SAÚDE

Falta de sintomas específicos dificulta diagnóstico de câncer de estômago.

Doença atinge mais homens do que mulheres.

Em 06/09/2016 Referência JCC

Uma queimação no estômago pode indicar úlcera ou gastrite, doenças benignas causadas por estresse, má alimentação, uso prolongado de anti-inflamatórios ou pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori). Mas é também por trás desse simples sintoma que se esconde o câncer de estômago, o terceiro que mais atinge os homens e o quinto entre as mulheres no Brasil.

Estima-se que só este ano no País surjam 20,5 mil novos casos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a maioria em homens (12,9 mil). Além da queimação, são semelhantes entre quem tem uma das três doenças a perda de peso e de apetite, fadiga, vômito, náuseas e sensação de estômago cheio, que podem dificultar a investigação. 

Entre tantas similaridades, o oncologista Nivaldo Kiister, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), aponta um detalhe que pode facilitar a diferenciação: “Nas úlceras gástricas e na gastrite, é comum a presença de sangue nas fezes, vindo de sangramentos gástricos, numa coloração mais escura, pois é digerido no estômago. No caso do câncer, isso só ocorre em 10 a 15% dos casos. Da mesma forma, é a presença de sangue no vômito. Ou seja, sintomas prolongados e com ausência de sangue pedem maior atenção do paciente e do médico”, explica Kiister.

Sinal amarelo

Cerca de 65% dos casos de câncer de estômago afetam homens com mais de 50 anos. Dados do Ministério da Saúde apontam que mais de 9 mil homens morreram no Brasil em 2013 vítimas da doença, quase o dobro em relação as mulheres (5 mil mortes).

Nódulos indicam estágio avançado da doença

A falta de sintomas específicos é o que leva ao diagnóstico tardio do câncer, alerta Kiister. “Nódulos na parte superior do abdômen, ao redor do umbigo e íngua na parte inferior esquerda do pescoço indicam que a doença já avançou”, conclui. Além disso, o fígado aumenta de tamanho e o paciente sente dor ao ter o estômago apalpado.

Diagnóstico

O oncologista avalia que a endoscopia (exame que permite visualizar o estômago por dentro), seguida de biopsia e análise citológica (análise mais específica do tecido do estômago) são os primeiros passos para um diagnóstico precoce e podem ser pedidos, a princípio, por um gastroenterologista. 

Outro exame que pode auxiliar a investigação é a radiografia contrastada, na qual os raios-x procuram por áreas anormais ou tumores. 

Tratamentos

Não há um tratamento que seja considerado o melhor para o câncer de estômago, pois a indicação depende do estado da doença no momento do diagnóstico, do tamanho do tumor, da idade e estado geral de saúde do paciente, entre outros fatores. Porém, a cirurgia é a principal alternativa terapêutica, segundo Nivaldo Kiister. “A radioterapia e a quimioterapia podem até ser realizadas antes ou depois da cirurgia, mas só ela extingue o tumor”.

O médico explica que, quando realizado antes, o tratamento radioterápico pode reduzir o tumor e facilitar a cirurgia. Já depois da intervenção, ele auxilia na prevenção do retorno da doença. E em caso de estágio avançado, pode retardar o crescimento do tumor e aliviar os sintomas.

Medo é comum

Para Kiister, o medo de tratar o câncer ainda é comum. “As pessoas temem os efeitos colaterais como vômito, diarreia, náuseas e fadiga, principalmente quando há quimioterapia. E têm o mesmo sentimento em relação ao risco de voltar a desenvolver um novo câncer, por causa da radioterapia”, afirma. Mas segundo o ele, o uso de tecnologias de tratamento mais avançadas e de maior precisão diminuem consideravelmente essa probabilidade.

Alimentar-se bem é a melhor forma de prevenção

“Uma dieta balanceada desde a infância é a melhor maneira de prevenir qualquer doença”, afirma o oncologista.  E no caso do câncer de estômago, incluir vegetais crus, frutas cítricas e alimentos ricos em fibras, aliado a um estilo de vida saudável, longe do cigarro, do álcool e de alimentos defumados, enlatados, com corantes ou conservados em sal é indispensável. 

“Pessoas com parentes diagnosticados com câncer de estômago ou que já apresentaram problemas gástricos precisam ter atenção redobrada com a alimentação”, adverte. 

Fonte: Vera Caser