CIDADE

Praça do Papa em Vitória tem drogas, pichação e vandalismo.

Monumento da Cruz do Papa sofre vandalismo e vira ponto para usuários de drogas.

Em 05/05/2017 Referência JCC / Raquel Lopes

Um dos principais monumentos de Vitória e cartão postal do Espírito Santo, a Cruz do Papa, na Enseada do Suá, virou ponto de pichação e de uso de drogas. O local recebeu esse nome porque, no dia 19 de outubro de 1991, o Papa João Paulo II celebrou ali uma missa durante visita ao estado.

Ao circular pela base de sustentação do monumento, é possível ver diversos rabiscos e frases, que ganham espaço e chamam a atenção de quem passa pelo local.

Mas o problema também está ao lado da Cruz, no Memorial da Paz. O aspecto é de total abandono e com forte mau cheiro. O local virou ponto de drogas e abriga muita sujeira por todo o lado.

Para que os usuários de drogas pudessem usufruir do ponto, um buraco foi feito na parede e dentro do local há muitas fezes e latas queimadas por todos os pontos.

A reportagem flagrou, na tarde desta quinta-feira (4), um usuário de drogas saindo de dentro do um buraco. Desorientado, ele não reagiu em nenhum momento aos flashes feitos pelo fotógrafo.

Sujeira

Do lado de fora do memorial, ao lado do importante símbolo capixaba, havia lixo por toda a parte, como caixas de papelão, marmitex, pedaços de panos, latas, garrafas e até preservativos usados.

A impressão é que não é feita limpeza há tempos no local, já que muitos galhos e folhas secas estão por toda a parte.

Outro problema que também chama a atenção do Memorial da Paz é a água parada. Por causa disso, é possível ver diversas larvas de mosquito. Isso acontece em pelo menos três pontos do monumento.

Comunidade

O presidente da Associação de moradores, empresários e investidores da Enseada do Suá, Eduardo Borges, disse que já pediu que a prefeitura tomasse algumas medidas para melhorar a segurança no bairro e na praça.

Eles querem que um posto da Guarda Municipal seja instalado no bairro, que também serviria para vigiar os problemas que ocorrem inclusive na Praça do Papa.

“Para qualquer coisa que ocorresse teríamos uma resposta eficaz, também queríamos que eles instalassem mais câmeras. Usuários de drogas em qualquer lugar trazem desconforto e pichação é um absurdo pois o local fica com aspecto de abandono”, comentou.

Outro lado

“O Memorial da Paz recebe limpeza periódica e foi aprovado pelo Conselho de Cultura o restauro do mosaico de granito e a pintura do local e da Cruz do Papa, que ficarão prontas em 60 dias. Nós estamos fazendo parceria com o Instituto Baleia Jubarte, que irá assumir o memorial da Paz para estudar e monitorar baleias jubartes. Mas vamos manter a parte de exposição, no qual teremos apenas a responsabilidade de fazer a seleção de exposições. Com a ocupação, tudo isso, como o uso de drogas, passe a não acontecer. Em relação a água parada, temos uma bomba funcionando regulamente que suga a água.”

Leonardo Krohling, secretário de Turismo, Trabalho e Renda

Vandalismo custa mais de R$ 1,6 milhão por ano

A depredação e o abandono dos monumentos públicos vêm chamando a atenção na paisagem urbana em toda a Grande Vitória. Por isso, as prefeituras de Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra juntas gastam mais de R$ 1,6 milhão com reparos de vandalismo .

Somente a Prefeitura da Serra gasta R$ 1,2 milhão por ano com reparos. As 159 câmeras da prefeitura captaram 11 flagrantes de imagens de casos como pichações, pessoas urinando em via pública, destruição de bancos de praças e descarte irregular de entulho.

Na capital, além de problemas na Praça do Papa, no Centro, também há sinais de depredação, como no monumento ao Papa Pio XII. O dedo da estátua está quebrado, há muitas pichações e não tem placa de identificação.

Segundo o presidente da Associação dos Moradores do Centro de Vitória, Everton Martins, diversos monumentos estão na mesma situação.

“Pedimos manutenção porque são pontos turísticos que as pessoas param para admirar e conhecer, o poder público precisa ter uma fiscalização maior do patrimônio”, disse.

Mesmo diante da situação, a Prefeitura de Vitória informou que 160 câmeras de videomonitoramento ajudam a fiscalizar a cidade e outras 120 câmeras fixas serão instaladas nas regiões que possuem parquímetro.

Por ano o prejuízo com vandalismo e pichação, de forma geral, é de R$ 180 mil a R$ 200 mil, segundo a administração.

Vila Velha

Já o município de Vila Velha conta com 197 câmeras de videomonitoramento, gastando por ano, em média, R$ 120 mil com manutenção devido ao vandalismo.

O coordenador da Central de Videomonitoramento da prefeitura, Fábio Barcellos, afirma que desde janeiro já ocorreram diversas situações de depredação do patrimônio público. Em uma delas, duas pessoas foram presas em março e tiveram que pagar fiança.

“A Central de Videomonitoramento é integrada ao Ciodes e a Guarda Municipal, sendo possível um trabalho em conjunto e a resposta acaba sendo mais rápida”, apontou.

Em Cariacica, são 11 câmeras. Neste ano já foram contabilizadas 25 ocorrências e o prejuízo anual é de R$ 100 mil com reparos e manutenção em espaços públicos. A maior parte ocorreu no mês de fevereiro.

“O número atípico se deve à greve da PM. Foram várias manifestações de depredação e vandalismo, especialmente em Campo Grande, envolvendo furtos”, diz a nota enviada pela prefeitura.