CIDADE

Manifestantes protestam na sede da Petrobras, no Rio.

No caminho para o Centro, eles interditaram vias e a descida da Ponte.

Em 24/08/2015 Referência JCC

Trabalhadores do Comperj e políticos da Região Metropolitana do Rio chegaram, no início da tarde desta segunda-feira (24), à sede da Petrobras, no Centro da capital. Eles participam de ato pedindo para a empresa a conclusão de refinarias do complexo.

 A obra está atrasada, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, e os municípios vizinhos sofrem com desemprego e perda de receitas. Antes de chegar ao local, o grupo interrompeu o tráfego em vias importantes, como a Avenida Rio Branco, no Centro.

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves; de São Gonçalo, Neilton Molim; Itaboraí, Helil Cardoso e representantes de outras cidades tentavam se encontrar, por volta das 14h30, com o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Enquanto os líderes tentavam marcar a reunião, o ato continuava na Avenida República do Chile, em frente à sede da Petrobras. Às 15h, Rodrigo Neves, Helil Cardoso, e representantes dos trabalhadores entraram no prédio da Petrobras ´para se encontrarem com o diretor de Abastecimento, Jorge Ramos, e de Engenharia, Roberto Moro.

"Nós sabemos que o setor naval tem dado emprego para a região Leste Fluminense. Aquilo que acontece na cidade de Itaboraí e São Gonçalo afeta na cidade de Niterói. Estamos aqui para manifestar  a nossa solidariedade aos municípios do Leste Fluminense. Além disso, solidariedade aos trabalhadores dessa região. Queremos a retomada do onvestimento da indústria naval e do Comperj", disse o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves.

A Petrobras informou em nota que, de acordo com o plano de negócios e gestão da companhia para o período de 2015 a 2019, "as obras da central de utilidades do Comperj que irá suportar a partida da unidade de processamento de gás natural (UPGN) estão em andamento". Segundo a Petrobras, esse conjunto de unidades está previsto para entrar em operação em outubro de 2017. "Quanto ao projeto da Refinaria Trem 1, a Petrobras está estruturando um modelo de negócios, que inclui parcerias para a conclusão do empreendimento", informou a companhia.

Segundo a Petrobras, "as obras, que não estão paralisadas, seguirão a estratégia definida pelo PNG 2015-2019 e já estão com 85% de avanço físico".

A companhia explicou que estão em atividade no momento cerca de 11.500 trabalhadores, em 21 grandes contratos de construção e montagem.

No início da tarde, o grupo bloqueou alça de acesso da Ponte Rio-Niterói para a pista Central da Avenida Brasil. Eles chegaram a atear fogo em lixo na Avenida Brasil para interditar o trânsito e caminhavam para o 'Ato Juntos pelo Comperj - Refinaria já !' organizado pelo Consórcio Intermunicipal do Leste Fluminense (Conleste), que vai acontecer no Centro do Rio no início da tarde.

O objetivo do ato é pressionar a Petrobras para terminar pelo menos uma das duas refinarias previstas para o Comperj. A refinaria já está com 82% das obras concluídas, mas a empresa descartou a conclusão do Comperj em seu plano de negócios recentemente anunciado, e disse que a refinaria 1 (Trem 1) só será concluída caso surja um parceiro interessado.

A paralisação das obras do Comperj também afeta fortemente a economia da região. O Conleste é presidido por Helil Cardoso, prefeito de Itaboraí, umas das cidades mais prejudicadas. Lá, a perda da arrecadação é da ordem de 50%.

Quarenta e nove empresas foram contratadas para a construção do Comperj, que deveria estar pronto desde 2011 e deveria ter duas refinarias, uma unidade de gás natural e uma estação petroquímica, mas a imensa área de 45 quilometros quadrados vai ter apenas uma refinaria.

Segundo o Ministério Público do Trabalho, o atraso de mais de três anos nas obras prejudicou mais de quatro mil trabalhadores. De 2008 até agora, o orçamento da obra aumentou quase quatro vezes e, segundo a petrobras, o motivo dessa disparada foram mudanças no projeto, reajustes, variação cambial e aditivos, mas a operação Lava-Jato revelou que uma parcela dos recursos foi desviada dos contratos.

De acordo com o último balanço, a empresa perdeu mais de R$ 44 bilhões no valor de seus investimentos e, só com o Comperj, o prejuízo foi de R$ 21,833 bilhões. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse que os projetos do Comperj foram hibernados e só vão ser retomados quando a empresa tiver capacidade de gerar caixa, o que ainda não tem praz.

Fonte: G1-RJ