CIDADE

Moradores interditam centro para jovens com dependência química

Local vai atender crianças e adolescentes com transtornos mentais ou viciadas em drogas.

Em 05/07/2017 Referência JCC / Daniela Carla, TV Gazeta

Dois homens foram presos durante uma confusão na abertura do Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (Capsi), em Morada de Laranjeiras, na Serra, na manhã desta quarta-feira (5). Os detidos são moradores que protestavam contra o fato de o local atender menores usuários de drogas que precisam de tratamento.

A confusão começou porque moradores de Portal de Manguinhos e Morada de Laranjeiras tentavam impedir a entrada de funcionários no local. “Puxaram a gente à força, eu me senti humilhada. A gente só pediu 20 minutos para conversar, para expressar nossa repulsa”, falou a dona de casa Loredana Delevodove Ribeiro.

Um vídeo gravado durante a confusão mostra policiais lançando spray de pimenta nos moradores para dispersar o protesto. Alguns manifestantes precisaram ser retirados à força.

Esse foi o segundo protesto realizado pelos moradores. O primeiro aconteceu nesta terça-feira (4) durante a inauguração do Capsi. Os manifestantes entraram com um pedido de liminar na Justiça para impedir o serviço.

Moradores

Segundo eles, os moradores não foram ouvidos sobre os atendimentos a serem realizados no local. “Nós estamos aguardando a liminar sair ou não. Essa obra aqui foi construída totalmente de forma ilegal, não tinha uma placa indicando o que era. A comunidade não foi consultada, não teve audiência pública”, disse o presidente da Associação de Moradores de Portal de Manguinhos Sérgio Cetrangolo.

O presidente garante que os moradores não são contra o Capsi, mas não querem que usuários de drogas sejam atendidos no local. Para eles, pode aumentar a violência no bairro. " Nós somos contra um Capsi que atenda crianças com transtornos mentais. Nós somos contra um Capsi que atenda usuários de crack e outras drogas. A nossa certeza é de que isso vai virar uma cracolândia", completou Cetrangolo.

Depois da confusão, a Polícia Militar saiu do local, mas durante toda a manhã a Guarda Municipal da Serra continuou na frente da unidade.

Profissionais

Uma psicóloga que trabalha no Capsi da Serra disse que 12 atendimentos estavam marcados para esta quarta-feira, mas com a confusão foram desmarcados. Ela explicou que cerca de 80% dos atendimentos são para crianças e adolescentes com transtornos mentais como autismo, síndrome do pânico e neuroses graves.

A subsecretária de Saúde da Serra, Cristiane Stem, disse que não é possível separar os atendimentos. “Importante esclarecer que não é uma clínica de internação e a mesma equipe que cuida das crianças com dependência química, tanto com drogas e com álcool, é a mesma que cuida das crianças com transtorno mental. Então não justifica neste momento separar essas duas equipes para fazer o mesmo acolhimento com essas crianças. Não é um atendimento de portas abertas, os atendimentos são feitos por encaminhamento de um posto de saúde que elas já recebem atendimento”, disse.

Ela afirma que o projeto do Capsi foi feito em 2008, quando bairro era menor e não existia as associações dos moradores, e garantiu que a segurança na região vai ser reforçada.

“Nós já realizamos reuniões com dois grupos de moradores e explicamos o serviço. Quando o Capsi foi idealizado não existia nem o Hospital Jayme Santos Neves no bairro. O Capsi vai contar com uma vigilância 24 horas, monitoramento da Guarda Municipal que vai fazer rondas tranquilizadoras no local”, completou.