, contribuiu para a situação que a gente encontra no rio hoje. Especialmente, pela demanda da água e pela forma como essas atividades economicas interagem com o Rio Doce. Além de demandar água, parte dos resíduos, de alguma forma vão sendo direcionados para o rio", explicou o professor do Ifes Thiago Saquetto.

A água dos afluentes do Rio Doce servem para irrigar as plantações. É o caso do rio Santa Maria, que nasce na Serra do Gelo, em Santa Teresa, mas quando chega ao Rio Doce não apresenta tanta água. "Segundo a Agência Nacional de Água, 70% da retirada de água para uso dos cursos d'água superficiais são para irrigação. A irrigação feita dentro de um controle pode até reabastecer o lençol freático. O problema é que de forma desordenada esse retorno não é garantido para um curso d'água", disse o professor Abrahão Elesbon.

Fonte: G1-Espírito Santo