POLÍTICA CAPIXABA

Produtora de aço é ouvida por CPI do Pó Preto, no ES.

ArcelorMittal Brasil foi a primeira a dar explicações para a comissão.

Em 09/04/2015 Referência JCC

Representantes da produtora de aço ArcelorMittal Brasil foram ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto, nesta quarta-feira (8), na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Segundo eles, a empresa é responsável apenas por 5% do pó preto que cai na Grande Vitória e que vai investir U$ 100 milhões em medidas para reduzir esse índice nos próximos três anos. A CPI vai ouvir outras empresas do estado nos próximos dias.

A comissão investiga, especificamente, a emissão do chamado 'pó preto', que chega a muitas residências da região Metropolitana de Vitória e incomoda a população. A CPI também tem o trabalho de identificar os responsáveis pela poluição e propor medidas para resolver o problema.

A ArcelorMittal Brasil foi a primeira a ser ouvida pela comissão. Durante duas horas e meia, o presidente da empresa, Benjamim Batista Filho; o gerente geral no Brasil, Guilherme Abreu; e o diretor de meio ambiente, João Bosco da Silva, deram explicações sobre a emissão de pó preto. Eles também responderam perguntas dos membros da CPI, que são deputados estaduais.

"Todas as nossas emissões, todos os nossos sistemas de produção, estão devidamente enquadrados naquilo que é exigido pela legislação", garantiu o gerente geral Guilherme Abreu.

O presidente Benjamin Batista Filho também garantiu que a poluição gerada pela empresa é muito pouca. "Toda a poeira sedimentada, essa que cai na Grande Vitória, é gerada por um processo de manuseio de matéria-prima. A nossa participação nisso, na Grande Vitória, é muito pequena. O que nós temos são sistemas de controle, como sistema de aspersão de água, sistema de colocar polímero, o cinturão verde, que vão garantir que a nossa participação nessa poeira que cai é muito pouca", disse.

O deputado Dary Pagung (PRP), relator da comissão, disse que todos os depoimentos vão para um relatório e as situações estão sendo investigadas. "Nós precisamos ver resultado. A população precisa olhar na sua casa e ver que seu filho não está mais doente. Então nós precisamos que as empresas responsáveis pelo pó preto tragam resultados. Isso nós vamos colocar no nosso relatório final da CPI", falou.

Protestos da população
A grande quantidade de pó preto no ar da Grande Vitória foi motivo de protestos, este ano, na Praia de Camburi, em Vitória. Moradores recolheram o pó de dentro de casa e levaram para o calçadão. Em Vila Velha, moradores de Araças e da Praia da Costa também reclamam da sujeira e de doenças provocadas pelo pó que vem das mineradoras.

O membro da ONG Justos SOS Ambiental, Eraylton Moreschi, acompanhou a sessão nesta quarta e se mostrou indignado. "Todo cidadão ou morador da Grande Vitória é insatisfeito com o pó preto que chega nas residências. Mas pela apresentação que a empresa faz, parece que nós vivemos no primeiro mundo, em uma maravilha de condição ambiental, que ninguém fica doente e que ninguém sofre com a poluição", reclamou.

Próximos depoimentos
Os próximos depoimentos da CPI já estão marcados. No dia 15 de abril, a comissão vai ouvir representantes da Vale e no dia 22, da mineradora Samarco. Os parlamentares têm até o fim do mês de maio para concluir os trabalhos.

Até completar um mês, no dia 23 de março, a comissão ainda não tinha ouvido as empresas. As primeiras pessoas a serem ouvidas pelos deputados foram especialistas, médicos e professores de universidades.

Fonte: G1-Espírito Santo