CULTURA

Folia de Reis reúne mais de 60 grupos folclóricos em Muqui, ES.

Tradição folclórica ligada ao Natal aconteceu neste sábado (26).

Em 28/09/2015 Referência JCC

Mais de 60 grupos folclóricos do país participaram da Folia de Reis, no 65º Encontro Nacional de Muqui, no Sul do Espírito Santo, neste sábado (26). A programação teve início nesta sexta-feira (25). O costume da tradicional festa tem influência europeia e celebra os Reis Magos.

A verba destinada ao festejo, cerca de R$130 mil, foi fornecida pelo governo do estado. Em um encontro no teatro, falhas na organização foram admitidas tanto pelo prefeito de Muqui quanto pelo secretário da Cultura.

Às 10h30, as Folias começaram as apresentações na Tenda Cultural, no Jardim Municipal do sítio histórico. Em seguida, os mestres se encontraram no Teatro Neném Paiva, com a Prefeitura de Muqui, a Secretaria de Estado da Cultura e a Comissão Espírito-santense de Folclore.

Por volta de 15h30, começou o cortejo das Folias em direção à Igreja São João Batista, onde os participantes receberam a benção.

O evento seguiu com apresentação das Folias em vários pontos de Muqui. A apresentação dos palhaços aconteceu no Jardim Municipal. Houve entrega de troféus de participação, na Tenda Cultural. No encerramento, aconteceu um show musical.

Falhas
Participantes das Folias notaram que a comida oferecida pela Prefeitura de Muqui estava azeda. O prefeito admitiu que as mais de mil marmitas compradas para a ocasião estavam estragadas e se desculpou, no Teatro Neném Paiva. O secretário de estado da Cultura e o presidente da Comissão de Folclore também comentaram sobre as falhas na organização.

O prefeito de Muqui, Aluísio Filgueiras, explicou ao G1 que a situação aconteceu devido ao processo de licitação, no qual se escolheu o fornecedor mais barato e que não tinha capacidade para preparar tantas refeições.

"O problema da alimentação, infelizmente, foi por conta de compra por licitação. A licitação não se pode direcionar, apresenta-se um preço mais baixo, aí corre o risco, sabe que alguma coisa pode dar errado. O rapaz, coitado, tem boa vontade, mas ele não tem estrutura para aguentar mil refeições num dia. Então ele deve ter preparado essa alimentação ao longo da semana, vindo a acarretar esse desastre para a gente. Mas, com os erros a gente aprende", disse.

"Graças a Deus, os grupos todos que estão aqui compreenderam a situação, não estão revoltados, estão propícios para voltar no ano que vem e outros que não vieram já estão pedindo para vir também", completou o prefeito.

Os foliões demonstraram compreensão em relação à situação da comida e elogiaram o prefeito pela humildade.

"Gostaria de fazer um cumprimento especial ao prefeito, doutor Aloísio, sempre humilde. Veio aqui e reconheceu o problema", disse o mestre de Folia Vanderlei Abílio, de Venda Nova do Imigrante.

"Parabéns a vocês. Receberam a gente bem, nos deram água. A gente aprende muito com vocês. E, sobre o que aconteceu, nem só de pão vive o homem. Então isso não foi nada de mais. A gente vem por devoção, não é por farra", disse o mestre de outra Folia.

O secretário de estado da Cultura, João Gualberto, afirmou, durante o encontro com os mestres no teatro, que as falhas na organização do evento precisam ser corrigidas.

"Sobre a parte da organização, acho que a gente tem que fazer um esforço muito grande. Nós temos que ajustar muita coisa, para a festa ficar melhor ainda. A alimentação é um problema, mas não é o único. O governo tem um papel na organização e não pode abrir mão, junto com a Comissão de Folclore, junto com a Prefeitura de Muqui", declarou o secretário.

O presidente da Comissão de Folclore, Guilherme Ramalho Manhães, pediu para que as festas folclóricas recebam mais atenção do governo estadual.

“No nosso estado, a gente tem um conjunto de festas que marcam a nossa identidade. Por isso, nós temos pleiteado que essas festas tenham apoio do governo do estado, secretário [João Gualberto], para que não seja preciso apresentar um projeto todo ano, ter ir lá pedir o apoio, já que essas festas são tradicionais e todo ano se realizam. Elas precisam constar no calendário estadual, para poder encaixar recursos para os nossos eventos e a gente poder ficar mais tranquilo e saber que o festejo vai poder ter o apoio do poder público", disse Guilherme.

Orçamento
De acordo com o prefeito de Muqui, Aluísio Filgueiras, o município não teria condições financeiras para realizar a festa em 2015. Por isso, toda a verba destinada ao festejo, cerca de R$ 130 mil, foi fornecida pelo governo do estado. 

"O município não tem como arcar com esses gastos. Eu conversei com o governador, com o secretário, e eles conseguiram destinar a verba. Então todos foram premiados, receberam os troféus, todo mundo saindo satisfeito", explicou o prefeito.

Folia
Em 1950, foi realizado o Torneio de Folias em Muqui, um evento que deu origem ao Encontro Nacional de Folias, considerado o mais antigo e maior encontro de Folias do Brasil.

De origem europeia, esse folguedo está ligado às festividades natalinas da igreja. Em terras brasileiras, a Folia de Reis ganhou força no século XIX, nas regiões onde a cafeicultura prosperou, sobretudo nas pequenas cidades de estados como Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Goiás.

Muqui
Muqui possui um acervo arquitetônico e urbanístico que foi construído em função dos ciclos da economia cafeeira. São casas, palacetes, igrejas e prédios públicos tombados pelo município e pelo estado.

Fonte: G1-ES