ESPORTE INTERNACIONAL

Marca de Zarra: herói basco tem outros recordes a serem batidos

Cabeceador exímio e adepto de mangas longas, artilheiro superado por Messi é autor de gol histórico

Em 24/11/2014 Referência JCC

No último sábado Messi alcançou a incrível marca de 253 gols e se tornou o maior artilheiro da história do Campeonato Espanhol. O que deixa o feito do argentino ainda mais impressionante é que, para quebrar o recorde, que durou quase 60 anos, ele precisou superar uma das maiores lendas do futebol europeu, o espanhol Telmo Zarra.

Mas quem é Telmo Zarra? No Brasil, ele não é muito conhecido, embora um dos maiores feitos de sua carreira tenha acontecido no Rio de Janeiro. Foi na Copa de 1950, quando o atacante fez o gol mais importante da história da seleção espanhola - até ser sido superado pelo de Iniesta na final da Copa do Mundo de 2010 - e que em qualquer lugar da Espanha pode ser lembrado apenas como "O Gol de Zarra". Entre todos os que marcou na carreira, o que fez no Maracanã, na vitória por 1 a 0 sobre a Inglaterra que colocou La Roja na fase final da Copa do Mundo, é o mais famoso.

Superado por Messi no Campeonato Espanhol, Zarra ainda mantém alguns outros recordes. É o maior artilheiro das Copas da Espanha - hoje a disputa é a Copa do Rei, em seu tempo era a Copa do Generalíssimo - com 81 gols. Ainda divide o recorde de hat-tricks na Liga com Cristiano Ronaldo, 22, e é hexacampeão e maior vencedor do Pichichi, prêmio dado ao artilheiro do Campeonato Espanhol na temporada.

Seu gol mais célebre, ironicamente, não foi feito de cabeça, marca registrada de Zarra. Telmo era o autêntico camisa 9, conhecido pelo seu senso de antecipação aos zagueiros e força no jogo aéreo. Suas características eram tão impressionantes que, certa vez, quando foi jogar pela Espanha contra a Suécia, em Estocolmo, os promotores do evento anunciavam pela cidade:

- Venham ao estádio ver Telmo Zarra. A segunda melhor cabeça na Europa, depois de Winston Churchill - comparando o atacante com o renomado político inglês.

Pela Espanha foram 20 exibições pelo mundo, e 20 gols marcados - média um por partida - em uma época em que as seleções não se encontravam tanto. Quatro destes gols foram entre os seis jogos que disputou na Copa do Mundo de 1950. Os espanhóis terminaram o quadrangular final na quarta posição, atrás de Uruguai, Brasil e Suécia.

O estilo em campo era único. Podia estar frio, ou um calor de 40º C, Zarra estava sempre jogando de mangas compridas, cobrindo as mãos. As cores foram sempre as mesmas também: o vermelho, o branco e o preto do Athletic de Bilbao. Além das poucas 20 partidas que disputou pela seleção, ele fez sua carreira inteira no time basco, onde deu muitas alegrias: marcou 333 gols, 251 pelo Campeonato Espanhol, que chegou a conquistar uma vez. O ídolo também era conhecido por seu fair play exemplar. Teve apenas uma expulsão em sua carreira, que contestou até seus últimos dias.

- Era um jogo barulhento, final da Copa contra o Valência. Tinha um jogador deles deitado no chão e fingi que ia pisar nele, de brincadeira. O árbitro viu, achou que eu tinha feito e me expulsou - descrevia Telmo.

Em sua temporada mais brilhante, em 1950/51 Zarra determinou o recorde de gols, 38 em 30 jogos, em uma só edição do Campeonato Espanhol, e este também durou por décadas. Nos anos 80, Hugo Sánchez empatou em quantidade, mas com mais partidas. Foi somente em 2011 que Cristiano Ronaldo superou o ídolo do Athletic, com 40 gols e 34 jogos. A liderança de CR7 durou pouco tempo, porque Messi o bateu no ano seguinte, balançando as redes 50 vezes, e virou o dono do recorde desde então.

Zarra chegou ainda a defender clubes da segunda divisão espanhola no País Basco, depois de pendurar as chuteiras, em 1957, de graça. Dizia que alguns amigos pediam para ajudar e ele gostava de jogar. Sua vida dedicada ao futebol e ao Athletic acabou aos 85 anos, em 2006, quando foi vítima de um infarto fatal.

Fonte:Globoesporte.com