CIÊNCIA & TECNOLOGIA

O que a Apple chinesa pretende fazer no Brasil

Parece, mas não é: Lei Jun, fundador da Xiaomi, imita Steve Jobs e criou a startup mais valiosa do mundo.

Em 28/06/2015 Referência JCC

O empreendedor chinês Lei Jun nunca escondeu sua admiração por Steve Jobs, fundador da Apple. Tanto que, quando criou a fabricante de smartphones chinesa Xiaomi, em 2010, ele construiu sua companhia à imagem e à semelhança da empresa americana. A mimetização de Jun chega a detalhes pessoais, como o uso de jeans e camisas pretas, que eram o uniforme preferido de Jobs. Os lançamentos de produtos são shows nos quais o empresário é a estrela, assim como seu ídolo. Idem para seu estilo de gestão, parecido com o da empresa da maçã e para os celulares, que seguem uma linha de design inspirados na companhia de Cupertino.

Por essa razão, a Xiaomi ficou conhecida como Apple chinesa e Jung o Steve Jobs oriental. Em apenas cinco anos, a Xiaomi (que quer dizer “arroz pequeno”) deixou de ser uma aspirante para se transformar na sensação do concorrido mercado de smartphones. Em 2013, ela era a 14ª fabricante em termos globais. No ano passado, assumiu a quinta posição. Na China, ela desbancou a Samsung e ficou em segundo lugar no primeiro trimestre deste ano, atrás apenas da Apple. O sucesso a levou a ser escolhida como a segunda empresa mais inovadora do planeta pela renomada revista MIT Technology Review, suplantada apenas pela fabricante americana de carros elétricos Tesla, do empresário Elon Musk.

Mais: é avaliada em US$ 45 bilhões, o que faz dela a startup mais valiosa do mundo, segundo ranking do jornal econômico The Wall Street Journal, dos Estados Unidos. Esse fenômeno que está mudando o mercado de smartphones está desembarcando no mercado brasileiro em 30 de junho. DINHEIRO apurou os bastidores da chegada da Xiaomi ao Brasil. A empresa homologou dois aparelhos na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Um deles é o Redmi Note 4G, um celular Android de tela grande. O outro, provavelmente, será o Redmi 2. Eles serão produzidos pela Foxconn, a mesma empresa de outsourcing responsável pelo iPhone, que conta com fábricas em Jundiaí e Indaiatuba, ambas no interior de São Paulo, e Manaus.

A Xiaomi venderá os seus dois smarphones exclusivamente pelo seu site, seguindo uma estratégia internacional. Na semana passada, uma página do site de comércio eletrônico Submarino vazou na internet, indicando que o Redmi 2 seria vendido por R$ 354,27. Depois do incidente, a Xiaomi usou sua página na rede social Facebook para reforçar que as vendas serão exclusivamente por seu site. “A Xiaomi é uma empresa muito inteligente, arrojada, diferente no seu modelo de negócio e seus produtos”, afirma Rafael Steinhauser, diretor da fabricante de chips Qualcomm, na América Latina.

“Ela certamente trará dinamismo ao mercado brasileiro.” Os smartphones da Xiaomi combinam design, desempenho e preço. Os aparelhos apresentam características técnicas premium, vendidos por um valor mais baixo do que os dos rivais, em especial a Apple e a Samsung. Foi com essa abordagem que a Motorola ressurgiu com força no mercado brasileiro, em 2014, com seu Moto G, saindo praticamente do ostracismo para o quarto lugar em vendas no País, à frente da própria Apple. O modelo de distribuição escolhido pela Xiaomi, no entanto, ainda está em fase de crescimento no País.

“No Brasil, a maior parte das vendas acontece por intermédio das operadoras, ou via grandes nomes do varejo”, afirma Marcelo Perin, diretor de vendas da coreana LG. Com faturamento de US$ 12 bilhões em 2014, a Xiaomi só agora começou a se internacionalizar. A missão é do brasileiro Hugo Barra, que trocou uma posição de prestígio no Google, em meados de 2013, para assumir a expansão global da companhia diretamente de Pequim, onde fica o QG da Xiaomi. A companhia já vende produtos na Malásia, Cingapura e Índia.

O Brasil será o primeiro país fora da Ásia a receber seus produtos. Resta saber se repetirá o sucesso que alcançou na Índia. Por lá, a marca vendeu 40 mil unidades de aparelhos, nos primeiros 15 segundos, em abril. O desembarque indiano foi em um evento com grande público, que lembrava encontros com fãs da Apple. No Brasil, a empresa quer replicar a fórmula. Em sua página do Facebook, a Xiaomi sorteou centenas de ingressos para que fãs compareçam ao lançamento. Cabe ao brasileiro Barra, agora, animar os “Xiaomaníacos”. Procurada, a Xiaomi não deu entrevista para essa reportagem.

IstoÉ