POLÍTICA NACIONAL

Hoje elogiado por Bolsonaro, Collor já foi chamado de sem moral

Sem moral: Em 1991, Bolsonaro acusou Collor de não cumprir promessas que tinha feito.

Em 06/11/2020 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: Alan Santos/PR

"Luto com todas as minhas forças para tirar o Presidente que aí está, sem moral para governar o país".

Em mais um gesto simbólico de aproximação à chamada “velha política”, Jair Bolsonaro fez, nesta quinta-feira, dia 5 de novembro, elogios ao senador Fernando Collor (PROS-AL), ex-presidente que sofreu processo de impeachment por acusação de corrupção e é reu no âmbito da Operação Lava-Jato.

"Queria agradecer, porque eu fiz um convite e ele aceitou, e com muita satisfação está integrando essa comitiva, o nosso senador Fernando Collor. Também um homem que luta pelo interesse do Brasil e em especial do seu estado" discursou Bolsonaro.

Bolsonaro, no entanto, tem um histórico de ataques verbais a Collor, especialmente no período em que o hoje senador era presidente. Em novembro de 1991, por exemplo, Bolsonaro acusou Collor de não cumprir promessas que tinha feito na campanha eleitoral para militares e disse que ele não era uma pessoa “digna” de ser presidente. Três meses depois, o chamou de “grande mentiroso”.

"Aprendi, na caserna, que o Chefe que mente não merece credibilidade. E o Sr. Presidente da República, Chefe do Supremo das Forças Armadas, não deixa de ser um grande mentiroso" disse Bolsonaro, na época.

Em setembro de 1992, quando já estava em curso o processo de impeachment contra Collor, Bolsonaro afirmou que ele impunha “grande sacrifício” à população. Descreveu Collor como alguém “sem moral” para comandar o país:

"Luto com todas as minhas forças para tirar o Presidente que aí está, sem moral para governar o país".

Cerimônia em Alagoas

Os elogios, nesta quinta-feira, de Bolsonaro a Collor, ocorreram durante a cerimônia de entrega de uma obra em Piranhas, no interior de Alagoas. Collor é réu em uma ação penal do Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que o grupo de Collor recebeu mais de R$ 29 milhões em propina entre 2010 e 2014, em razão de contratos de troca de bandeira de postos de combustível celebrados com a BR Distribuidora. Ele nega.

Outro réu na operação foi elogiado pelo presidente. O deputado Arthur Lira (PP-AL), um dos principais aliados de Bolsonaro no Congresso, não participou do evento porque foi diagnosticado com Covid-19, mas foi lembrado como alguém “sempre alerta a trabalhar pelo seu estado”:

— Falta uma pessoa muito importante na nossa articulação política na Câmara dos Deputados, que é um alagoano. É o prezado deputado Arthur Lira. Mais do que fazer articulação, é uma pessoa sempre pronta, sempre alerta a trabalhar pelo seu estado.

Lira é o principal nome do centrão da Câmara e virou uma espécie de “líder informal” de Bolsonaro na Casa. A aproximação do presidente com o grupo começou no primeiro semestre como reação a pedidos de impeachment. Desde então, Bolsonaro vem se cercando de políticos acusados de corrupção, incluído na lista o ex-presidente Michel Temer, a quem fazia críticas no passado recente. (Extra)