EDUCAÇÃO

Gabarito do Enem é tabu para grupo que teme ficar abalado por erros

Vestibulandos ignoram correção para evitar impacto em outros vestibulares.

Em 30/10/2015 Referência JCC

Os gabaritos oficiais do Enem foram divulgados nesta quarta-feira (28), mas para muitos estudantes eles não fazem nenhuma diferença. Muitos candidatos optaram por não verificar o número de acertos e comentaram nas redes sociais. Eles apontam dois motivos.

O primeiro é que a metodologia aplicada na correção do Enem, a Teoria de Resposta ao Item (TRI), pode fazer com que dois estudantes com o mesmo número de acertos tenham notas diferentes. Então, mesmo corrigindo o gabarito, não dá para prever a nota no exame. As notas só serão disponibilizadas pelo Ministério da Educação (MEC) na primeira semana de janeiro.

O segundo motivo é que o Enem foi o "start" para a maratona de vestibulares e se o candidato não tiver um bom desempenho, pode ter sua auto confiança abalada nos exames futuros.

"Não vou corrigir por conta da correção diferenciada do Enem. Eu não tenho como saber minha verdadeira nota. E isso vai influenciar nas minhas próximas provas", diz Clarice Gomes, de 21 anos, que fez seu quarto Enem. (veja o vídeo acima)

Em busca de uma vaga no curso de medicina, Clarice ainda vai enfrentar 11 vestibulares de universidades particulares, além do exame da Uerj, no Rio de Janeiro.

Veja alguns posts dos alunos no Twitter:

 
 
Alunos optam por não olhar o gabarito do Enem. (Foto: Reprodução/Twitter)
(Foto: Reprodução/Twitter)
 
Alunos optam por não olhar o gabarito do Enem. (Foto: Reprodução/Twitter)
(Foto: Reprodução/Twitter)
 
Alunos optam por não olhar o gabarito do Enem. (Foto: Reprodução/Twitter)
(Foto: Reprodução/Twitter)

 

Entenda a TRI
Pela metodologia aplicada para a correção do Enem, a TRI, o cálculo da nota de um aluno no exame não depende só de seus acertos. Isso possibilita que colegas com números semelhantes de acertos terem recebido uma pontuação diferente.

O motivo desse fato, segundo especialistas, é que, ao observar diversos aspectos do desempenho dos candidatos, além de apenas o número de acertos, a TRI também consegue prever se um estudante acertou uma questão por acaso, ou seja, se ele "chutou", ao comparar essa resposta com as que ele deu para outras questões.

Por isso, dois estudantes que acertem a mesma questão podem não receber a mesma pontuação por ela –se a questão é considerada difícil, e só um dos alunos acertou outras questões com o mesmo nível de dificuldade, esse aluno receberá mais pontos pelo acerto da questão específica.

No Enem, cada estudante tem cinco notas: uma para cada prova objetiva e uma para a prova da redação. As provas objetivas são as de ciências da natureza, ciências humanas, matemática e linguagens e códigos.

Uma das principais dúvidas sobre a TRI é o fato de que é impossível o aluno tirar nota 1.000 na prova de múltipla escolha (na redação, isso é possível). Por meio dessa metodologia, mesmo que o aluno acerte todas as 45 questões de cada prova, sua nota nunca será 1.000. Da mesma forma, um candidato que erre todas as questões não acaba com a nota zero (ou, no caso do Enem, a pontuação mínima, que é 200 pontos).

Isso acontece porque o exame dá pontos aos candidatos de acordo com uma escala. Ou seja, a nota do candidato não se trata diretamente do seu desempenho individual, mas de como ele se saiu dentro do conjunto dos demais candidatos. Por exemplo, quanto mais próximo da nota máxima, mais certeza é possível ter de que o estudante domina os conhecimentos exigidos na prova.

G1