ECONOMIA INTERNACIONAL

Grécia manobra para adiar pagamentos devidos ao FMI.

País tem parcela de ? 300 milhões vencendo nesta sexta-feira (5).

Em 04/06/2015 Referência JCC

A Grécia deveria, pelos termos do acordo em vigor, saldar € 300 milhões com o FMI na sexta feira – um primeiro pagamento de um total de € 1,6 bilhão previstos para este mês, em meio ao temor de uma possível saída da Grécia da zona do euro.

Foi a primeira vez em cinco anos de crise que a Grécia adiou o pagamento de uma parcela de sua dívida de € 240 bilhões em ajuda financeira obtidos junto a governos da zona do euro e ao FMI, mesmo que Tsipras tenha dito no início da semana que Atenas tinha o dinheiro e faria o pagamento.

Em comunicado, o porta-voz do FMI, Gerry Rice, aponta que, de acordo com uma determinação do final da década de 1970, países membros do fundo podem solicitar o agrupamento de pagamentos que tenham vencimento em um mesmo mês. "A decisão tinha o objetivo de tratar da dificuldade administrativa de fazer pagamentos múltiplos em um curto período de tempo", disse.

Discordâncias
Membros do partido de esquerda do premiê grego, Alexis Tsipras, demonstram fúria nesta quinta-feira com os termos propostos por credores da Grécia para um acordo de última hora a fim de evitar a falência, mas autoridades europeias expressaram confiança de que um acordo estava próximo.

Tsipras saiu de conversas até o final da noite de quarta com autoridade da União Europeia em Bruxelas dizendo que um acordo com os credores internacionais estava "à vista" e que Atenas faria um pagamento crucial que deve ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na sexta-feira, segundo a France Presse.

As negociações da noite de quarta-feira com Tsipras sobre a entrega de uma ajuda vital a Atenas foram longas e difíceis, comentou nesta quinta-feira o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker à Reuters.

"Só dormi três horas depois de ter tido uma conversa, uma negociação longa e difícil com o primeiro-ministro grego", indicou Juncker ante a Assembleia Geral do Comitê de Regiões em Bruxelas. "Devemos preparar a próxima rodada de negociações", acrescentou, confirmando implicitamente que no momento não há acordo.

Condições
O primeiro-ministro grego, contudo, rejeitou cortes de pensões e um aumento do imposto sobre a eletricidade que, segundo ele, credores europeus e o FMI queriam entre as condições para liberar € 7,2 bilhões em empréstimos congelados e evitar um default que pode afetar negativamente os mercados da zona do euro e mundial.

Conforme detalhes parciais da proposta dos credores vazaram, membros do governo de Tsipras e de seu partido Syriza denunciaram as condições como "assassinas" e inaceitáveis. A reação destacou o risco de uma divisão no Syriza se o primeiro-ministro decidir que ele tem de aceitar o acordo, até porque uma grande maioria dos gregos querem ficar na zona euro.

"(O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker) assumiu o trabalho sujo e transmitiu o mais vulgar mais assassino, plano, mais difícil quando todos esperavam que o negócio estava fechando,", disse Alexis Mitropoulos, um vice-presidente do parlamento e alto funcionário dentro do Syriza para a Mega TV. "E isso numa época em que foram finalmente se movendo em direção a um acordo que todos nós queremos porque exclui uma fenda que conduz à tragédia."

Reuters/G1