ECONOMIA CAPIXABA

Falta de verba atrasa "Minha Casa Minha Vida" no ES, diz construtora.

Uma das empresas disse que ainda precisa receber R$ 2 milhões.

Em 24/06/2015 Referência JCC

Cadastrados no programa do Governo Federal 'Minha Casa Minha Vida' há anos, alguns capixabas estão longe de realizar o sonho da casa própria. Obras que já deveriam ter sido entregues em 2014 estão praticamente paradas, em municípios do Espírito Santo. As construtoras alegam falta de pagamento por parte do governo. A Caixa, por sua vez, informou que pagou todas as obras que foram vistoriadas até o dia 10 de maio.

Em Linhares, no Norte do estado, são 1592 casas do Minha Casa Minha Vida que estão vazias, sem nenhum morador. Gente como diarista Lucileia Santos, que se inscreveu no programa em 2010 e continua morando em uma rua cheia de lama, na casa de madeira com cozinha, banheiro e um quarto, que ela divide com dois netos.

Como diarista, ela ganha R$500. Dessa quantia, R$ 200 vão para o aluguel. “Eu não ganho lá essas coisas para poder pagar aluguel caro. E aqui é área de risco. Quando vem a enchente, prejudica muito a gente aqui dentro”, disse a diarista.

A previsão inicial era que o condomínio onde Lucileia quer morar fosse entregue em 2012. Mas na época choveu muito e a obra atrasou. Era preciso construir uma barragem para evitar alagamentos. Mas a barragem não foi feita. A construtora informou que espera até hoje uma licença ambiental para fazer a barragem. E as casas continuam vazias.

Em Colatina, no Noroeste, são mais de 400 casas que, pelo prazo inicial, já deveriam estar ocupadas desde o ano passado. A empresa também alegou que a chuva atrasou a obra e já adiantou que esse ano o atraso vai continuar. Mas a explicação não é chuva e sim a falta de dinheiro. A construtora alega que não está recedendo o pagamento em dia e, por isso, a obra está parada.

A Construtora Arpa, que fez as casas, disse que tem R$ 2 milhões para receber. Sem esse dinheiro, não tem casa concluída e muito menos entregue. “Mais de sete meses que está praticamente parada e existem as discussões com a Caixa a respeito de contrato, nós vamos entregar assim que recebermos da Caixa Econômica”, disse o empresário João Meneguelli.

Outras casas ficam na cidade de Aracruz, no Norte do estado. Na placa, está escrito que deveria estar tudo pronto no ano passado. A empresa disse que pretendia entregar em julho deste ano, mas devido ao atraso no pagamento, só deve terminar as obras no ano que vem.

O pedreiro Solivan dos Santos se cadastrou no programa há seis anos. Em 2013, o prédio em que ele morava desabou com a enchente que atingiu a cidade de Colatina. Hoje, ele mora em uma casa com uma ajuda da prefeitura: o aluguel social.

Para ele, que é pedreiro, fica ainda mais difícil aceitar tanta demora para entregar as casas. “É difícil, porque se a gente tem um compromisso com uma pessoa, se a gente marca o prazo de entregar uma obra, a gente tem que entregar. Não ficar enrolando, demorando”, desabafou.

Também há capixabas esperando pelas casas em Jaguaré, Cachoeiro de Itapemirim, São Mateus e na Serra.

Outro lado
O Ministério das Cidades informou que este ano já enviou R$ 7 bilhões de reais para o Minha Casa Minha Vida em todo o Brasil. No Espírito Santo, o dinheiro vai para a Caixa Econômica, que faz o pagamento depois de conferir se as obras foram feitas corretamente.

A Caixa informou que pagou todas as obras que foram vistoriadas até o dia 10 de maio. Mas não disse exatamente quais foram essas obras vistoriadas.

Sobre a construção do dique para evitar alagamentos no residencial em Linhares, o Iema informou que precisa que outros órgãos públicos mandem informações e só depois pode autorizar a obra.

Fonte: G1-ES