MEIO AMBIENTE

Pesquisadores brasileiros atestam que tartaruga viajou mais de 5.193 km.

Animal foi encontrado na ilha de Bermuda, no Caribe

Em 11/08/2015 Referência JCC

Pesquisadores do Projeto Tamar identificaram que uma tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) resgatada com marcas do Brasil viajou 5.193 quilômetros durante sua rota de imigração. Essa é a maior distância já registrada dessa espécie. Ela foi encontrada na ilha de Bermuda, no Caribe, e a marcação foi feita pelo Bermuda Aquarium Museum and Zoo após ter ingerido um anzol de pesca.

O rastreamento da numeração indicou que a tartaruga foi marcada no Atol das Rocas em janeiro de 2006, medindo 40 cm de casco na época. Ainda foi recapturada no Atol mais duas vezes em 2008, e na última vez já media 56 cm de casco. Três outras tartarugas-de-pente marcadas no País, duas em Noronha e uma no Atol das Rocas, já foram recapturadas na África (Guiné Equatorial, Gabão e Senegal), e a maior distância percorrida por elas até então era de 4.670 quilômetros.

Após o tratamento, totalmente livre do anzol e recuperada, a tartaruga foi liberada em julho de 2015, e foi remarcada com grampos marcadores dos EUA. Na ocasião, a tartaruga mediu 68 cm de comprimento de casco, o que indica que ainda é um animal imaturo. As menores fêmeas desovando naquela região (a área de desova mais próxima de Bermuda para esta espécie é no Panamá) medem no mínimo 74 cm de comprimento de casco. No Brasil, os animais são maiores, sendo as menores fêmeas vistas desovando a partir dos 80 cm.

Até a década de 80, diferentemente das outras espécies de tartarugas marinhas, acreditava-se que as tartarugas-de-pente eram não migratórias. Diversos estudos têm sido desenvolvidos no mundo, incluindo novos programas de marcação e métodos sofisticados de monitoramento e conhecimento, como genética e telemetria de satélite. Esta combinação de ferramentas tem levado ao reconhecimento de que as tartarugas-de-pente podem migrar longas distâncias, explica a coordenadora de conservação e pesquisa do Projeto Tamar, Neca Marcovaldi.

Para animais que se dispersam de uma forma tão vasta, o uso de métodos que permitem sua detecção em áreas tão extensas é essencial. Os marcadores de metal são ideais, portanto, pois se destacam e qualquer pessoa pode reconhecer um animal marcado e avisar aos pesquisadores. Mesmo com o emprego de outros métodos mais sofisticados, como chips subcutâneos, o uso dos marcadores de metal é ainda muito indicado, pois permite a detecção do animal sem necessitar conhecimentos específicos.

Fonte: Projeto Tamar.