ESPORTE INTERNACIONAL

Na "Meca da Inovação", Colômbia e EUA abrem Copa decididos a renovar.

Torneio pela primeira vez reúne seleções da Conmebol e Concacaf.

Em 03/06/2016 Referência JCC

É bastante simbólico que a Copa América Centenário tenha o seu pontapé inicial nesta sexta-feira em Santa Clara, na Califórnia, um dos berços do Vale do Silício. O torneio, em formato embrionário, tenta catapultar as ambições dos Estados Unidos de sediarem uma Copa do Mundo (2026 é o plano) e também estreitar relações entre Concacaf e Conmebol, unidas até então nas manchetes policiais por conta de escândalos de corrupção. Talvez tão simbólico quanto seja o confronto: Estados Unidos e Colômbia tentam se reinventar no local conhecido como a “Meca da inovação”, pelo Grupo A. A bola rola na casa do San Francisco 49ers, da NFL, às 22h30 (de Brasília), com transmissão ao vivo do SporTV.

Há quem também considere o Vale do Silício a “Disney dos empreendedores” – a analogia fica por sua conta. Lá está reunido o polo intelectual do mundo, com sedes de gigantes do ramo da tecnologia e informação, como Apple, Google e Facebook, entre tantas outras – o país incentivou nos anos 50 a criação de uma área de incentivo ao estudo científico de olho na Guerra Fria. Há também muitas universidades na região, que comporta não apenas Santa Clara, mas também Palo Alto, San José, Sunnyvale, Los Gatos e outros municípios no sul da Baía de San Francisco.

Você deve se perguntar o porquê do nome: Silício é o elemento químico número 14 da tabela periódica e o segundo mais abundante na Terra, atrás apenas do oxigênio. É a matéria prima na produção de chips, ou seja, está mais presente no seu cotidiano do que você imagina.

James lidera geração talentosa

Catorze também é o número da camisa de Yerri Mina, zagueiro do Santa Fé – e já contratado pelo Palmeiras –, símbolo de uma Colômbia que busca se renovar após decepcionante campanha na edição do ano passado, no Chile. Mina tem 21 anos e sequer viu sua seleção fracassar no Mundial de 1994 ao perder para a própria seleção americana. Dentro do elenco, apenas o atacante Marlos Moreno (19 anos), do Atlético Nacional, é mais novo – Roger Martínez, outro atacante promissor, do Racing, também tem 21 anos.

Em média de idade a Colômbia (25,52) está apenas da Venezuela (24,73) e um pouco à frente de Peru (25,73) e Brasil (26,08). Não se trata, porém, de uma equipe inexperiente, já que pilares como Ospina, Zapata, Cuadrado, James Rodríguez e Bacca possibilitam uma mescla mesmo sem deixar o time-base velho.

O craque do Real Madrid, por sinal, também se encaixa neste contexto, já que vem de uma temporada com apenas 20 jogos como titular (32 no total) e oito gols – viu do banco os merengues conquistarem a 11ª Liga dos Campeões. Em 2014/15, como comparação, foram 46 partidas (43 como titular) e 17 gols.

- Temos que ver nesse presente onde todas as competições são exigentes. A seleção precisava dessa renovação, é preciso avançar em busca de jogadores para que o time tenha um futuro melhor. A convocação deu oportunidade a jogadores que estavam na mira da seleção. O futebol colombiano cresceu muito, a liga local é importante, além da quantidade grande de jogadores no exterior. Tudo isso faz a diferença – disse o técnico argentino José Pékerman.

Klinsmann à procura de segurança

Os Estados Unidos chegam otimistas pela oportunidade de enfrentar grandes equipes além da Concacaf, mas sob desconfiança. Desde a Copa de 2014, a seleção de Jürgen Klinsmann acumulou tropeços marcantes, como a derrota para a Jamaica nas semifinais da Copa Ouro, dois empates com o Panamá, derrota para o México em decisão por vaga na Copa das Confederações e, em março, um 2 a 0 para a Guatemala nas eliminatórias do Mundial da Rússia.

Nem mesmo os resultados positivos mais recentes deixam o cargo de Klinsmann seguro. Acredita-se que os Estados Unidos possuem na atualidade a sua melhor geração de jogadores – embora não tenha um Landon Donovan, há diversidade de talento, com defensores da Premier League e Bundesliga, veteranos com experiência na Europa e também jovens prontos para desabrocharem, casos de Bobby Wood, Gyasi Zardes e Christian Pulisic. Este último tem apenas 17 anos e já marcou dois gols pelo profissional do Borussia Dortmund.

- Os jovens só podem crescer se você der tempo de jogo a eles. Eles só podem crescer se eles conseguirem falhar. É normal. Se eles não recebem essas oportunidades nunca vão crescer – afirmou Klinsmann.

O nível de exigência, porém, será alto com todos – a começar pelos mais de 64 mil ingressos vendidos para a abertura. Assim como na Copa do Mundo, espera-se que os EUA consigam ao menos avançar de fase.

- Queremos crescer como uma nação do futebol, dizer para a América do Sul e Europa que estamos aprendendo. Temos muito caminho a percorrer, mas somos ambiciosos, os americanos não gostam de ficar para trás em nada – encerrou o treinador alemão.

Confira as prováveis escalações:

Estados Unidos: Guzan, Yedlin, Cameron, Brooks e Besler; Bradley, Jones e Bedoya; Wood, Dempsey e Zardes. Técnico: Jürgen Klinsmann.

Colômbia: Ospina, Arias, Zapata, Murillo e Díaz; Torres e Pérez; Cuadrado, James e Cardona; Bacca. Técnico: José Pékerman.

Árbitro: Roberto García (México).

Fonte:GE