MOTOR

Primeiras impressões do Renault Logan 1.6 2017.

Sedã ganhou novo motor, 12 cv mais potente e até 21% mais econômico.

Em 03/02/2017 Referência JCC

Não adianta procurar as novidades do Renault Logan 1.6 2017 na carroceria ou no interior. Não há qualquer indício visual das mudanças que o sedã recebeu no fim do ano passado. Quer perceber o que há de novo? Abra o capô ou então dê a partida no modelo. O "coração" do Logan é novo.

No lugar do antigo motor 1.6 de 8 válvulas Hi-Power, entra o 1.6 16 válvulas batizado de SCe, ou Smart Control Efficiency (controle inteligente da eficiência, traduzido do inglês).

Não se trata de um propulsor inédito: ele tem como base o 1.6 que a Nissan utiliza no March, Versa e Kicks, só que com uma série de melhorias, como em potência e torque.

São 118 cavalos e 16 kgfm, contra 111 cv e 15,1 kgfm no Versa. Na comparação com o antigo 1.6 Hi-Power, a vantagem também é boa: 12 cv e 0,5 kgfm de torque a mais.

Melhorias
De acordo com a marca francesa, 20 componentes do motor tiveram desenvolvimento próprio – entre eles eixos de comando, velas de ignição e coletores de admissão e escape.

Por falar em admissão, o 1.6 tem duplo comando variável de válvulas (que proporciona melhorias no desempenho e economia de combustível). Ele também possui anéis de pistão com revestimento mais resistente – e de menor atrito.

Tudo isso para fazer com que, além de andar mais, o Logan consuma menos combustível. Como cada gota conta, a Renault também aderiu ao sistema "start-stop", que, de acordo com a própria marca, pouca 5% no consumo.

Ele atua sempre que o carro para, por exemplo, em semáforos, desligando o motor. A ignição é acionada novamente quando o motorista pressiona o pedal da embreagem para engatar a primeira marcha.

A direção – antes hidráulica, adotou um sistema eletro-hidráulico. Na prática, o nível de assistência é semelhante, mas quem faz o trabalho de acionar a bomba da direção é uma motor elétrico, e não mais o próprio motor do veículo. Isso proporciona outros 3% de economia.

Parece pouco, mas, no geral, o Logan está até 21% mais econômico. Lição de casa feita, ganhou nota A do Inmetro, registrando, com etanol, uma média de 8,8 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada, segundo o instituto. Com gasolina, as médias são 13 km/l e 13,8 km/l, respectivamente.

Anda bem?
É natural imaginar que o novo motor dê ao Logan desempenho melhor. A aceleração de 0 a 100 km/h baixou da casa dos 10 segundos, diz a fábrica. O número é cerca de 3 segundos melhor do que com o 1.6 anterior.

Mas, como a rotina do sedã não vai ser de provas de arrancada, o que vale mesmo é o uso cotidiano do Renault. Neste aspecto, há uma grande percepção de avanço. A primeira boa impressão pode ser notada após a partida. Os níveis de vibração e ruído com o motor SCe são bem menores do que os do antigo Hi-Power.

Mesmo em rotações mais elevadas, o 1.6 16V roda de forma mais suave do que seu antecessor. O desempenho também é mais linear, ainda que a potência só seja entregue totalmente a 5.500 rotações por minuto e o torque, a 4 mil rpm.

O acerto da Renault privilegiou o uso na cidade, mas o Logan não faz feio na estrada. As retomadas estão mais ágeis, proporcionando mais segurança em ultrapassagens. Porém, apesar da troca da antiquada vareta por um sistema de cabos no câmbio, a transmissão continua com alguns engates imprecisos.

Há o que melhorar
As grandes mudanças no conjunto mecânico não vieram acompanhadas de qualquer outra alteração estética ou de equipamentos. Considerando que a última “plástica” do Logan data do final de 2013, o sedã começa a sentir o peso dos anos – principalmente porque seus principais rivais sofreram atualizações depois disso.

Enquanto o visual externo permanece atual, a cabine destoa, com acabamento pobre, comparado com Chevrolet Prisma, Hyundai HB20S e até Toyota Etios, que nunca foi referência no assunto.

A ergonomia peca, com alguns comandos mal posicionados. É o caso do controle de velocidade do cruzeiro, que tem o acionamento no console central, e de todos os demais comandos no volante.

Quanto custa?
A versão avaliada pelo G1 foi a Dynamique, que custa R$ 56,4 mil. Ela conta com ar-condicionado, direção eletro-hidráulica, vidros, travas e retrovisores elétricos, controle de velocidade de cruzeiro, rádio com entrada USB e Bluetooth, "start-stop" e rodas de 15 polegadas.

Fora isso, há um pacote de opcionais que custa R$ 1,7 mil e adiciona ar-condicionado digital, central multimídia e sensor de ré, elevando a conta para R$ 58,1 mil.

Um ponto negativo é que as revisões do Logan com o novo motor 1.6 ficaram 11,9% mais caras. Os seis primeiros serviços, até 60 mil km, agora totalizam R$ 3.425, ante R$ 3.062 do modelo equipado com o motor que não é mais oferecido.

Os rivais
Em 2016, o segmento de sedãs pequenos foi polarizado por Chevrolet Prisma e Hyundai HB20S. Mesmo com as mudanças, dificilmente o Logan conseguirá entrar nessa briga em 2017.

A missão possível para o Renault ascender no grande pelotão intermediário, ocupado por Fiat Grand Siena, Toyota Etios, Ford Ka+, Volkswagen Voyage e Nissan Versa.

Neste “balaio”, a escolha do consumidor pode ser pautada pelo gosto pessoal, por um estilo mais moderno ou pela necessidade de acomodar mais gente ou mais bagagem.

O Logan continua oferecendo espaço de sedã médio, seu maior "cartão de visitas". O entre-eixos de 2,64 metros está entre os melhores da categoria, assim como o porta-malas de 510 litros.

Se a questão primordial for o preço, o Renault fica na média. Considerando o pacote de opcionais, seus R$ 58,1 mil ficam abaixo dos R$ 61.490 do Versa SL e dos R$ 59.362 do Voyage Comfortline, com nível semelhante de equipamentos.

Por outro lado, o Logan sai mais caro do que o Ka+ SEL de R$ 56.990 e do Etios Sedan XS, que custa R$ 53.250. Este último, no entanto, perde na oferta de itens de série.

O mais próximo na etiqueta de preços é o Grand Siena Essence com opcionais, vendido por R$ 58.249.

No pelotão dos líderes, o Prisma LTZ sai por R$ 59.990, e o HB20S Comfort Plus BlueMedia, por R$ 59.315.

Conclusão
A evolução do Logan nos últimos anos teve como foco melhorar a imagem do sedã, que era considerado um “patinho feio”. Depois da plástica que deu cara nova ao modelo, chegou a vez de melhorias na parte mecânica.

Ainda há espaço para novas evoluções, mas a Renault acertou em cheio na adoção de um propulsor mais moderno.

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