CIDADE

Familiares de vítimas do trânsito participam de missa no ES.

Cerca de quatro mil pessoas estiveram presentes no Convento da Penha.

Em 03/08/2015 Referência JCC

Uma única celebração no Convento da Penha, em Vila Velha, Grande Vitória, provocou um turbilhão de sentimentos nos que estavam presentes. Tudo expressado por cerca de 4 mil pessoas que compareceram à Missa em Memória às Vítimas de Acidentes de Trânsito, na manhã deste domingo (2). Esta foi a nona edição da missa, que reúne diversas famílias que perderam entes queridos no trânsito e gente que sobreviveu a graves acidentes.

Há quase dois meses, a jovem Caroline Reis, de 19 anos, foi atropelada enquanto estava em um ponto de ônibus, na Enseada do Suá, em Vitória. Ela sofreu lesões no cérebro e na segunda vértebra da coluna, quebrou os dois braços, a bacia e uma perna.

Por tantos ferimentos, para ela e seus familiares, estar viva é um milagre. A presença de Caroline na missa emocionou muitas pessoas e ela diz que ainda precisa de tempo para se recuperar totalmente.

“O processo de recuperação não é lá essas coisas, não é rápido. Vou demorar para voltar a andar, por causa das cirurgias e da fisioterapia. Mas, estamos indo e daqui a pouco estou correndo e pulando por aí”, contou à Rádio CBN Vitória.

Quem se deixou levar pela emoção com a presença de Caroline foi o diretor-geral do Detran-ES e ex-titular da Delegacia de Delitos de Trânsito, Fabiano Contarato. Ele é o idealizador e organizador da missa.

Ao ver Caroline na cadeira de rodas, Contarato não conteve as lágrimas. “Não tem como não ficar (emocionado). Isso é um milagre”, disse.

Saudade
Não só familiares de acidentes recentes compareceram à missa. Há 16 anos, a aposentada Santinha Lodi, hoje com 63 anos, perdeu seu único filho em um acidente de trânsito. Por toda a missa, ela segurou uma foto com o rosto do rapaz. Ela conta que a dor permanece diariamente.

“Por um ano, fiquei carregado na mão dos outros. Mas, me apeguei a Deus e à Nossa Senhora. Tudo passa. Aquela dor terrível passa, mas o sentimento ainda fica dentro da gente, eu nunca esqueço”, falou à Rádio CBN.

Após a missa, familiares das vítimas receberam rosas das mãos de Contarato. Para ele, uma morte no trânsito ocasiona diversas outras mortes que não são contabilizadas.

“Por trás dessas mortes físicas, existem outras que a sociedade não conta. Quando morre um filho, os pais se cobram, e acontece a morte do matrimônio. O avô que sente falta da neta, entra em depressão e essa é outra morte. O irmão que sente falta da irmã entra nas drogas e acontece mais uma morte”, disse.

A missa foi celebrada pelo guardião do Convento da Penha, Frei Valdecir Schwambach. O tema deste ano foi “Violência no trânsito, um comportamento que exige seu perdão”. Em 2016, o evento completa 10 anos.

Fonte: G1-ES