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Polícia de Hong Kong justifica ação contra manifestantes.

Os confrontos desta noite em Admiralty, são apontados como os mais graves registados desde 28 de setembro.

Em 01/12/2014 Referência JCC

A polícia de Hong Kong disse hoje que “não teve outra hipótese” senão usar gás pimenta e cassetetes contra os manifestantes que tentaram invadir departamentos governamentais na noite de domingo (30), numa das mais violentas ações desde o início dos protestos pró-democracia.

"Numa situação em que não teve alternativa, a polícia usou o mínimo de força, lançando água, gás pimenta (...) e [recorreu ao uso de] cassetetes", disse o superintendente Fred Tsui Wai-hung.

Os confrontos desta noite em Admiralty, junto à sede do governo, são apontados como os mais graves registados desde 28 de setembro no local, epicentro dos protestos pró-democracia.

Ao fim de dois meses de protestos, as tensões aumentaram depois que a polícia tentou conter manifestantes que se dirigiram à principal estrada nas imediações do complexo governamental gritando palavras de ordem como “Cerquem a sede. Paralisem o governo".

Centenas de manifestantes equipados com capacetes - a maioria de plástico amarelo - e guardas-chuvas invadiram a rua que dá acesso aos escritórios do gabinete do chefe do Executivo, Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung.

Mais de 40 pessoas foram detidas e 11 agentes ficaram feridos durante a noite, anunciou a polícia. Um número indeterminado de manifestantes ficou ferido nos confrontos em Admiralty.

A situação continuava instável na manhã de hoje, com novos focos de confronto entre polícia e manifestantes junto de um centro comercial na zona de Admiralty, pelas 09:00 (01:00 em Lisboa). Uma pessoa foi retirada numa maca, de acordo com um jornalista da AFP.

Policiais contém manifestantes pro-democracia em Lung Wo Road, onde fica parte do Governo Central, em Hong Kong

Policiais contém manifestantes pro-democracia em Lung Wo Road, onde fica parte do Governo Central, em Hong KongJerome Favre/EPA/Agência Lusa

As estradas foram abertas ao tráfego, mas os edifícios governamentais mantidos de portas fechadas. O Conselho Legislativo suspendeu os trabalhos.

“Eu estou zangado, mas não há nada que se possa fazer”, disse o jovem Justin Yan, de 22 anos. "É dever deles protegerem os cidadãos, não ferir-nos. Nós vimos o que eles fizeram, não confiamos mais neles”, acrescentou.

A 28 de setembro, o movimento pró-democracia levou milhares de pessoas à rua em Hong Kong, depois de a polícia ter agido contra os estudantes com bastões e gases de pimenta e lacrimogéneo.

Desde então, o número de pessoas nas ruas diminuiu significativamente, mas os manifestantes mantêm ocupados dois locais de protesto: Admiralty, junto ao complexo governamental de Tamar, e outro de menor dimensão no distrito comercial de Causeway Bay.

Na semana passada, as autoridades evacuaram um terceiro acampamento, no bairro densamente povoado de Mong Kok. Cerca de 150 pessoas foram detidas, incluindo os líderes estudantis Lester Shum (Federação dos Estudantes) e Joshua Wong (Scholarism).

Manifestantes temem que a polícia tente agora desocupar Admiralty, onde centenas de tendas bloqueiam uma autoestrada com várias faixas no centro do distrito financeiro da antiga colônia britânica.

O secretário para a segurança, Lai Tung-kwok, disse que não iria revelar “prematuramente” as ações do governo para aquela área. Ele acusou os manifestantes de “sistematicamente” forçarem o cordão policial nas imediações dos escritórios do governo. “As suas ações vão contra o princípio da paz e não-violência”, acrescentou.

Esta é a maior crise política desde a transferência de soberania da antiga colônia britânica para a China, em 1997.

Manifestantes ocupam algumas das principais artérias de Hong Kong desde o final de setembro, reivindicando o pleno sufrágio universal na região semiautônoma chinesa nas eleições para o chefe do Executivo, em 2017.

O governo central chinês insiste que os candidatos às eleições de 2017 devem ser pré-selecionados por um comité, condição rejeitada pelos manifestantes sob o argumento de que isso irá garantir a eleição de um ‘fantoche’ pró-Pequim.

Por Agência Lusa