POLÍTICA INTERNACIONAL

Londres destina £30 bilhões para combater coronavírus

Rishi Sunak e o primeiro-ministro Boris Johnson.

Em 11/03/2020 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Pool/AFP/Arquivos

Governo britânico destinará 30 bilhões de libras para estimular a economia diante do impacto da epidemia de coronavírus – anunciou o ministro das Finanças, Rishi Sunak, nesta quarta-feira (11), ao apresentar o primeiro orçamento do governo de Boris Johnson.

A medida se somará a uma redução de juros decidida pelo Banco da Inglaterra.

“Hoje, anuncio um estímulo fiscal de 30 bilhões de libras para respaldar o povo britânico, os empregos britânicos e os negócios britânicos”, afirmou Sunak na Câmara dos Comuns.

O ministro considera que até 20% da população ativa pode ser obrigada a permanecer em casa.

Deste total, 7 bilhões de libras (9 bilhões de dólares) serão destinados para ajudar os trabalhadores autônomos, assim como as pequenas e médias empresas atingidas pelas quarentenas e pela queda da atividade econômica.

Outros 5 bilhões de libras (6,5 bilhões de dólares) serão dedicados ao fortalecimento do sistema público de saúde, e 18 bilhões de libras (23 bilhões de dólares), a outras medidas para sustentar a atividade, enfraquecida como resultado da epidemia.

Com 373 infectados e seis mortos, o Reino Unido está na primeira fase da gestão da Covid-19, destinada a conter esta nova doença que surgiu em dezembro na China.

As autoridades ainda não adotaram medidas restritivas para a população. Na segunda-feira, porém, Johnson afirmou que “intensos preparativos” estão sendo feitos para passar para a próxima fase. Nela, deve-se pedir à população que trabalhe remotamente e, às escolas, que cancelem as aulas.

Os efeitos do coronavírus “terão um impacto significativo na economia britânica, mas será temporário”, disse Sunak ao Parlamento.

Redução dos juros

Afetado pela incerteza em torno do Brexit, o Produto Interno Bruto (PIB) britânico teve crescimento zero nos três meses anteriores a 31 de janeiro, quando o país deixou oficialmente a União Europeia (UE), apontou o Escritório Nacional de Estatísticas nesta quarta-feira.

Em uma ação coordenada com o Executivo para sustentar a economia, o Banco da Inglaterra (BoE) anunciou uma redução inesperada nas taxas de juros, que passaram de 0,75% para 0,25%.

É o maior corte nas taxas desde o início de 2009, após a agitação econômica causada pela crise financeira internacional. As taxas de juros não foram tão baixas no Reino Unido desde os meses seguintes ao referendo de junho de 2016 sobre o Brexit.

O BoE também anunciou que estimulará a concessão de empréstimos às empresas e às famílias para sustentar a demanda, porque “a atividade provavelmente enfraquecerá de modo significativo no Reino Unido nos próximos meses”.

O Banco Central adotará “todas as medidas necessárias para sustentar a economia britânica”, garantiu o governador (presidente) Mark Carney, que deixará o cargo no final da semana

Órgão independente, o BoE segue os passos do Federal Reserve americano. Na quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) também deve publicar medidas nesse sentido.

A crise do coronavírus impôs uma súbita mudança de planos ao novo ministro das Finanças, que teve apenas um mês desde sua nomeação para preparar um orçamento que Johnson havia prometido que encerraria uma década de austeridade.

A epidemia reverteu as prioridades no primeiro orçamento apresentado no Reino Unido em 18 meses, devido aos atrasos causados pelo Brexit e pelas eleições de dezembro. e será substituído por Andrew Bailey.

Aumentar o gasto público foi a principal promessa de campanha de Johnson, que obteve uma esmagadora maioria parlamentar, e Sunak respeitou o compromisso de investir maciçamente em educação, saúde, manutenção de estradas, fornecimento de Internet banda larga e proteção contra inundações, entre outras questões.

O Executivo adiou para o próximo outono, porém, uma revisão das regras fiscais que devem permitir maior gasto, com o risco de aumentar o déficit. (AFP)