POLÍTICA INTERNACIONAL

Governo do Japão proíbe fotógrafo de ir à Síria para proteger sua vida.

Trata-se da primeira vez que Tóquio toma este tipo de medidas.

Em 08/02/2015 Referência JCC

O governo do Japão confiscou o passaporte de um fotógrafo que se dispunha a viajar para a Síria para cobrir o conflito civil, uma medida destinada segundo as autoridades a "proteger sua vida", informou neste domingo (8) a imprensa local.

Trata-se da primeira vez que Tóquio toma este tipo de medidas, sob o argumento de que deve proteger a vida do jornalista, indicaram os meios de comunicação.

As autoridades tomaram esta decisão após o sequestro e execução de dois cidadãos japoneses por parte do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que também ameaçou assassinar cidadãos japoneses "seja onde for que estiverem".

O jornalista Kenji Goto e o aventureiro Haruna Yukawa, ambos japoneses, foram executados nas últimas semanas pelo grupo jihadista EI na Síria. Centenas de pessoas se reuniram em Tóquio neste domingo em uma vigília em homenagem aos dois.

O ministério das Relações Exteriores confiscou no sábado (7) o passaporte de Yuichi Sugimoto, um fotógrafo independente que havia planejado viajar à Síria no dia 27 para cobrir a situação nos campos de refugiados, entre outros lugares.

 Mulher segura cartaz com a frase “que descansem em paz” em vigília para os reféns japoneses Kenji Goto e Haruna Yukawa, mortos pelo Estado Islâmico, neste domingo (8) em Tóquio (Foto: Yuya Shino/Reuters)

Mulher segura cartaz com a frase “que descansem em paz” em vigília para os reféns japoneses Kenji Goto e Haruna Yukawa, mortos pelo Estado Islâmico, neste domingo (8) em Tóquio (Foto: Yuya Shino/Reuters)

Mas o japonês, de 58 anos, que trabalhou em zonas de conflito no Iraque e na Síria durante anos, disse que não tinha a intenção de entrar em zonas controladas pelo EI, segundo a "Kyodo News".

"Um funcionário do departamento de passaportes do ministério das Relações Exteriores veio e levou meu passaporte", declarou Sugimoto ao jornal "Asahi Shimbun". "O que acontece com a minha liberdade para viajar e com a liberdade de imprensa?", se perguntou.

O Ministério, por sua vez, assinalou que aplicou a legislação que contempla a retirada do passaporte de um cidadão "para impedir que viaje e com o objetivo de proteger sua vida".

As autoridades souberam da intenção de Sugimoto de viajar à Síria para cobrir o conflito ao ler uma entrevista que concedeu a um meio japonês, e decidiram confiscar seu passaporte depois que o fotógrafo se negou a cancelar seus planos, segundo a emissora estatal "NHK".

Fonte: Rede NHK