MEIO AMBIENTE

Inpa e Max Planck discutem Projeto Torre Alta da Amazônia

Representantes das instituições e da Universidade do Amazonas reuniram-se em Manaus.

Em 17/03/2015 Referência JCC

O diretor de Política e Programas Temáticos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes, recebeu, em Brasília (DF), os coordenadores do projeto da Torre Alta de Observação da Amazônia (ATTO, na sigla em inglês).

Jürgen Kesselmeier, pesquisador do instituto alemão Max Planck de Química, e Antonio Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCTI),  discutiramnesta segunda-feira (16) a continuidade do projeto de cooperação científica firmado entre os dois institutos.

De acordo com Moraes, a reunião foi para reiterar o interesse em manter a parceria entre os dois países e para debater novas formas de financiamento exclusivas para pesquisa na Torre Alta da Amazônia.

"Esse é um projeto revolucionário, porque todos os estudos feitos até hoje entre a interação da atmosfera e a superfície na região amazônica foram pesquisas localizadas. Essa torre permitirá a ampliação dessas pesquisas e, por consequência, um maior entendimento de todo o ecossistema amazônico", observou Moraes.

Renovação

Na semana passada, representantes do Inpa, do Instituto Max Planck de Química e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) reuniram-se na sede do Inpa, em Manaus (AM), para renovar o contrato de parceria da ATTO.

Inicialmente, o acordo firmado em 2009 previa recursos para a construção da estrutura da torre. Os institutos Inpa e Max Planck ratificaram o acordo até abril de 2017.

Na ocasião, também foi renovado o contrato de parceria do Projeto Ecologia de Áreas Alagáveis. Segundo a coordenadora do projeto, Maria Teresa Piedade, a parceria permitirá dar continuidade aos estudos de ecologia de áreas úmidas realizados entre o Inpa e o Max-Planck há mais de 60 anos.

"Mais de 400 estudantes já foram formados no âmbito do projeto, a maioria deles, atua em instituições de ensino e pesquisa na região amazônica", afirma Piedade.

Estudo do clima

Atualmente, o Brasil possui torres de observação do clima de até 80 metros de altura. Com a ATTO, o campo de pesquisa e o entendimento da interação entre a biosfera e atmosfera aumentará, segundo o coordenador do projeto pelo Inpa, Antonio Manzi. "Será possível o aprimoramento dos modelos que fazem previsão de tempo e clima."

Manzi explica que, sem a ATTO, não seria possível estudar o ciclo de formação das nuvens: "Os ganhos científicos serão enormes, para a própria Amazônia, para o Brasil e para o mundo. É o principal laboratório dessa natureza no mundo tropical úmido e servirá de referência para outros países."

Para o coordenador pelo Instituto Max Planck de Química, Jürgen Kesselmeier, a ATTO é uma "oportunidade única" de juntar informações sobre as trocas de gases importantes da atmosfera da floresta.  O pesquisador alemão acredita que a Torre Alta da Amazônia poderá avaliar os dados do clima de forma contínua e possibilitará a análise de uma área muito abrangente.

Carbono

O pesquisador do Inpa diz ainda que a ATTO permitirá o estudo do balanço de carbono. "Com as pesquisas que serão realizadas pelo projeto, aumentaremos muito os nossos conhecimentos sobre o esse ciclo de carbono tropical, o que é muito importante mundialmente", observa Manzi.

A análise sobre o ciclo do carbono envolve também a questão energética. Na produção de energia por meio da queima de combustíveis fósseis é produzido gás carbônico que chega até a atmosfera e pode produzir impactos no clima, como o aumento da temperatura do planeta, maior concentração dos gases do efeito estufa, além de mudanças no regime de chuvas.

ATTO

Instalada na Reserva de Uatamã, no município de São Sebastião do Uatamã (AM), a ATTO é uma torre que irá permitir a análise de mudanças e modelos climáticos na floresta amazônica, além de monitorar os componentes da atmosfera relevantes às mudanças climáticas.

Com 325 metros de altura (sete a mais que a Torre Eiffel, na França), é a primeira torre desse tipo na América do Sul e a única voltada para esse fim no mundo. A inauguração está prevista para o segundo semestre deste ano.

O ATTO funcionará 24 horas por dia no período de 20 a 30 anos. Segundo o pesquisador Jochen Schöngart do Max Planck, o ATTO além de atingir uma maior área, diferente das torres pequenas do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), fornecerá dados mais confiáveis sobre os serviços ambientais prestados pela floresta Amazônica e sua interação com a atmosfera.

Fontes: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia