SAÚDE

Mulher morre com suspeita de intoxicação por noz da índia no ES

Familiares contaram para médica que ela comia as sementes em excesso.

Em 01/02/2017 Referência JCC

Uma mulher de 46 anos morreu no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam) com suspeita de ter consumido de forma abusiva sementes de noz da índia, em Vitória. Segundo o hospital, nesta quarta-feira (1), ainda não há confirmação sobre a causa da morte da mulher, mas familiares relataram que ela consumia as sementes em excesso.

As sementes da planta noz-da-índia (Aleurites moluccanus) são utilizadas para preparar um chá que promete emagrecimento rápido. No entanto, não é reconhecida pela Anvisa e a venda é proibida.

A mulher deu entrada no hospital no dia 14 de janeiro com dores abdominais, vômitos, diarreia e febre. Ela morreu na quarta-feira (26), mais de 10 dias depois da internação.

A médica Paula Frizera Vassallo, que atendeu a paciente, disse que ela já havia sido diagnosticada em um posto de saúde com gastroenterite, mas o quadro se agravou e ela precisou ser operada.

No dia 16 de janeiro, ela foi levada para a UTI do hospital, com insuficiência renal e alteração de pressão.

Segundo a médica, a paciente chegou com suspeita de intoxicação. Familiares contaram aos profissionais do hospital que ela fazia uso abusivo de noz da índia.

Eles levaram uma amostra para os médicos, que encaminharam para o Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (Toxcem), mas os resultados ainda não foram entregues.

Com esse resultado, será possível saber se a paciente consumiu noz da índia ou chapéu de napoleão e a toxidade das sementes. A suspeita foi informada ao Ministério da Saúde.

Perigos
Os médicos alertam que a semente não pode ser consumida porque traz riscos para a saúde e pode até matar.

“A noz da índia deve ser evitada, não há comprovação científica de efeito em absolutamente nada que é preconizado. Se nós considerarmos que é um óleo que possui duas substâncias completamente tóxicas que provocam as mais variadas doenças cardíacas, hepáticas e renais, podendo levar à morte”, disse o médico endocrinologista Albermar Harrigan.

Apesar da proibição, na internet, a semente é encontrada facilmente e vendida de forma clandestina em vários sites e redes sociais.

Em uma das lojas, por telefone, a vendedora disse que teve clientes que já passaram mal. “Elimina qualquer alimento que a gente come. Se a pessoa realmente tomar todos os dias. Eu mesma emagreci 20 kg e meu marido 16 kg. Mas quem tem problemas de rins e de gastrite não pode tomar”, disse a vendedora.

Com a ingestão de apenas uma semente, é possível observar os sintomas tóxicos. Mas também pode depender do paciente, levando em consideração peso e idade.

Os sintomas ocorrem após 20 a 40 minutos após o consumo. São eles: náuseas, vômitos, cólicas abdominais violentas e diarréia, evoluído para sede intensa, secura nas mucosas, letargia e desorientação.

Nos casos mais graves, desidratação acentuada, dilatação das pupilas (midríase), taquicardia, taquipnéia, respiração irregular, cianose e aumento da temperatura corporal (hipertermia). A diarreia intensa pode levar a distúrbios graves, comprometimentos dos rins e alteração na condução cardíaca.

g1/Espirito Santo