ECONOMIA CAPIXABA

Mais de 67 mil não vão conseguir pagar dívidas no ES, diz pesquisa.

Dados são do Instituto Flex Consult, a pedido da CDL Vitória.

Em 20/05/2015 Referência JCC

Mais de 67 mil capixabas que já estão com dívidas em atraso disseram que não vão conseguir pagar seus débitos nos próximos três meses. Uma pesquisa do Instituto Flex Consult, a pedido da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória, relativa ao mês de abril de 2015, revela que 12,4% dos entrevistados inadimplentes do estado declaram que não vão pagar as contas.

O levantamento foi realizado entre os dias 17 e 22 de abril, na Grande Vitória e em mais 15 municípios com mil consumidores. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais com nível de confiança de 95%.

Atualmente, há 542.227 inadimplentes no Espírito Santo. Entre esses endividados, 7 a cada 10 disseram que terão dificuldade para cumprir os compromissos financeiros.

A desaceleração da economia, aliada ao avanço da inflação e à perda de renda, também tem influenciado nas decisões de consumo das famílias. Nos próximos três meses, 69,3% dos entrevistados disseram que pretendem comprar menos ou muito menos.

Em relação à inflação atual, 93,2% avaliam como alta ou muito alta; 88,4% acreditam que o indicador ficará alto ou muito alto. Além disso, 65,8% acham que a oferta de empregos vai piorar.

“A crise já chegou à casa das pessoas. Do ponto de vista do comércio, temos um consumidor amedrontado. O consumidor capixaba tem medo da inflação nos próximos três meses. Nunca assistimos um cenário tão forte assim em 23 anos de acompanhamento”, disse o diretor do Instituto Flex Consult, Fernando Pignaton.

Juros
A pesquisa revela que 89,4% dos entrevistados acham que o nível de juros para compras financiadas está alto ou muito alto e 75% acreditam que os juros vão aumentar nos próximos três meses. “O consumidor começou a perceber isso e colocou o pé no freio. Ele quer pagar à vista e com desconto”, destacou o diretor do CDL Vitória, Carlo Fornazier .

“O consumidor deixou claro que não quer pagar juros altos. Aquele consumidor que pagava uma prestação que cabia no bolso está preocupado não só no tamanho da prestação, mas também com o valor dos juros que está pagando, ele sacou que essa coisa do juro está tirando receita dele”, explicou.

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Comportamento do consumidor capixaba (Foto: Arte/ A Gazeta)

Corte de gastos
Para a maioria dos capixabas, o melhor caminho para o país sair da crise passa por corte de gastos dos governos. De acordo com a pesquisa Flex Consult/CDL Vitória, 94,9% dos entrevistados acreditam que a redução de gastos é a melhor forma de sair da crise, contra 1,4% que acredita que aumentar impostos é a saída.

Para o diretor da CDL Vitória, Carlo Fornazier, a solução passa pelo aumento da produtividade em todos os setores do país.

“Temos que fazer aquilo que manda o economista: trabalhar mais e aumentar a produtividade. Não é trabalhar mais horas, é produzir mais riqueza. Isso depende de treinamento, de educação das pessoas e de gestão das empresas. À medida que as pessoas sentem essa perspectiva, veem que o Brasil novamente tomou o caminho correto, veem o governo gastando menos, o ambiente político mudando, aí fica mais tranquilo para consumir mais”, disse.

No entanto, 2015 deve continuar sendo um ano fraco para o comércio, avaliou Fornazier. “Um ano muito difícil, de ajustes, a não ser que a gente consiga uma reviravolta muito grande, pois o consumidor acha hoje que o desemprego, os juros e a inflação vão aumentar”, destacou.

Dados revelam que 60,9% dos capixabas avaliam de forma pessimista o cenário econômico brasileiro. Em relação à economia capixaba, o cenário é parecido: 56,3% acreditam que a economia vai crescer menos ou muito menos em 2015 que em 2014.

A expectativa para as finanças pessoais também é pessimista: enquanto 30,8% acha que a vida financeira vai melhorar em 2015, 37,6% acredita que a situação vai piorar.

Fornazier analisa que o endividamento está impactando na vida do brasileiro e do capixaba. “Acho que o país, depois da crise de 2008, se baseou muito no consumo para manter aquele crescimento que tivemos no segundo governo do presidente Lula. A população estava pouco endividada, com cerca de 15% da renda comprometida. Hoje, isso está em 30%, ou seja, dobrou”, explicou.

Fonte: G1