NEGÓCIOS

Leilão de linhas de transmissão frustra governo, com ofertas para apenas 4 lotes.

As empresas apresentam lances com a receita anual que desejam receber.

Em 26/08/2015 Referência JCC

SÃO PAULO - O leilão de linhas de transmissão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta quarta-feira frustrou as expectativas do governo, ao receber propostas de investidores para apenas 4 dos 11 lotes ofertados e registrar, nos empreendimentos arrematados, um deságio médio baixo, de 2,04 por cento.

O menor interesse no leilão, em meio a condições mais difíceis de financiamento, inclusive do BNDES, deve atrasar a operação de alguns empreendimentos, uma vez que os lotes não arrematados serão relicitados posteriormente. Também influenciou no resultado a alta do dólar, que cria incertezas nas negociações com fornecedores, além de temores com o processo de licenciamento ambiental.

Nas licitações de transmissão, as empresas apresentam lances com a receita anual que desejam receber para construir e operar as linhas. Nesse certame, os lotes viabilizados representaram apenas 19 por cento do investimento esperado. As concessões foram levadas pela espanhola Isolux, com descontos de 1,49 por cento e 0,12 por cento, pela novata Planova, sem deságio, e pela estatal goiana Celg, que ofereceu uma receita 15,5 por cento menor que o teto estabelecido.

"O resultado foi aquém de nossa expectativa... isso permite que possamos, com base nesse resultado, fazer uma avaliação na Aneel", disse a jornalistas o diretor da reguladora Reive Barros, que admitiu a necessidade de atrair mais investidores para o segmento de transmissão de energia.

"Existe uma oferta muito grande de projetos e uma quantidade pequena de investidores em transmissão, muitos deles com obras em curso e atrasadas, o que pode ser um dos fatores que inibiu (a participação) no leilão", apontou.

Com a falta de interessados, empreendimentos importantes para o sistema elétrico do país demorarão mais para ter a construção iniciada, admitiu o secretário-adjunto de desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia, Moacir Carlos Bertol.

"Houve lotes importantes que não saíram, como os que estão vinculados com a transmissão da hidrelétrica de Teles Pires e da usina de São Manoel (ambas em Mato Grosso). A maioria dos lotes era para escoamento da geração no Nordeste, de energia eólica... todos lotes ofertados são necessários para o setor", explicou Bertol.

O representante do ministério também afirmou que o atual quadro de crise no país prejudica os investimentos, até por conta da retração no nível de desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que reduziu a participação em financiamentos ao setor.   

Reuters