CIDADE

Integrantes de escolas de samba do Rio fazem ato contra corte de verba.

Crivella anunciou que metade dos R$ 26 milhões irá para creches.

Em 17/06/2017 Referência JCC / Henrique Coelho, G1 Rio

Componentes de várias escolas de samba se concentravam para um protesto por volta das 15h15 à frente da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, Centro. O motivo da manifestação é o corte de 50% na subvenção das escolas - segundo a prefeitura, metade dos R$ 26 millhões será remanejada para creches.

Por volta das 16h, cerca de 60 pessoas participavam do ato. Alguns dos manifestantes tinham camisas de agremiações como Unidos da Tijuca, Mangueira, Portela, São Clemente e Beija-flor. Depois de um protesto na sede da Prefeitura, o grupo saiu em cortejo em direção ao Sambódromo, cantando músicas como "Não deixe o samba morrer".

Diretor de Carnaval da Beija-Flor, Laila era um dos que participava do ato. Ele afirma que considera que a posição do prefeito Marcelo Crivell demagógica:

"Nós temos muitas crianças necessitadas no Rio de Janeiro, não só as das creches da prefeitura. Quando você pega um momento difícil como este e quer atingir o que mais embeleza o carnaval carioca é muita demagogia", disparou o carnavalesco da Beija-Flor.

"Eu sou macumbeiro mas eu não sou demagogo. Não tenho meios e ganhos que não seja o carnaval , e muita gente que trabalha o ano inteiro também não tem. Não tem vagabundo, não tem ladrão", acrescentou o carnavalesco.

Ainda na avaliação de Laíla, a verba não poderia ser mexida porque a manutenção da verba em R$ 2 milhões para cada escola foi apalavrada na época da eleição, em que as escolas de samba apoiaram o então candidato do PRB. "A prefeitura não tem o direito de tirar o ganho que o sambista tem para sustentar suas famílias. Todos nós que fazemos carnaval dependemos sim do dinheiro que ganhamos no carnaval. Eu tenho 74 anos, eu vou viver de quê, prefeito? Quero saber", finalizou.

"O que ele precisa dizer é que não é só o pastor. Ele é o prefeito de todos os cidadãos do Rio de Janeiro. Infelizmente, acredito que ainda virão mais coisas, acredito que ele possa chegar à Parada Gay", disse Veronica Cristina Gonçalves, de 34 anos, da ala de baianas da Mangueira.

Riotur afirma que escolas não serão prejudicadas

Na sexta-feira, a Riotur afirmou que as escolas não serão prejudicadas e vai ajudar a captar os a diferença de recursos. Crivella falou sobre o corte nos recursos na última segunda-feira (12). Ele pretende usar o dinheiro pra pagar as creches conveniadas com o município.

“São 12 mil crianças que hoje estão em creche conveniadas. O Rio de Janeiro paga per capita R$ 10 para cada criança. É preciso aumentar pelo menos para R$ 20. Agora, façam as contas. Isso tudo exige de nós austeridade e sacrifício. Todos precisam contribuir. A prefeitura está contribuindo. Nós cortamos secretarias, nós cortamos mais de mil cargos políticos. O carnaval precisa contribuir conosco, nos ajudar nesse esforço”, disse Crivella no dia do anúncio.

A Liga das Escolas de Samba (Liesa) do Rio disse na quarta-feira (14), que o corte de metade da verba da Prefeitura para o carnaval 2018 vai tornar inviável o desfile do ano que vem.