MEIO AMBIENTE

Nível do Rio Doce chega a 2 m em Colatina, ES, e lama preocupa.

Preocupação é de que lama depositada no fundo possa voltar à superfície.

Em 17/11/2016 Referência JCC

Uma cena que há muito tempo não se via em Colatina, no Noroeste do Estado, voltou a se repetir por causa das chuvas dos últimos dias. O nível do Rio Doce  está na marca de 2 metros. Ele subiu 1,9 m em 15 dias.

Segundo o diretor do Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear), Antônio Demuner, o nível do rio subiu por causa das chuvas em Minas Gerais e no Espírito Santo.

“O Rio Doce agora está na normalidade dele e a gente consegue operar tranquilamente com este nível. São chuvas que estão vindo de fora e dos próprios afluentes, isso faz com que ocorra o crescimento”, afirma.

Somente em Colatina, nos últimos quatro dias choveu 146 milímetros. De acordo com o Incaper, isso representa 80% do programado para o mês de novembro, quando são esperados 178 milímetros de chuva.

Demuner afirma que as chuvas não comprometeram a turbidez do rio, que está normal e, por causa disso, a captação de água não será prejudicada.

“A nossa captação melhora porque é muito mais fácil captar água com esse nível. Nossa turbidez está girando em torno de 120 NTU e é muito facilmente tratada, o que atrapalharia seria acima de 1,5 mil NTU”, afirma.

O Rio Doce mais cheio traz alívio para os moradores de Colatina. Para o aposentado Josdilson Brilhante, é uma felicidade ver o rio dessa forma.

“Ver o rio no estado em que se encontrava e ver hoje é uma bênção. Nós estávamos precisando de chuva e ela veio beneficiar a todos, veio na hora correta. Tem que chover mais”, comenta.

Qualidade
A previsão é que continue chovendo nos próximos dias e com a chuva, a lama que está parada no fundo e nas margens do rio pode voltar a se misturar com a água, ficando cada vez mais com a cor alaranjada. E isso traz ainda mais preocupação para os moradores com relação à qualidade da água.

“Eu não tomo dessa água desde que a lama chegou. Só a uso para lavar roupa, vasilha e limpar casa”, afirma a dona de casa Carmelita de Araújo.

Na última semana, o juiz da Vara da Fazenda Pública Estadual, Menandro Taufner, informou que a água tratada em Colatina não está própria para consumo, contendo metais pesados acima do tolerado pelo Ministério da Saúde, como chumbo, níquel e manganês.

Por conta dos resultados, o juiz determinou ao Sanear, a Samarco, Vale e BHP que a água de Colatina volte a ser tratada com o polímero da acácia negra, uma substância natural que separa a sujeira das partículas pesadas.

O diretor do Sanear, Demuner, não quis comentar a decisão do juiz porque ainda não foi notificado. No entanto, ele confirmou que o polímero da acácia negra não está sendo usado.

“Foi feita uma modificação de limpeza na Estação de Tratamento de Água e o nosso sulfato trata tranquilamente a água, nós temos laudos que comprovam que a água está própria para consumo.”

A Samarco informou que ainda não foi notificada, mas que os laudos elaborados pelo laboratório Tommasi, credenciado pelo Inmetro, atestam que a água está apta para consumo, de acordo com a Portaria 2414 de 2011, do Ministério da Saúde.

Fonte: g1-ES