CIÊNCIA & TECNOLOGIA

PCs não vão substituir professores, diz defensor de games na educação.

Guy Vardi, da startup Matific, falou sobre tecnologia e ensino na Campus.

Em 29/01/2016 Referência JCC

Existe um problema que não estamos resolvendo quando empregamos as palavras tecnologia e educação na mesma frase. Para Guy Vardi, defensor do uso de games no ensino e palestrante da Campus Party 2016 nesta quinta-feira (28), a tecnologia deve ser usada dentro das escolas para promover novas formas de pensar, e não apenas um meio moderno para levar conhecimento, seja ele no PC, tablet ou smartphone.

"Conhecimento não é uma mercadoria e aprender não é um processo de transmitir e receber. Aprender é um processo ativo", diz.

Co-fundador da Matific, startup que trabalha em jogos e atividades de matemática para alunos e professores, Vardi acredita que os games são a forma ideal de aprimorar esse aprendizado. Primeiro pelo fator lúdico – "Aprender jogando é a melhor forma de aprender" – segundo pela naturalização do fracasso, fator que ele considera crucial no ensino.

"O maior medo dos adolescentes dos Estados Unidos é não ter boas notas na escola. Mas fracassar é muito importante no aprendizado. Quando nós jogamos games, nós erramos por natureza. Se não erramos, não tem graça", afirma.

"As escolas usam notas para dizer que eu sou melhor que fulano, que ciclano é melhor do que eu. Não tem nada a ver com melhorar e se aprimorar. As notas têm que ser um subproduto do processo de aprendizagem, não o produto final".

Jogando e aprendendo
Vardi mostrou vários exemplos de games sendo usados com sucesso na educação. Em um deles, o jogador deve levar um macaco até várias bananas espalhadas pelo cenário. Mas para o animal se movimentar, o estudante precisa digitar comandos, o que acaba sendo uma divertida introdução à programação.

Em outro, musical, o game pega emprestado algumas mecânicas de "Guitar Hero" e "Rock Band" para ensinar a tocar piano. Num terceiro, os jogadores precisam conectar os órgãos do corpo humano. Sem aquela pressão de estragar o corpo do sapo de laboratório na sala de aula e tirar um belo de um zero.

Essa aplicação tecnológica nas escolas, somada à redução da importância das notas, seria a base do que Vardi chama mde vários ciclos de aprimoramento, ao contrário de apenas um. "O foco se muda do resultado para o processo".

Por isso, as máquinas ainda estão longe de assumir o lugar dos humanos, no que seria uma concretização maléfica das profecias do filme "Matrix". "Os computadores não vão substituir os professores. Nada substitui o contato social. E o professor tem um papel crítico em auxiliar e acompanhar os alunos".

Fonte: G1