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Festa para São Jorge reúne milhares de fiéis em Quintino, no Rio.

Tradicional igreja na Zona Norte fica lotada com fiéis do santo guerreiro.

Em 23/04/2015 Referência JCC

A Igreja Matriz de São Jorge, na Rua Clarimundo de Melo, em Quintino, na Zona Norte, iniciou na madrugada desta quinta-feira (23) as celebrações do dia do santo guerreiro. Segundo o padre Dirceu Rigo, pelo menos 150 mil fiéis são esperados para pedir proteção e agradecer pelas graças recebidas.

O padre diz que a igreja está em festa desde domingo (19), com os fiéis antecipando as homenagens ao santo. Desde quarta-feira (22), o movimento já era grande. De meia em meia hora, o padre abençoava objetos trazidos pelos fiéis.

A programação desta quinta começou às 3h30 com a apresentação da peça “São Jorge, o general mártir”, com o grupo de teatro "Filhos de Jorge". São 35 jovens da paróquia que contam a vida do santo guerreiro. Às 5h, teve a alvorada com 21 tiros para saudar o soldado São Jorge, o toque do clarinete da alvorada, o badalar do sino e a queima de fogos de artifício.

Logo em seguida começou a primeira missa. A partir das 7h, as missas serão de hora e hora. A missa das 10h será celebrada pelo cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta.  A procissão pelas ruas do bairro de Quintino começa às 16h, e dura cerca de duas horas. Às 18h tem a última missa e nova apresentação do grupo teatral.

O padre Dirceu diz que em 2014, segundo cálculos da polícia, 200 mil pessoas participaram da festa. “A participação da comunidade é muito grande, assim como a participação e o apoio da prefeitura e do estado. Isso é um grande incentivo e nos anima muito. Desde domingo já contamos com apoio de estrutura e segurança por parte da prefeitura e do estado”, disse o padre.

Para ele, o carioca tem muita fé em São Jorge, pois se identifica com a coragem que o jovem soldado teve para derrotar o dragão. “O dragão hoje não é um bicho, o dragão que temos hoje na frente das nossas portas, das nossas casas, da nossa igreja é tudo o que quer destruir nossa vida. São Jorge destruiu o dragão unido a Cristo, e o povo também tem essa força unido a Cristo com fé para derrotar esse dragão que quer destruir nossa vida”, analisou.

O aposentado Carlos Alberto Nunes Saroldi, de 59 anos, levou uma vela de 1,5 metro para acender para o santo guerreiro durante as comemorações. De acordo com ele, a homenagem será feita já que teve pedidos realizados no ano passado e conseguiu uma ajuda financeira importante.

"Quero agradecer a ele esse ano. Em 2014 acompanhei a procissão pela primeira vez e fui atendido. Saiu o dinheirinho que eu tanto esperava", afirmou o devoto Carlos Alberto Saroldi.

Fiéis passam mal
Muitas pessoas passaram mal durante a Alvorada de São Jorge em Quintino. Desde a madrugada, milhares de pessoas se concentravam em frente à igreja para assistir a primeira missa em homenagem ao santo guerreiro.

Devota do santo há mais de 30 anos, a idosa Rita Clara da Silva, de 83 anos, fez questão de ir à igreja agradecer. Ela acabou passando mal, logo depois das cornetas que anunciaram a Alvorada, e precisou ser retirada do meio da multidão por voluntários que trabalhavam na igreja.

"Venho todo ano, mas esse ano cheguei mais tarde e acabei ficando no meio da multidão. Meu filho é afilhado de São Jorge. Estou aqui hoje para pedir paz e saúde para os meus filhos e netos", garantiu Rita, que ano que vem pretende chegar mais cedo para não enfrentar tumulto.

Assim como em Quintino, desde domingo (19) a igreja está lotada, com os fiéis antecipando as celebrações. Nesta quinta, a festa começa com a alvorada, às 5h, e, das 8h às 16h, haverá missas de hora em hora do lado de fora da igreja, que é pequena para a multidão de fiéis.

O padre lembra que essas missas têm intenções próprias, o que significa que têm temas sugeridos pelos fiéis, em geral, sobre as atribulações da vida cotidiana como missas em intenção dos desempregados ou dos doentes.

Às 17h, a missa é celebrada dentro da igreja para os militares – São Jorge é o padroeiro dos militares. Às 20h, o cardeal arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, devoto de São Jorge, segundo o padre Wagner Toledo, celebra a missa de encerramento. Para o padre Wagner, a devoção do carioca pelo santo guerreiro vem muito da identificação.

“O carioca se identifica com a perseverança de São Jorge, não desiste, não desanima, acredita num dia melhor. A gente enfrenta tantos dragões no dia a dia, a violência, a falta de acesso à educação, à saúde. E a gente não pode se derrotar, a gente luta por que acredita na pessoa humana, a gente se identifica com São Jorge pela coragem e pela força de ir em frente e não ser derrotado pelo mal. Nesta semana refletimos muito sobre o tema esperança para levar a frente a vida”, disse o padre.

A igreja de São Jorge na esquina da Praça da República com Rua da Alfândega, no Centro do Rio, também estava lotada na manhã desta quinta. A devota Maria do Socorro, de 55 anos, esperou cerca de três horas e meia na fila para conseguir entrar no local. "Vale a pena o sacrifício para agradecer todas as graças concedidas por São Jorge, que são muitas", afirmou.

O professor de jiu-jitsu Marcos Paulo de Freitas, de 31 anos, trouxe uma vela maior que ele para agradecer um pedido atendido. "Estava fora do Brasil e queria muito voltar para os braços da minha família. Estava em Dubai, que tem uma religião muito diferente, aí, além da saudade, tinha também a relutância espiritual", contou o professor que além de agradecer, veio fazer um novo pedido ao santo guerreiro.

GM-Rio de plantão
A Guarda Municipal (GM-Rio) montou um esquema especial de patrulhamento com o efetivo total de 523 agentes - divididos em turnos – para as festividades de São Jorge nas igrejas de Quintino e da Praça da República.

Na Igreja Matriz de São Jorge, na Rua Clarimundo de Melo, em Quintino,  a Guarda atuará com 328 agentes, divididos em turnos.  Já para as festividades que acontecem na Igreja de São Jorge do Centro, na Praça da República, a GM-Rio contará com 195 agentes também divididos em turnos.

Festa na quadra
E também tem festa para o santo fora das igrejas. Na quadra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, o padroeiro da agremiação é saudado com a alvorada, às 5h, que terá o toque de clarins de soldados do Corpo do Bombeiros. Já no fim do dia, às 18h, uma missa será celebrada para louvar o santo, que é homenageado com um altar no estacionamento da quadra.

O santo, que no sincretismo religioso é associado a Ogum, orixá deus da guerra, dos metais, do ferro, da agricultura e da tecnologia, é patrono da maioria das agremiações do carnaval brasileiro.

No Centro da cidade, outro ponto de devoção a São Jorge que tradicionalmente reúne milhares de fiéis, é a Igreja São Gonçalo Garcia e São Jorge, na Praça da República.

 

O padre Wagner Toledo foi por 16 anos responsável pela igreja, está há quatro anos à frente da Paróquia de Santa Rita, também no Centro. Mas ainda comanda a festa de São Jorge. Em 2014, segundo contou, foram 170 mil pessoas presentes às missas, segundo cálculos da Polícia Militar.

Fonte: G1