CULTURA

Homem da Meia-Noite arrasta multidão em noite mágica em Olinda.

Calunga de 84 anos prestou homenagem às mulheres neste ano.

Em 07/02/2016 Referência JCC

O gigante mais amado de Olinda mostrou que magia existe e arrastou uma multidão pelas ladeiras, na madrugada deste sábado (6) para domingo (7). O 84º desfile do Homem da Meia-Noite fez uma homenagem às mulheres com o tema ‘Essas, e tantas mulheres’. Foi com grande comoção popular que ele deixou a sede da agremiação, na Estrada do Bonsucesso, pouco antes da meia-noite, com chuva de papel picado e fogos.

O calunga – como é chamado, por se tratar de uma criatura mística – ganhou 'vida' através de Pedro Garrido. São quase 50 quilos nas costas. “Eu tenho um grande compromisso e uma grande responsabilidade para levar o Homem da Meia-Noite para os foliões apaixonados por ele”, afirmou, acrescentando que, ao sair nas ruas, o carregador se transforma na figura. “Quando estou na rua, não sou mais Pedro, sou o Homem da Meia-Noite”, reforçou.

A roupa do gigante trazia flores bordadas e um broche rosa, em referência às mulheres. Ela foi feita pelas costureiras da escola de samba Gigantes do Samba, que participou da concentração do desfile colocando todos para sambar. “É muito boa essa união desses dois gigantes. Para a gente, está sendo maravilhoso. É uma grande novidade”, apontou o representante da escola, Isnaldo Lira. A cartola do gigante também ganhou uma borboleta.

Após a saída do Homem da Meia-Noite aconteceu um encontro que há muito não se via no carnaval de Olinda. O ilustre calunga se encontrou com a Mulher do Dia na Praça do Bonsucesso. Uma das brincadeiras de Olinda é que os dois são os pais do Menino da Tarde, que desfilou no sábado (6).

A enfermeira Valéria Perrier é uma das apaixonadas pelo calunga, que não perde o desfile por nada. "O Homem da Meia-Noite é o oxigênio do carnaval de Olinda", resumiu a enfermeira.

O desfile do Homem da Meia-Noite tem, altualmente, cerca de 4 quilômetros. Antigamente, chegava a quase 30 quilômetros. "Homem da Meia-noite faz parte da minha infância. Ele saía com carros alegóricos, ia pela Estrada de Belém [no Recife]", recorda José Mario.

Por volta das 23h, rosas brancas foram entregues às mulheres que estavam diante da sede. Neste ano, além das camisas verdes com desenho de fraque, foram confeccionadas versões rosas. Dois blocos líricos acompanharam a agremiação, o 'Damas e Valetes' e o 'Cordas e Retalhos'.

O relógio e a chave, que sempre acompanham o gigante, ganharam um novo visual, desenvolvido pelo artista plástico João Andrade. Os adereços marcam a saída do Calunga e a chave é entregue ao Cariri ao final do desfile

Homenagens
A agremiação prestou neste ano homenagem a três mulheres. A primeira é Dona Irene Bernardino, filha de Benedito Bernardino, um dos fundadores do clube de alegorias. Aos 93 anos, ela vive ao lado da sede do Homem da Meia-Noite e representa a tradição da agremiação.

Recordar os antigos diretores e saudar os apaixonados mais velhos pelo gigante faz parte da história do clube, destacou o presidente, Luiz Adolpho. “A história é a nossa vida. É a essência de tudo que começou, é a história do meu pai, de todos que passaram aqui pelo Homem da Meia-noite. A emoção é muito grande. É uma lembrança dos últimos 13 anos, do meu pai. Não tem como não se emocionar numa hora dessas”, afirmou.

As outras duas homenageadas são a forrozeira Nádia Maia e a atleta Yane Marques – a segunda delas é lembrada por ser, segundo os que fazem o Homem da Meia-Noite, uma mulher guerreira e uma das atletas mais importantes do estado.

Fonte: G1