SAÚDE

Mais duas mortes súbitas no esporte amador ligam alerta

Cardiologista diz que é inaceitável que no Brasil não seja obrigatória exames prévios.

Em 21/03/2018 Referência JCC - Nabil Ghorayeb (Foto: EuAtleta)

Dias atrás mais duas mortes súbitas ocorreram no Brasil. Uma triatleta de 37 anos e experiente que faleceu nadando em uma academia de São Luís do Maranhão e uma jovem advogada de 24 anos em uma corrida noturna em Cuiabá. É inaceitável que se somem mortes de jovens na prática esportiva. Símbolos de saúde que naturalmente deveriam ter feito, no mínimo, uma avaliação prévia clínica composta de consulta competente de um médico do esporte ou de cardiologista que atue na área do esporte, com os exames de eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma e exames de laboratório.

Os possíveis diagnósticos de doenças que podem provocar uma parada cardíaca são conhecidos e considerados conforme a idade da pessoa. Em uma jovem até os 35/40 anos, as causas são congênitas e genéticas. Depois dessa idade, o mais comum é o infarto do miocárdio.

A morte súbita acontece quando uma parada cardíaca de causas diversas não é recuperada em menos de três minutos. Dizer que foi chamada a ambulância não significa dizer que chegaram a tempo de fazer as manobras de ressuscitação que sempre devem se iniciar de imediato quando ocorre uma parada cardíaca.

Tanto o esporte, como as atividades físicas em geral, não matam. O que mata é o excesso físico sem orientação profissional alguma, o uso indevido de drogas como anabolizantes e termogênicos, drogas ilícitas, suplementos proibidos mas livremente usados sem noção de seus riscos, doenças não diagnosticadas por falta de exame ou por erro, doenças aparentemente pouco importantes não valorizadas pelos seus portadores ou acidentes inesperados.

A morte súbita no esporte não é fatalidade como raios, inundações, quedas, por exemplo. É um verdadeiro paradoxo onde um símbolo da força, saúde e vigor vem a morrer inesperadamente no esporte que fazia habitualmente. Não nos conformamos com a nossa legislação sem nenhuma atitude preventiva. Países europeus exigem avaliação cardiológica do esporte para todas as modalidades e provas esportivas, e mesmo assim temos algumas mortes. Porém, a quantidade de salvos pelos exames pré-participação, na Itália, depois de 30 anos foi de quase 100 atletas num universo de quase 50 mil examinados. Uma vitória do bom senso.